O
presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, apesar de ainda ter cabelos, está
careca de saber que o financiamento privado é o maior responsável, dentre os
inúmeros responsáveis, pela corrupção comum e institucionalizada, a ter os
empresários e suas empresas como os agentes principais dessa promiscuidade, que
acarreta escândalos, serve de holofotes e manchetes para a velha imprensa
vender seus produtos, bem como põe para baixo a autoestima do povo brasileiro.
Os
deputados do “baixo clero” são a maioria. Conservadores, patrimonialistas,
aliados de Eduardo Cunha e contrários a mudanças, como a de se estabelecer o
financiamento público como única prática de financiamento para as eleições.
Eles querem o financiamento privado, o desejo de as eleições serem também
bancadas pelo empresariado e não somente pelo setor público, ou seja, por todos
os brasileiros que pagam impostos. Eleições fiscalizadas pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), além dos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE).
O
Brasil, o seu povo e principalmente os deputados perderam uma rara oportunidade
de se livrar dos cabrestos e currais eleitorais que vicejam no interior e
também nas capitais do País, principalmente nos bairros das periferias, nas
comunidades pobres e nos morros de favelas. Uma oportunidade ímpar de limpar a
política brasileira, em uma assepsia que, se não fosse total, cooperaria muito
para que grande parte da corrupção que causa prejuízos morais, financeiros e
econômicos ao País fosse realmente combatida e debelada.
Contudo,
a vida é como ele é..., já dizia Nelson Rodrigues, bem como a maioria dos
políticos que aprovou o financiamento privado de campanhas eleitorais não bate
prego em estopa. Eles não tem compromisso com o País, mas, sim, com as
corporações privadas donas do establishment. São políticos medíocres, que se
recusam a pensar o Brasil, porque o que importa a esses parlamentares é
defender e preservar seus projetos pessoais, seus grupos políticos e
econômicos, pois que se dane o resto, ou seja, a sociedade.
Inacreditável,
a Câmara dos Deputados estar nas mãos de um político do calibre de Eduardo
Cunha, homem reconhecidamente vinculado aos interesses das grandes corporações
midiáticas privadas e de setores empresariais que não querem, de forma alguma,
que aconteçam mudanças no País. Amarraram o Brasil, como se ele fosse gado a
ser derrubado e manietado, como ocorre nos rodeios, e deixaram o povo
brasileiro a ver navios.
Combateram
qualquer possibilidade de plebiscito ou referendo para que a Nação decidisse
sobre a reforma política. Porta-vozes da oposição na imprensa de mercado,
setores atrasados do Judiciário e membros de partidos conservadores desde o
início se mostraram contrários à possibilidade de o povo decidir seu destino e
futuro. Disseminaram afirmativas ridículas, matreiras e mentirosas para
escamotear a verdade e dizer que plebiscito ou referendo seria a
“venezuelização” do sistema político, que faria o Brasil se tornar bolivariano.
Uma
trapaça de gente mequetrefe, desajuizada e que deseja manter as coisas como estão,
ou seja, o status quo — a ferro e fogo. Fizeram uma reforma política com a cara
da direita golpista, racista, sectária e violenta. A reforma dos bem-nascidos e
nutridos, dos que podem e sempre puderam mais.
A
reforma é intencionalmente contra a reeleição de Lula e a oficialização, pura e
simples, de que os empresários podem e devem comprar os partidos e os
políticos. Direito de compra reconhecido em firma, aos moldes cartoriais, por
intermédio do Congresso, a Casa das Leis, que ora se torna uma casa de negócios
privados, porque simplesmente comercial. O Legislativo é a ex-casa do povo,
pois se transformou, definitivamente, na casa do empresariado e dos trustes
nacionais e internacionais.
Deram
fim à reeleição, porque sabem que 2018 haverá eleição presidencial, e ficar
mais quatro anos sem controlar o Governo Federal seria para a direita como se
estivesse no purgatório, prestes a entrar no inferno. Se Lula vencer, o PT vai
completar 20 anos no poder. Com a reeleição, seriam 24 anos. E o PT ainda tem
força para isso, apesar do céu cinzento, principalmente após os protestos, a
partir de junho de 2013, nitidamente desprovidos de pautas de reivindicações,
mas, sobretudo, a norteá-los a sabotagem à Copa de 2014 e a queda de Dilma
Rousseff. Quem não se lembra do bordão dos coxinhas paneleiros, nas ruas e
redes sociais? “Não vai ter Copa!”
Como
o candidato petista pode ser o Lula, certamente que haverá chance de o
ex-presidente vencer, apesar do processo desditoso e terrível de
desqualificação, criminalização e desconstrução do PT, dos governos Lula e
Dilma e dos avanços sociais e econômicos efetivados pelos governos
trabalhistas, a ter como mote principal da direita brasileira o não
reconhecimento sistemático dessas conquistas por parte do povo brasileiro.
Esse
processo dantesco de desconstrução e criminalização de partidos trabalhistas e
de seus líderes é sintomático quando a direita não se conforma de ficar sem
controlar o poder por algum tempo, como ocorreu no período Getúlio Vargas, bem
como não permitiu que seu herdeiro político, João Goulart, não governasse ao
perceber que seu projeto de governo era nacionalista, desenvolvimentista e
distributivista, ou seja, visava a independência e a autonomia do Brasil, além
de prever a emancipação do povo brasileiro. E emancipação se faz com educação,
moradia, emprego, renda e acesso ao mercado de consumo. Do contrário, os
grilhões das correntes mantém o povo no cativeiro, a lembrar, recorrentemente,
a escravidão.
A
reforma política do senhor Eduardo Cunha é uma reforma às avessas, o retrocesso
político em toda sua essência e o atraso social em toda sua plenitude. De
caráter centralizador e cartorial, tal reforma não é reforma, porque se trata
de uma contrarreforma aos avanços defendidos por setores progressistas da
sociedade brasileira, bem como apoiada por órgãos e entidades, instituições
públicas e privadas, que consideraram a proibição ao financiamento privado das
campanhas eleitorais um avanço, no que concerne ao combate à corrupção, que é
epidêmica no Brasil e em muitos países, inclusive muitos deles desenvolvidos.
Vale
ressaltar ainda a parceria entre Eduardo Cunha e o condestável juiz do Supremo
Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes —, a herança maldita do ex-presidente
tucano, Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I. O magistrado, partidário da
oposição e ideologicamente de direita, segurou a votação sobre itens da
reforma política ao pedir vista do processo, que ficou engavetado há mais de um
ano por vontade de tal juiz, que há muito tempo faz oposição política aos
governos trabalhistas de Lula e de Dilma, bem como, sem sombra de dúvida,
tornou-se a âncora da oposição e das mídias privadas quando elas precisam de
aliados de seus interesses no Judiciário.
O placar da votação era de 6 a 1.
Gilmar ao perceber a derrota, congelou o processo e esperou Eduardo Cunha
assumir a Presidência da Câmara, porque, além de aliado, estava a defender
causas como o fim da reeleição, a efetivação do distritão e da permissão de
empresários continuarem a financiar as campanhas eleitorais.
São estes os três pontos
principais, de vários que foram votados. Este juiz é realmente a herança
maldita que o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —
deixou para o Brasil, além das tentativas frustradas e ridículas de aprovar um
impeachment contra uma mandatária que venceu as eleições de forma limpa e
democrática, sem incorrer em crimes de responsabilidade.
Nunca vi os senhores Eduardo
Cunha e Gilmar Mendes agirem ou procederem a favor dos interesses republicanos,
da independência do Brasil e da emancipação de seu povo. Realmente, nunca os vi
nos papéis de porta-vozes de causas justas. Deve ser a vocação, nata, para
pensar como fazer o mal, e, consequentemente, pavimentar a estrada do atraso e
do retrocesso. Tem gente que nasce assim, e que, no decorrer do tempo, aumenta
o tamanho de seu baú de malvadezas, bem como se torna mestre em manusear as
ferramentas políticas e jurídicas que assegurem, indefinidamente, o status quo
à Casa Grande.
Então, vejamos: quais são os
motivos de os empregados jornalistas dos magnatas bilionários de imprensa
defender o financiamento privado de campanhas eleitorais, se eles mesmos
veiculam, irradiam e publicam matérias jornalísticas, que comprovam ser o
financiamento empresarial e, portanto, privado, o maior responsável pela
corrupção nos setores públicos?
E por que um juiz, com a
experiência de Gilmar Mendes, resolve fazer um ato de desrespeito aos
interesses da sociedade organizada, que deixou claro e evidente que é contra o
financiamento privado de campanhas eleitorais? Afinal, o magistrado pediu
vistas do processo e nunca mais o devolveu, pois, sobretudo, seu comportamento
foi uma ação política.
Quanto ao deputado Eduardo Cunha,
compreende-se seus atos, apesar de não se aprovar sua conduta perante a reforma
política. Cunha sempre foi parceiro dos interesses de empreiteiros e dos barões
de imprensa, porque, antes de tudo, sempre foi ligado ao grande empresariado,
desde quando entrou na política, na década de 1990.
Mesmo a demonstrar força, Cunha
perdeu votações da reforma, a exemplo do distritão, da transformação de
eleições para deputados e vereadores em majoritárias, das listas fechadas e
pré-ordenadas, além de o voto distrital misto ficar somente na intenção. Apesar
do apoio da maioria, o mandatário do Legislativo sabe que os políticos, mesmos
os seus aliados, não se prejudicariam, porque colocariam em risco as próprias
sobrevivências políticas.
O político pode fazer
composições, apoiar causas e governos, fazer oposição, abandonar e trair
acordos ou mudar de ideologia. Pode até mudar de lado e de partido. Contudo,
jamais o político vai se suicidar politicamente, ou seja, concordar com
casuísmos e sectarismos dentro dos partidos, que tem por finalidade privilegiar
os “donos” das legendas, das agremiações partidárias, com poder de mando para
determinar quem vai ser escolhido e apoiado para receber votos e ser eleito.
Esse processo antidemocrático
aconteceria, independente se, por exemplo, o “escolhido” tenha menos votos do
que o seu concorrente de legenda, a transformar assim o partido em um clube do
Bolinha. Ninguém aceita, até porque o eleitor não vai ter seu voto validado,
porque os partidos e seus donos resolveram escolher quem vai ser eleito, de
preferência se tiver o apoio e a aquiescência do grupo empresarial que o
financia. Seria quase como uma eleição de cartas marcadas.
Obviamente que essa regra não foi aceita pela maioria dos parlamentares, muitos deles de
oposição ao Governo de Dilma Rousseff e ao PT. Ser enforcado é uma coisa. Se
enforcar é outra. A autofagia não consta nos propósitos da luta política. Há
uma grande diferença. E os políticos não estão dispostos a se enforcar, ou
seja, enfraquecer-se politicamente em prol de outros, que podem tomar os seus lugares.
Eis a questão primordial.
Contudo, os parlamentares que
aprovaram a continuação do financiamento privado (causa maior da corrupção), o
fim da reeleição, sistema aprovado nos tempos do tucano FHC, que é acusado até
hoje de ter comprado os votos de parlamentares, tem realmente o objetivo de
derrotar eleitoralmente o PT, e, principalmente, o ex-presidente trabalhista
Luiz Inácio Lula da Silva. Só em pensar na volta de Lula, a direita brasileira,
uma das mais perversas do mundo, fica assombrada.
Não ter o controle das políticas
públicas, do orçamento federal e da diplomacia a cargo do Itamaraty, realmente
mexe com os sentimentos mais infames da Casa Grande. O tempo passa, e 2018 vem
aí — a galope. Vamos ver se a contrarreforma da direita partidária apoiada
pelos magnatas bilionários de imprensa e seus empregados vai ajudá-la a
derrotar o PT e seu hipotético candidato - o Lula. É isso aí.
.
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