Por: Fernando Brito
O pessoal que gosta de ir de borzeguins ao
leito vai detestar, mas qual deve ser a essência da reforma política que
a Constituinte exclusiva – não adianta a direita chorar, “a nega tá la
dentro”, golaço de Dilma em tabelinha com Lula! – fará?
Fácil! Lutar contra o poder econômico nas eleições e, portanto, nos partidos, na política e nos governos!
E, portanto, contra a corrupção generalizada.
E, para isso, vamos ter de falar as coisas com toda a clareza, sem meias-palavras.
Só um completo alienado não sabe que não mais que uma meia-dúzia de
senadores, deputados e vereadores se elege sem gastar milhões – e
milhões aí não é força de expressão, é grana mesmo – de reais.
Em todos os partidos, sem exceção, ouviu, D. Marina Silva.
Doações dentro da lei – estas, há outras – mas que não são gratuitas.
(Aliás, tem umas contas de campanha que parecem livro de ficção,
feito a de um candidato a prefeito de uma grande cidade que declara ter
gasto R$ 6 mil em programas de televisão. Deve ter gravado no celular,
não é?)
É isso o que quer dizer a negativa do financiamento público das
campanhas: cada um gasta o que consegue e, é lógico, vai conseguir com
quem quer recuperar em dobro, triplo ou décuplo o que “investiu” nos
seus candidatos.
Quer entender o preço das passagens e das obras públicas? Cherchez l’argent.
E se o “infeliz”, por acaso, não corresponder direitinho às
expectativas dos financiadores, “vai pro saco” nas próximas eleições.
Até há gente que consegue separar o que é dinheiro de campanha do que é seu, pessoal, mas são cada vez menos…
O povo elege governantes, como Lula e Dilma que se vêm, muitas vezes,
aprisionados por um legislativo que não apenas é eleito assim como só
pensa nisso para se reeleger.
Não pode haver reforma política moralizadora sem isso, como não pode
haver moralização do exercício da política e do governo com o voto
distrital no Brasil.
Voto distrital, aqui, é voto de curral, dado em troca do asfalto, do
“centro social”, da manilha, das práticas políticas que um povo
abandonado por séculos, claro, preza e utiliza, porque não há outras.
E isso não é corrupção?
Sem voto distrital, prefeito, governador e Presidente já têm – alguns
com muito gosto – de cooptar vereadores, deputados e senadores desta
forma, imagine quando o eleitor de Quixeramobim da Serra tiver de
escolher apenas com o critério de “quem deu mais obras”?
Alguém duvida do esforço de Lula e, hoje, de Dilma, em se
equilibrarem pressionados por um Congresso ávido por emendas, emendas,
emendas? Isso quando não são pressões tão diretas como escusas, como se
viu no caso da MP dos Portos.
Terceiro ponto: equilíbrio no uso das comunicações de massa.
Televisão e rádio são concessões públicas: pertencem a todos e não
podem, portanto, privilegiar uns em detrimento dos que não lhe agradam.
Porque isso também corrompe. Nem sempre o bolso, mas inevitavelmente interfere na formação da consciência e da escolha popular.
Precisamos ser diretos e sinceros ao mostrar isso, sobretudo, aos jovens.
O Brasil tem um governo popular apesar da maioria dos políticos, não por causa deles.
E idem da mídia brasileira, que pode ser tudo, menos “ficha-limpa”, a
começar da Globo, que engordou com a cumplicidade à ditadura e continua
se fartando do dinheiro público, com publicidade e isenções de
impostos.
Privilégio que, quando alguém ameaça, dizem estar “perseguindo a imprensa livre”.
Está certo que a Presidenta não possa falar assim nem Lula deva sair por aí cantarolado aqueles “300 picaretas”.
Mas nós não vamos deixar que os picaretas da política e da mídia
venham com essa cantilena de “inconstitucionalidade” quando o que querem
é que permaneçam estruturas políticas corrompidas e, que, por serem
assim, são dóceis e submissas ao poder econômico e indiferentes ao povo
brasileiro.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista