terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Contraponto 15.557 - "Procurador da República diz que sofre ataques da mídia 'por interesses inconfessáveis' "

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09/12/2014

 

Procurador da República diz que sofre ataques da mídia “por interesses inconfessáveis”

 
 
Jornal GGN: - Postado em 9 de dezembro de 2014 às 9:01 am

Do Jornal GGN:

Em mensagem distribuída à rede de membros do Ministério Público Federal no último sábado (6), Rodrigo Janot disse que vem sofrendo ataques injustos “em razão das funções que exerço como Procurador-Geral da República, por parte da imprensa, possivelmente secundada ou instrumentalizada, de forma irresponsável, por interesses inconfessáveis”.

A carta do PGR a seus pares foi enviada após uma série de reportagens veiculada na grande mídia, indicando que Janot vem encampando uma tentativa de, na prática, livrar o governo federal das acusações envolvendo a Operação Lava Jato contra a Petrobras.

A revista Isto É levantou a tese – com base em fontes anônimas do STF e advogados dos empresários – de que Janot quer selar um acórdão no qual os executivos assumem a culpa por formação de cartel e, assim, delegam ao Palácio do Planalto a possibilidade de dizer que foi vítima de um esquema empresarial.

Após as reportagens replicadas até no Jornal Nacional, Janot, por meio de nota à imprensa, reforçou que atua de maneira “técnica, independente e minuciosa”, e rechaçou as “tentativas de desacreditar as investigações” do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato. Na carta, ele reafirma que o MPF é uma instituição forte e indica que não vai se curvar diante das pressões externas.

Leia a mensagem de Janot na íntegra:

“Colegas,

O diálogo, a transparência e o espírito público que têm balizado minha gestão recomendam que, uma vez mais, eu venha à nossa rede para falar diretamente a todos vocês, para manifestar a minha indignação contra os ataques injustos que, em razão das funções que exerço como Procurador-Geral da República, venho sofrendo por parte da imprensa, possivelmente secundada ou instrumentalizada, de forma irresponsável, por interesses inconfessáveis.

Para profunda tristeza dos brasileiros honestos e cumpridores de seus deveres, o País convulsiona com o maior escândalo de corrupção da nossa história. Por dever incontornável, o Ministério Público Federal posicionou-se desde o início do caso como o primeiro combatente dos desmandos que já se afiguravam no horizonte. Cumprindo estritamente o mandato constitucional que a sociedade brasileira nos outorgou em 1988, adotamos posição intransigente na defesa da probidade e no combate à corrupção que se alastrou na gestão da Petrobras. Essa conduta, como é do conhecimento de todos os colegas que fazem do exercício de sua função uma profissão de fé, tem um preço alto, para a instituição e para os seus membros.

Jamais aceitarei qualquer acordo que implique exclusão de condutas criminosas ou impunidade de qualquer delinquente. Não admitirei que interesses externos sejam satisfeitos às custas da credibilidade e honra da nossa Instituição. Temos uma estrada a trilhar, uma “recta ratio” inerente à nossa atuação. Ela é, ao mesmo tempo, nossa sina e o nosso porto seguro. Estou certo de que, se nos mantivermos nela, chegaremos ao final com a consciência do dever cumprido. Os trinta anos de experiência nas trincheiras desta Instituição reforçaram minha convicção de que não podemos nos afastar dessa trilha.

Criei uma Força-Tarefa, sediada em Curitiba, composta por colegas de excepcional valor profissional e com larga experiência em investigações dessa natureza. Concedi a um grupo de nove procuradores todas as condições materiais e humanas para o bom exercício de suas funções. Coloquei, também, membros e assessores do meu gabinete à disposição dos trabalhos e, nos momentos críticos, empenhei a força e a credibilidade do cargo que ocupo em favor das investigações.

Assim prosseguirei e farei o que for necessário para a punição de todos os envolvidos. Nossa Instituição é forte e o grupo que atua neste caso é plural e coeso. Trabalhamos em regime de confiança mútua e de apoio recíproco. Estamos todos juntos na direção correta – fiquem certos disso.”
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