06/01/2014
PSICOLOGIA EM 2014
Esforço para transformar Copa em fracasso é lamentável e prejudica o país
Paulo Moreira Leite
São
problemas reais, é óbvio. Mas a atitude é de torcida organizada pelo fracasso.
Não se procura fazer um debate racional para encontrar soluções e alternativas.
O esforço é produzir um fiasco inesquecível, atitude que só prejudica o Brasil.
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O nome
disso é guerra psicológica. Não é um movimento pela razão mas que procura a
política pela emoção.
Janio de
Freitas escreveu um artigo de mestre a respeito, na Folha de ontem. Quero
abordar alguns aspectos do mesmotema.
Teremos
muita guerra psicológica, em 2014, para que, justamente no país do
futebol, a Copa do Mundo venha a se tornar um problema político.
Josep
Blatter, o presidente da FIFA, será endeusado quando começar a falar mal do
governo federal. Vai passar de demonio a santo em 24 horas. Será por isso que
ele já começou a fazer críticas ao governo brasileiro? Justo quem.
Olhando a
situação com frieza, o ambiente não deveria ser este.
Começando
pelo futebol pois, salvo segundo aviso, é disso que se trata.
A verdade
é que, ao contrário do que se anunciou durante todos estes anos, os
estádios – novos e reformados – vão ficar prontos no prazo necessário para os
jogos.
São
estádios modernos, seguros, confortáveis. Depois que entrarem em uso regular,
a
ocorrência
de tragédias como a de Joinville e outras cenas de violência que marcam os
campeonatos tradicionais.
Só para
dar um pouco de realidade ao debate. Compare as obras da Copa com o Metrô
paulista, por exemplo.
Tudo
aquilo que se diz contra os estádios se demonstra -- até com ajuda da Justiça
Suiça - no metrô paulista. Os atrasos duram anos. O superfaturamento bate
recordes. E então?
Cadê a
indignação?
Quando o
Brasil ganhou o direito de organizar a Copa, o país fez uma festa.
Quem não
gostou da ideia ficou em silêncio.
Alguém
disputou a eleição de 2010 falando mal da Copa? Não me lembro. Nem candidato a
síndico de prédio se atrevia a tanto.
Salvo
casos patológicos de desprezo pelas necessidades da maioria da população, quem
não queria a Copa como proposta esportiva, dizendo que o país teria
outras prioridades – esta era minha opinião na época -- admitia a vantagem
keynesiana. Era uma forma de apontar uma perspectiva de investimentos em larga
escala, no país inteiro, nos anos seguintes.
Depois da crise mundial de 2008, quando o capitalismo entrou em
depressão em escala mundial, a se tornou uma benção em vários lugares. Ajudou a
manter o crescimento e o emprego de quem não teria outra chance de arrumar
trabalho.
Na
dúvida, dê uma volta no país e converse com pessoas da vida real.
O
problema é a psicologia.
A maioria
dos brasileiros concorda -- racionalmente, com base em dados objetivos e também
por experiência própria -- que poucas vezes e trabalhou com tanto empenho para
distribuir a renda e melhorar a vida dos mais pobres como aconteceu depois da
chegada de Lula no Planalto.
Neste ponto, é um governo de valor histórico.
A terapia emocional de massas quer nos convencer do contrário. Embora tenha chegado ao Planalto em 2003, procura-se criminalizar
o condomínio Lula-Dilma pela omissão de seus adversários ao longo da história.
É por isso que se fala muito do futebol.
E procura-se esconder o drama do metrô. Aliás: deu para notar que os atrasos do metrô geram menos protesto do queas críticas a demora relativa nas obras da Copa?
Neste ponto, é um governo de valor histórico.
A terapia emocional de massas quer nos convencer do contrário. Embora tenha chegado ao Planalto em 2003, procura-se criminalizar
o condomínio Lula-Dilma pela omissão de seus adversários ao longo da história.
É por isso que se fala muito do futebol.
E procura-se esconder o drama do metrô. Aliás: deu para notar que os atrasos do metrô geram menos protesto do queas críticas a demora relativa nas obras da Copa?
Qual é
mesmo prioridade?
O esforço
da terapia é esse: mudar prioridades sociais e transformar a Copa num drama
político.
Adversário
de tantas ditaduras do século XX, David Rousset deixou uma frase muito útil
para se enfrentar grandes operações contra as democracias:
-- As
pessoas normais não sabem que tudo é possível.
Paulo
Moreira Leite. Diretor da Sucursal da ISTOÉ em
Brasília, é autor de "A Outra História do Mensalão". Foi
correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA e na
Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa"
.
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