skip to main
|
skip to sidebar
.
30/06/2013
Médicos brasileiros X Médicos cubanos
Urariano Mota
Recife (PE) - Na coluna “Um golpe comunista no
Brasil”, nós já havíamos obervado que a Associação Médica Brasileira
havia ameaçado acionar a Justiça e levar a classe, dos MÉDICOS, para as
ruas, caso a ex-terrorista Dilma Rousseff importasse médicos cubanos. O
presidente da associação Floriano Cardoso chegara mesmo a afirmar que o
governo seria o responsável direto por erros, complicações e mortes que
poderiam ocorrer caso médicos incompetentes passassem a atender o povo
brasileiro.
Naquela ocasião, nada dissemos do risco de erros e de morte que todos
já sofremos sem necessidade de importação dos médicos de Cuba. Os
formados em medicina nas faculdades caça-níqueis, os profissionais
submetidos ao regime do lucro e do desprezo pela vida da população já
dão conta, com muita competência, do serviço.
Para isso, para quê trazer
o jaleco alienígena? Mas agora, o que antes era ameaça se concretiza: a
AMB (Associação Médica Brasileira) anunciou ontem que haverá uma
paralisação nacional dos médicos no dia 3 de julho. O protesto, segundo a
entidade, será feito por conta da decisão do governo federal de trazer
médicos do exterior para que trabalhem no Sistema Único de Saúde.
Avisa a AMB que serão mantidos apenas os serviços de urgência e
emergência. Cirurgias e atendimentos eletivos, por exemplo, não
serão feitos em 3 de julho. Não vem ao caso aqui, longe do colunista
sequer a insinuação, que na greve serão mantidos todos os gêneros de
cuidados médicos nos hospitais privados e nas clínicas particulares.
Como o Dr. Jekyll, muitos dos nossos profissionais de medicina têm uma
face pública e uma privada, queremos dizer, uma face particular, das
suas contas bancárias. Sobre isso nem é bom falar. É natural, elementar,
Mr. Hyde, que todo o mundo precisa sobreviver.
A novidade maior, a esperteza escorregadia, vem do novo discurso dos
dirigentes da categoria médica. Eles falam agora que não se opõem à
vinda de médicos pura e simplesmente. Não, longe disso. O problema é que
os médicos de Cuba têm que passar antes pelo Revalida, a Revalidação do
Diploma Médico, porque, afinal, o povo tem que ser bem cuidado, não é
qualquer um chegar aqui com diploma de quinta categoria pra cuidar dos
brasileiros. E sabe o leitor onde reside a esperteza?
O Revalida é uma prova que até mesmo os que a elaboram são incapazes
de passar.
Ou segundo as palavras de Heleno Rodrigues Correa Filho,
conselheiro do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde e professor
associado da pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de
Campinas:
“No Revalida, exigem conhecimento sobre coisas que não são da
rotina médica diária. E perguntam sobre o que nem eles sabem responder.
São exames para reprovar 90% dos candidatos. E reprovam mesmo. O exame
de revalidação de diplomas estrangeiros é elaborado por professores de
universidades renomadas que estão politicamente decididos a não deixar
entrar ninguém. O objetivo não é filtrar profissionais para o mercado, e
sim impedir que entrem pessoas. Não há avaliação externa ao Revalida.
Quando são reprovados 90% dos candidatos, ninguém vem a público
reclamar de tamanho absurdo, dizer que no Reino Unido ou na América do
Norte uma prova assim seria reestruturada. Por que brasileiros passam em
exames nos Estados Unidos e americanos não passam no Revalida
brasileiro? É porque tem alguma coisa errada... Essa direita que não
quer modificações no Revalida é a mesma que não quer as cotas nas
universidades e os médicos oriundos dessa escola cubana”.
A opinião acima é um petardo demolidor sobre as boas intenções da
AMB. E vem de um especialista médico, que bem conhece a prova e os seus
pares. Mas o diabo do Revalida é que ainda assim se aprovam 10%. Então o
que exigem mais agora, para que o povo brasileiro não fique sem
médicos? Os nacionais querem, por cima, uma prova de português para os
médicos alienígenas. É justo. Do meu canto, deixo a sugestão de uma
prova matadora desses 10% de invasores.
Na prova de português, os médicos cubanos devem ser submetidos a uma
prova dividida em 3 partes. Na primeira, uma análise sintática de todo o
canto IV de Os Lusíadas, com identificação de orações, objetos,
acessórios, inversões, elisões, alusões, metros raros, mais exegese com
identificação dos personagens em Camões e suas biografias. Na segunda,
uma interpretação de frases com gírias cariocas, pernambucanas,
amazonenses e gaúchas. Na terceira, uma redação toda em termos da fala
do caboclo do Acre. Pronto, creio não haver melhor Revalida para nos
livrar de mais uma invasão comunista.
Urariano Mota - É
pernambucano, jornalista e autor dos livros "Soledad no Recife" e “O
filho renegado de Deus”. O primeiro, recria os últimos dias de Soledad
Barrett. O segundo, seu mais novo romance, é uma longa oração de amor
para as mulheres vítimas da opressão de classes no Brasil.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista