23/10/2015
O fim inevitável da era dos grupos de mídia


Como
não sou nem assinante, nem leitor habitual do Guardian, quem analisou
meu perfil, nacionalidade, hábitos de consumo e colocou um anúncio de um
banco brasileiro em um jornal inglês foi um bureau. Ou seja, o jornal
não tem mais o controle do ciclo do anúncio.
Os
jornais perderam o controle sobre o ciclo da propaganda e sobre a
distribuição, desde o momento em que o Facebook e o Google fecharam
acordos de distribuição do seu conteúdo. Para conseguir os page views
necessários para melhorar o faturamento, tiveram que entregar a ambos
parte de seu negócio.
Cada
vez mais a publicidade os considerará um ponto da Internet, competindo
com lojas de departamento, blogs independentes, sites de compras etc. E a
maior parte dessa publicidade não passará sequer pelos bureaus
independentes, mas pelas redes sociais, especialmente Google e Facebook.
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A
reportagem do The Guardian é sobre a "tempestade perfeita" - e não se
refere às economias emergentes, mas ao mercado de mídia britânico.
Para
a maioria dos jornais, a publicidade impressa ainda tem sido o
principal motor de faturamento.
Mas tem atingido os piores níveis da história. Em algumas semanas do último semestre, o faturamento chegou a cair 30% em relação à média histórica. E a publicidade digital não deslanchou.
Mas tem atingido os piores níveis da história. Em algumas semanas do último semestre, o faturamento chegou a cair 30% em relação à média histórica. E a publicidade digital não deslanchou.
A
desaceleração é generalizada. Segundo o Publisher do Daily Mirror, do
aumento de 30% na publicidade digital, 29% foram apropriados pelas
plataformas sociais. A “tempestade perfeita” está a caminho com os
avanços das redes sociais nas estratégias de vídeo. Nos países centrais,
conteúdo pago e Internet estão sufocando rapidamente a TV aberta. E a
tecnologia da TV digital, no caso das abertas, não logrou ganhos
tecnológicos que a viabilizem.
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Haverá reflexos inevitáveis sobre o mercado de opinião.
Os
grupos de mídia foram os mais relevantes atores políticos de todo o
século 20. Passaram a ter seus poderes solapados em um passado distante,
com a disseminação das FMs; de um passado recente, com os avanços da TV
a cabo. O golpe fatal foi a tecnologia da Internet e a convergência
digital.
Esta
semana, na Câmara Federal, foi aprovada a nova Lei de Direito de
Resposta, que reduzirá substancialmente o enorme poder da mídia sobre as
versões do fato e a construção e destruição de reputações.
A
lei implanta definitivamente o direito de resposta extensivo a todas as
formas de comunicação – excetuando os comentários em meio digital.
Obriga a que a resposta seja dada no mesmo espaço e abrangência do fato.
No caso de injúria, elimina a chamada exceção da verdade – pela qual o
veículo lançava uma acusação sem provas e, depois, para adiar o direito
de resposta, exigia do ofendido a comprovação de que a acusação era
infundada.
***
Nos
anos 40 e 50, várias rádios mantinham orquestras e cantores
contratados. Nos anos 70 em diante, foi a vez da Rede Globo com seus
artistas e redes de correspondentes em todo mundo. Dentro de algum
tempo, redações com jornalistas em tempo integral serão peças de um
passado distante, tal e qual os casts da rádio Nacional e da TV Globo.
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