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12/05/2015
As oportunidades que a China abre para o Brasil
Luis Nassif
Nos últimos anos, a crise mundial, com a enorme volatilidade de capital, gerou dois fenômenos: de um lado, imensas reservas cambiais em países emergentes; de outro, uma enorme demanda por financiamento para obras de infraestrutura nesses países.
É o que levou à internacionalização dos investimentos do Banco de Desenvolvimento da China, à criação do Banco dos BRICs no ano passado, após reunião do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Fortaleza (CE). E, no mês passado, a constituição do Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura (BAII).
São nesses movimentos que estão depositadas as grandes oportunidades para o país alavancar seus investimentos em infraestrutura, especialmente na exploração do pré-sal.
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Na próxima semana o país receberá a visita de Li Keqiang, primeiro-ministro chinês. Precedendo a visita, os chineses elaboraram uma lista de 60 projetos, no valor total de US$ 53 bilhões, que poderão ser financiados no país.
Recentemente, os chineses financiaram US$ 3,5 bilhões à Petrobras, em um período em que o mercado internacional se fechou para a empresa.
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Reside nessa parceria a oportunidade do país se livrar das restrições impostos pelos Estados Unidos aos sistemas multilaterais – fundamentalmente FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial.
Trata-se de um movimento similar ao que levou à criação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIRD).
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Quando eclodiu a crise internacional, o Grupo dos 20 (G20) tentou reduzir a influência massacrante dos Estados Unidos no FMI. Tentou-se uma mudança no perfil das cotas dos associados, que refletissem melhor o quadro econômico internacional.
O processo emperrou no Congresso dos Estados Unidos. Recentemente, o Congresso emperrou até a participação norte-americana no aumento do capital do BIRD.
A crise política norte-americana criou impasses similares à brasileira, com uma oposição vociferante no Congresso travando todas as iniciativas do governo.
O vácuo aberto está sendo ocupado rapidamente pela China, a ponto do BIIC) receber a adesão de 41 países, dentre os quais aliados tradicionais dos Estados Unidos, como o Reino Unido e a Austrália, além do Japão e Rússia, todos interessados em incrementar o multilateralismo na economia internacional.
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Há uma enorme cesta de projetos aguardando financiamento. Recentemente, o Nobel Joseph Stiglitz enaltecia a criação do novo banco, por não ter as amarras ideológicas dos velhos organismos de Breton Woods.
Será possível, nesse início de atuação, com o poder compartilhado e sem as pesadas burocracias dos organismos mais antigos, obter financiamentos sem abdicar de políticas industriais internas.
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O Banco dos BRICs foi constituído com capital de US$ 50 bilhões. O BAII com capital inicial de US$ 50 bi, podendo chegar a US$ 100 bi em pouco tempo.
De certa forma, recuperam para os organismos multilaterais uma atividade de financiamento que há tempos deixou de ser cumprida adequadamente pelo mercado financeiro internacional.
A ampla desregulação dos mercados financeiros e cambiais não logrou estimular os investimentos reais. A complexidade dos instrumentos financeiros criados promoveu apenas a arbitragem de ativos.
A explosão dos commodities, com a ascensão da China, garantiu as políticas de inclusão dos últimos anos. A nova etapa da estratégia chinesa poderá garantir a passagem para uma economia mais competitiva e equilibrada.
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