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05/01/2014
O Estado de Direito(a)
"Atualmente no mundo só existem alguns países da África e poucos da Ásia que não dispõem de organização estatal"
Jornal O Povo - 05/01/2014
Valton de Miranda Leitão
A demonização da política é hoje no Brasil o tema predileto de setores intelectuais da direita, em aliança com a chamada grande imprensa. É algo sociologicamente estúpido, porquanto, não existe Estado sem interação política. A construção histórico-política do Estado é devir permanente que coloca as forças políticas em luta numa batalha constante para alcançar o Poder. Isso é parte necessária do jogo dialético na chamada democracia capitalista contemporânea. Nessa, o Estado é sempre servidor das classes dominantes que por sua vez detêm os meios de produção.
O aparelho estatal assim (legislativo, executivo e judiciário) está consciente ou inconscientemente subordinado aos interesses dos grandes monopólios empresariais internacionais e nacionais. Resulta que diabolizar a política somente pode ser compreendido como objetivo tático-estratégico das forças de direita no Brasil.
Atualmente no mundo só existem alguns países da África e poucos da Ásia que não dispõem de organização estatal. Nesses territórios geograficamente pouco definidos o governo central é nominal, sendo submisso aos grupos étnicos em constante luta fratricida.
Não sei se o pensamento de direita raciocina do mesmo modo no Brasil, ignorando que o Estado e a política brasileiros não pertencem ao PT, mas são instrumentos do grande capital que a esquerda tenta domar para dar-lhe alguma humanidade social.
Os governos petistas Lula-Dilma não têm objetivos basicamente socialistas, mas buscam caminhos políticos capazes de transferir maior renda para as classes populares, e no plano diplomático, afastar-se da subordinação absoluta ao carro chefe do capitalismo em Washington. Isso, entretanto, é intolerável para as classes dominantes política e economicamente comandadas por São Paulo, empenhadas em retornar ao Poder. (Os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)
A tática para alcançar esse objetivo estratégico é desmantelar o PT e dividir a esquerda para que a social democracia brasileira de fancaria vença a eleição de 2014. Nessa tática de guerra política entrou a espetacularização do caixa dois do PT no chamado mensalão, como igualmente o virulento ataque contra o programa governamental, Mais Médicos, instigando o preconceito e a xenofobia de setores da classe média.
A relação entre ética e corrupção foi tão unidirecionada que a compra de votos na reeleição de FHC, jamais é mencionada para não falar do caixa dois do senador mineiro Eduardo Azeredo do PSDB e, igualmente, dos aportes milionários a esse partido feitos através do metrô paulista pelas multinacionais Auston e Siemens. As classes dominantes jamais fariam a espetacularização político-midiática dessa conexão paulistana como a feita no bordão mensalão.
O liberalismo político que também é neoliberalismo confunde espetáculo com transparência, público e privado, moral e ético. O maniqueísmo do bem e do mal ou do santo e do demônio não favorece a verdadeira eticidade. A proximidade com o poder e o mercado também não. O Poder Judiciário é estruturalmente conservador, porque toda Lei, social ou física, sempre parece imutável.
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Valton de Miranda Leitão. Psicanalista.
valtonmiranda@gmail.com
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PITACO DO ContrapontoPIG
Os governos Lula e Dilma só conseguiram - até agora - ser mais reformistas do que revolucionários.
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Com nova vitória da Dilma em 2014, quem sabe, será possível mexer mais profundamente nos privilégios da elite egoísta e perversa que temos e na imprensa canalha que a representa.
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