21/09/2015
Covardia faz tucanos virarem as “vivandeiras do PMDB”
Por Fernando Brito
Em 64, Castello Branco, querendo ainda negar o golpe militar que o colocaria na Presidência, disse que identificava as “vivandeiras de quartel”, que iam ali “bulir com os granadeiros” e os estimular a “extravagâncias”.
Michel Temer, que não à toa vem de muito tempo no comando PMDB, praticante experiente do jogo de sobrevivência no qual o partido é mestre historicamente provado, certamente deve ter se lembrado do episódio e do que ocorreu depois com Castello, forçado, a contagosto, a transmitir ao poder a Costa e Silva ao ser bulido pelas vivandeiras tucanas, como registra hoje a Folha de S. Paulo.
Covardes que são, Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves e José Serra, foram fazer zumbir a mosca azul aos ouvidos de Temer, que têm idade e ouvidos absolutamente capazes de identificar o tipo de ruído que faz a bajulação interesseira.
A revelação do assédio golpista do alto tucanato ao vice-presidente antes de seu embarque para a visita oficial à Rússia dá outra leitura às declarações feitas por ele em Moscou, logo a seguir, dizendo que Dilma concluirá seu mandato.
Revela, também, o grau de degradação moral que atingiu a cúpula do tucanato, se esgueirando em manobras deste tipo, indo um a um seus caciques a assoprar ouvidos de um vice para que atue para derrubar sua companheira de chapa.
Coisa própria de de canalhas.
Pior, até, do que faz Eduardo Cunha, que ao menos põe a cara a bater nas suas manobras na Câmara dos Deputados.
O PSDB, espremido cada vez mais pelo surgimento de uma direita furiosa – algo muito bem apontado por Marcos Coimbra, reproduzido no Conversa Afiada – que cresce em todo o mundo (vejam o Trump, nos EUA) vai ficando cada vez mais parecido com a UDN.
Lorde em público, salafrários no privado.
Temer conhece esta turma, tanto que não se meteu a tucano, o que lhe traria vantagens obvias em São Paulo, nos tempos de glória do PSDB.
Sabe que quem cai naqueles bicos enormes dali não escapa.
E eu, cá do meu lado, lembro da frase do velho Brizola: “a política ama a traição mas logo abomina o traidor”.
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