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08/12/2014
Dilma monta agora seu 'gabinete de guerra'
Brasil 247 - 8 de Dezembro de 2014 às 05:37
"É uma nova safra de nomeações, depois que a
equipe econômica foi definida. Será uma decisão crucial para seu
governo, que enfrenta um drama já identificado: ganhou a eleição mas não
recuperou o controle do aparelho de Estado", diz Paulo Moreira Leite,
diretor do 247 em Brasília; "Em 2015, nenhum ministro pode ter dúvidas
existenciais sobre o que é melhor para o país nem para a maioria da
população. Não precisa fazer perguntas sobre seu papel nem especular
sobre qual é o seu lado numa disputa política de início feroz e
prolongamento imprevisível"; no novo gabinete, Dilma deve ter por perto
nomes como Aloizio Mercadante, Miguel Rossetto, Ricardo Berzoini e
Jaques Wagner
Ao longo desta semana,
a presidente Dilma Rousseff deve anunciar novos nomes para o
ministério. É uma nova safra de nomeações, depois que a equipe econômica
foi definida. Será uma decisão crucial para seu governo, que enfrenta
um drama já identificado: ganhou a eleição mas não recuperou o controle
do aparelho de Estado.
Derrotado sem margem a qualquer dúvida, Aécio Neves faz o possível para estimular uma ruptura institucional — um golpe, para falar sem eufemismos. Este comportamento desonra a memória do avô, que, conforme relato do ex-ministro Almino Afonso a este repórter, só tinha uma palavra para se dirigir aos golpistas que tomaram conta do Congresso em 1964, na deposição de João Goulart: “Canalhas, canalhas, canalhas.”
Numa sociedade de valores democráticos já relativamente consolidados, como se tornou o Brasil, as rupturas só ocorrem se e quando a população demonstra cansaço diante dos governantes, não se anima a sair em sua defesa, sente que foi abandonada e enganada por ela. Não basta, para os golpistas, mobilizar seus próprios aliados. É preciso desgastar o governo junto a seus eleitores, diminuir sua base, transformá-lo em minoria. É aqui que a oposição tentará concentrar seu ataque: na consciência do povo.
Por essa razão os dados do DataFolha de ontem não podem ser desprezados. São impressionantes, na verdade. Mostram que a aprovação de Dilma Rousseff encontra-se em seu melhor patamar desde os protestos de junho de 2013. Não é pouca coisa, quando se pondera que nas últimas seis semanas, após a campanha eleitoral, a presidente retornou a uma histórica desvantagem para fazer o debate político. Perdeu o tempo na TV do horário político, das entrevistas e dos debates, passando a enfrentar um massacre cotidiano que nunca fez parte das tradições democráticas de qualquer país diante de autoridades recém-eleitas, onde o reconhecimento do vitorioso é o reconhecimento dos direitos do povo.
Dilma voltou ao Manchetômetro de sempre, unilateral, sem as compensações possíveis de uma campanha eleitoral.
É este legado de quem venceu com 53% dos votos que o novo Ministério deverá defender. Em 2015, nenhum ministro pode ter dúvidas existenciais sobre o que é melhor para o país nem para a maioria da população. Não precisa fazer perguntas sobre seu papel nem especular sobre qual é o seu lado numa disputa política de início feroz e prolongamento imprevisível. Haverá luta 24 horas por dia, em torno de itens que só na aparência terão pouco significado. Sempre haverão mentiras e trapaças destinadas a iludir a população, diminuir sua confiança.
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