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11/09/2015
É a Globo que dá ao Brasil uma nota de mau pagador, por José Carlos de Assis
por J. Carlos de Assis*
Entre
todas as patifarias ideológicas vomitadas pela Grande Mídia, sobretudo
pela TV Globo, relativamente às decisões das chamadas agências de risco,
a mais sórdida é a que define a nota emitida por elas como um atestado
de bom ou mau pagador. Ora, como se pode dar atestado de mau pagador
antes que se saiba que a empresa ou país pagaram suas obrigações? Seria
um atestado de não pagamento futuro? Se é assim, é melhor para o país
que não pague agora; assim, ficará com algum dinheiro em caixa para
eventualidades!
É
claro que isso tudo é um absoluto nonsense. Não há a mais remota
possibilidade de o Brasil suspender o pagamento de suas dívidas em
função do que dizem as agências de risco. Temos reservas internacionais
de quase 400 bilhões de dólares. É verdade que, sobretudo por erros
acumulados na política cambial do passado, e sobretudo por causa da
estúpida taxa de juros, temos também muitas dívidas externas de curto
prazo. Contudo, o balanço nos é ainda favorável. E não precisamos, para
isso, de nota de bom pagador de agências de risco.
O
mais repugnante, porém, não é o conceito em si de mau pagador que se
atribui ao país por causa da agência mas o fato extraordinário de que
não é a agência, em si, que usa essa terminologia – ela libera apenas
uma nota -, mas a forma como a TV Globo, por sua conta e risco,
“explica” a nota. São os jornalistas da Globo, como Bonner, que dizem
que a nota é um “atestado de mau pagador”. Como consequência, caindo a
nota, perdemos o status de bom pagador mesmo que nada nos tenha sido
cobrado e a economia funcione como antes.
A
embromação não para aí. A nota das agências é um expediente
tremendamente arbitrário. Se tivesse um mínimo de cientificidade não
teria havido o desastre de 2008, no qual todas as agências de risco –
rigorosamente, todas – haviam dado nota de “bom pagador” AAA a empresas,
bancos e títulos que, por suas fraudes, quase destruíram o sistema
financeiro mundial. Sob aperto do Congresso para explicar o que, afinal,
havia acontecido, todas combinaram a mesma resposta: O que fizemos foi
dar nossa opinião, mais nada.
Então
qual é a razão para a Grade Imprensa dar tanta atenção às agências?
Simplesmente porque elas funcionam como a vanguarda dos interesses
financeiros, e são os interesses financeiros que dão suporte à Grande
Imprensa. No caso atual, a agência está dando um sinal para que o
Governo brasileiro mantenha taxas de juros básicas extorsivas e
estrangule o orçamento público para tapar o déficit primário, irrisório
em relação ao orçamento como um todo, o qual, caso mantido, não traria
qualquer consequência negativa para a economia real.
*J. Carlos de Assis. Economista,
doutor pela Coppe/UFRJ, autor do recém-lançado “Os Sete Mandamentos do
Jornalismo Investigativo”, ed. Textonovo, SP. Pode ser adquirido pela
Internet.
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