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13/12/2012
A política é como o boxe: quem não bate, apanha
Por
Davis Sena Filho
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Um dia escrevi que se
o golpe vier, Lula tem de ir às ruas. É o título do artigo. Muitos leitores
concordaram comigo. Entretanto, outros me contestaram, e alguns resolveram
optar pelas ofensas pessoais. Até entendo, porque faz parte do processo quando
você escreve para o público e em sites
ou portais que milhares de pessoas acessam-nos diariamente e emitem suas
opiniões e defendem seus princípios políticos, de classe social, suas ideologias
e até mesmo seus preconceitos, alguns com conotações raciais ou estéticas.
Enfim, compreendo... a selvageria é inerente àqueles que querem um país para
poucos.
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Lula é boxeador competente. Ele conhece a vida. O problema é que a direita é suja — canalha. |
Contudo, o que eu não compreendo é a falta de reação do
Governo trabalhista e do PT, no sentido de serem mais assertivos no que se
trata sobre o embate político e à rápida resposta aos ataques de um sistema
midiático de direita, que se associou a homens e mulheres membros do Poder
Judiciário, que resolveram fazer política, inclusive a partidária, pois se aliaram,
e às claras, com o trinômio PSDB, DEM e PPS, partidos de essência conservadora,
derrotados nas últimas três eleições para presidente da República e que
recentemente perderam a prefeitura de São Paulo para o PT de Lula e Fernando
Haddad, que vai assumir em 2013 a cadeira de prefeito.
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A
política
é como o boxe: quem não bate, apanha. O PT, partido forjado nas fábricas
do
ABCD e também na USP para o desgosto dos quatrocentões patrimonialistas,
sempre foi uma agremiação política aguerrida e disposta a enfrentar
qualquer tipo de embate e de luta política. Hoje um amigo meu e
ex-colega de
trabalho e que vota em candidatos e partidos conservadores me enviou a
seguinte
mensagem: “Se prepara mano velho que agora é só pedrada”. Ele tem razão
quando
o PT e o Governo recuam e aceitam que a eles sejam imputadas inverdades,
leviandades cometidas por gente que se veste de Batman e que se
estivesse em um balé quereriria tomar o lugar do bailarino protagonista.
Gente que acusa integrantes do PT até de
crimes que nunca cometeram.
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A
desfaçatez é tão surreal, que quando a Polícia Federal investiga e prende servidores
públicos e políticos da base do Governo trabalhista ou do PT, suas ações são
consideradas republicanas. Todavia, quando a PF efetiva ações em que estão
envolvidos empresários, políticos da oposição, membros da PGR e do STF e
jornalistas militantes da imprensa conservadora de negócios privados, o Governo
e o PT são acusados de “aparelhar o
estado”, evidência que tem forte conotação política, porque a verdade é que a
direita está a afirmar que o Partido dos Trabalhadores atua de forma stalinista,
quando a realidade é que o PT no poder é profundamente democrático e tão
republicano que hoje tem de enfrentar juízes e promotores nomeados por ele, que
lhe fazem uma oposição desleal e que tem por finalidade desgastar e
desconstruir suas representatividades proeminentes, com o intuito de ajudar o PSDB vencer
as eleições presidenciais de 2014.
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Esse
é o modus operandi de um Judiciário e
de uma imprensa que lutam desesperadamente para manter intactos o status quo dos inquilinos da Casa
Grande. O STF judicializou a política. A PGR a criminalizou. E os barões donos
da mídia monopolizada tratam de divulgar os supostos escândalos, de forma sistemática
e que denotam todo o ódio e o desprezo que a classe rica e muita rica tem pelo
Brasil, pelo seu povo e principalmente pelos políticos trabalhistas que
conquistaram o poder por intermédio do voto e que hoje sofrem com um processo
draconiano de propósito golpista, que dia a dia, mês a mês e ano a ano tenta
desconstruir a imagem de um político respeitado e considerado pelo povo
brasileiro, bem como admirado profundamente no exterior, pois tratado como
mito político e humano decorrente de sua espetacular biografia.
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A
nossa “elite” controladora dos meios de produção é ridícula, provinciana
e intelectualmente limitada e
desonesta. Temos uma imprensa que caça o Lula e por isso o ex-mandatário
se
tornou um alvo de enorme repercussão. É a única imprensa que faz
oposição a um ex-presidente,
político que saiu do poder e por isso não tem mandato. E sabem por quê?
Porque quando ela lembra de Getúlio sente calafrios. Enquanto em outros
países a oposição combate quem está no poder, no Brasil acontece o
contrário,
porque nós temos a pior classe rica do planeta, herdeira de uma
escravidão que
teve a duração de 350 anos e que explorou de forma infame cerca de
quatro milhões de
africanos, em um tempo remoto, praticamente sem tecnologias. Os
proprietários
da Casa Grande jamais vão perdoar a Senzala, que ousou entrar nos
Palácios do Planalto e da
Alvorada, pisar em seus luxuosos tapetes e sentar na cadeira
presidencial, por intermédio de Lula.
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Tal
acontecimento foi de mais para essa gente branca, de olhos azuis, ternos
alinhados e perfumes caros, que se comporta como se fosse "superior", porque que
vive de forma abastada e farta por causa da dedicação, da determinação e do
talento do seu empregado, o trabalhador brasileiro, a quem ela pouco emprega, porque,
proporcionalmente, quem contrata no Brasil são os micro e médios empresários,
que, nos governos trabalhistas de Lula e de Dilma foram considerados e
respeitados e por isso receberam crédito por meio dos bancos de fomento, como o
Banco do Brasil, a Caixa Econômica e até mesmo o BNDES, que, para quem se
interessar saber, empresta três vezes mais do que o Banco Mundial — o Bird.
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Além
disso, Lula pagou a dívida externa, as reservas do Brasil são da ordem de R$
400 bilhões e, no decorrer de dez anos, os governantes trabalhistas fizeram o
Brasil crescer exponencialmente, os salários aumentaram de valor
e o desemprego é quase um risco nas estatísticas, ou seja, vivemos o pleno
emprego. Somente para ficar nisso, porque se não eu teria de me alongar. Esse
conjunto de conquistas e de melhorias sociais e econômicas gerou um ódio
incomensurável nas classes sociais preconceituosas, levianas e tolas, pois que
não percebem ou se negam a perceber que um Brasil robusto economicamente e
politicamente propicia desenvolvimento, distribuição de renda e de riqueza ao
conjunto da sociedade e não apenas, por exemplo, aos acionistas das empresas de
energia cujos interesses foram defendidos pelos governadores tucanos de São
Paulo, Goiás, Paraná, Minas Gerais, bem como pelo aliado do PSD de Santa
Catarina, que boicotaram o projeto do Governo trabalhista de baixar os preços
das tarifas de energia, que tem o apoio dos empresários da Fiesp e da Firjan.
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A
direita tucana é tão leviana e descompromissada que sabotou a diminuição
do preço da energia. Essa gente é tão midiática e judiciária (o STF é o
alicerce das "elites") que defende privilégios, quer um Brasil
VIP e, portanto, para poucos, exatamente aqueles que se consideram
escolhidos, quiçá, por
Deus. Afinal, eles rezam com os padres Marcelo Rossi ou Zezinho, além de
terem o apoio incondicional do Opus Dei. Se tiver dúvida, pergunte ao
José Serra e ao Estadão. É muita falta de nonsense, um
disparate. Lula é o alvo. Juízes, procuradores, barões da imprensa, jornalistas
e políticos conservadores a serviço do establishment
e por causa dessa realidade precisam
derrotar os trabalhistas como fizeram com Getúlio Vargas e João Goulart, que
edificaram as bases do Brasil moderno e civilizaram a nossa sociedade por
intermédio das leis trabalhistas.
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É
um acinte, um despropósito e uma
inconveniência a atuação política dessa gente que quer transformar o
Brasil em
um grande Paraguai, que amarga forte censura ao ficar de fora das decisões
da
Unasul e do Mercosul. É tal qual eu li outro dia: as classes hegemônicas
desse
País, na verdade, gostariam que o tempo voltasse e que o nosso Brasil
ficasse
"congelado" nesse tempo, a continuar a ser um gigantesco fazendão de
plantação de
café ou de cana de açúcar. O País do cafezinho e da garapa.
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Seria ótimo para eles, os inquilinos da Casa Grande. Super cômodo. Afinal, os colonizados com um imenso complexo de vira-lata se quiserem tomar um banho de civilização bastariam ir à Corte, como o fez, de forma ridícula e sem noção, o senhor Paulo Francis. Hoje, por causa do Lula, a Danuza Leão tem de comprar passagens para ir a Nova York, Paris ou Londres juntamente com seu porteiro. Danuza não tem culpa de sua iniquidade, mas ela poderia deixar de fora o rei da selva, que tem de lutar duramente para sobreviver — o Leão.
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Seria ótimo para eles, os inquilinos da Casa Grande. Super cômodo. Afinal, os colonizados com um imenso complexo de vira-lata se quiserem tomar um banho de civilização bastariam ir à Corte, como o fez, de forma ridícula e sem noção, o senhor Paulo Francis. Hoje, por causa do Lula, a Danuza Leão tem de comprar passagens para ir a Nova York, Paris ou Londres juntamente com seu porteiro. Danuza não tem culpa de sua iniquidade, mas ela poderia deixar de fora o rei da selva, que tem de lutar duramente para sobreviver — o Leão.
Contudo,
não vai ser possível para os imperialistas de pensamentos colonizados viverem
em um mundo à imagem deles refletida na abominável Casa Grande. Um lugar onde
poucos se locupletam e se divertem, enquanto a enorme maioria fica a sofrer na
Senzala, a fim de propiciar aos herdeiros dos escravos e às suas dondocas as
delícias e as satisfações adquiridas com a pobreza e o trabalho da maioria. É
disto que se trata. Por isto e por causa disto, a burguesia jamais vai esquecer
o Lula, mesmo se ele estiver fora do poder. A esquerda tem de reagir, porque a
política é como o boxe: quem não bate, apanha. É isso aí.
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