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21/10/2015
Dilma, capitalismo, castas, prisões, oposição, corrupção e golpe
Por Davis Sena Filho
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Na Finlândia, a presidente Dilma Rousseff calou
fundo, suspirou e afirmou à imprensa familiar de mercado: "Primeiro,
não vou comentar as palavras do presidente da Câmara. Segundo, o meu governo
não está envolvido em nenhum escândalo de corrupção. Não é meu governo que está
sendo acusado". A resposta foi ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que
disse lamentar que aconteça "com um governo brasileiro o maior escândalo
de corrupção no mundo", em alusão ao caso Lava Jato (Petrobras)
investigado pela Polícia Federal, corporação sob o comando do Ministério da
Justiça, instituição subordinada à Presidência da República, que, ora vejam, a
presidente é exatamente Dilma Rousseff, do PT, ao assegurar que seu governo não
está envolvido em corrupção.
Não
sei se os patetas teleguiados entenderam a tabuada direito, porque apenas
decorá-la fará com que as palavras proferidas por Dilma sejam veiculadas e
escritas de forma truncada, com "ruídos", propositalmente, é claro,
porque todos sabemos, inclusive os ingênuos e os desinformados, que os magnatas
bilionários sonegadores de impostos e donos da mídia mercantil organizaram o Partido
da Imprensa, que vem a ser a agremiação política e ideológica de direita mais
poderosa do Brasil, quiçá da América Latina.
Entretanto,
Dilma Rousseff continuou a falar, e asseverou: "Acredito que o objetivo da
oposição pode ser inviabilizar a ação do governo, mas a ação do governo não vai
ser inviabilizada pela oposição, faça ela quantos pedidos de impeachment
fizer", para logo complementar: "As pessoas que estavam envolvidas
estão presas, e não é a empresa Petrobras que está envolvida no escândalo, são
pessoas que praticaram corrupção e estão presas". Ponto.
Há
anos afirmo no meu blog "Palavra Livre" e no site "Brasil
24/7" que, no fundo, a direita liberal e dependente do Estado, bem como
dos trustes e corporações internacionais e nacionais não se sente à vontade com
a efetivação no Brasil do Estado de Direito e da democracia. O establishment e
a democracia são como óleo e água. Simplesmente não se misturam.
Consequentemente,
os porta-vozes defensores do sistema tem de desconstruir e desqualificar seus
adversários, que são tratados como inimigos de suas causas rentistas e
financistas. A verdade é que enfrentar o sistema de capitais é um grande
problema, porque ele é o hospedeiro dos bancos, dos grandes exportadores, da
indústria de armas e de petróleo, além de "lavadores" do dinheiro
ilegal do tráfico de armas, de drogas, de pedras preciosas e ouro, além da
corrupção estatal e privada.
Estes
setores alienígenas engessam as ações dos governos e que se contrapõem
fortemente à corrente desenvolvimentista da qual fazem parte o ex-presidente
Lula e a presidenta Dilma. São eles que sabotam e boicotam desde 1930 os
programas de governo e os projetos de País, porque são contrários à inclusão
social e à igualdade de oportunidades, pois economicamente hegemônicos e
ideologicamente reacionários, pois são a essência do capitalismo, sistema
perverso de exploração e pirataria, além de financiador até hoje de guerras
coloniais e imperialistas.
Por
sua vez, como afirmei anteriormente, o capital privado brasileiro é dependente,
porque rentista, financista e jogador de bolsas de valores e outros que tais.
Sua estratégia para manter incólume o status quo das castas privilegiadas e
beneficiadas pelo Estado é transformá-lo em patrimonialista para atender às
demandas de uma burguesia totalmente descompromissada do interesse nacional, ao
tempo que dedicada a concretizar apenas seus interesses e alavancar seus
negócios.
A verdade é que o capitalismo é
injusto, e, com efeito, violento, porque concentrador de renda e riqueza,
e, por seu turno, corrupto em sua organização social. O são realidades
intrínsecas às sociedades subordinadas e dominadas por corporações multinacionais,
que se organizam como máfias, que controlam o dinheiro e os governos de
governantes que se comportam e são tratados como fantoches pelo o que
secularmente já o é estabelecido: a sociedade organizada em castas, cujo centro
é a casa grande plutocrata em âmbito mundial.
Trata-se da plutocracia que se
estabelece principalmente nos poucos países ricos, a ter como cúmplices de seus
crimes de lesa-humanidade e lesa-pátria as "elites" dos países
emergentes e pobres, cujos governos nacionalistas e de esquerda, mesmo que
moderados, como os de Lula e Dilma, são historicamente sabotados e seus
dirigentes máximos desconstruídos em suas imagens, porque não interessa aos
liberais dependentes a independência do Brasil e a emancipação plena do povo
brasileiro.
A resumir: a lógica do
capitalismo se materializa no ganho pessoal, mesmo quando se trata de uma
grande empresa, que, evidentemente, tem compromisso maior com o lucro, o super
lucro e não com seus empregados, mesmo os de nível universitário, os
executivos, que se aliam aos interesses de seus patrões e cooperam,
efetivamente, para que somente uma casta, em termos planetários, tenha o
controle dos meios de produção, do mercado financeiro, e, consequentemente, do
poder militar, do Judiciário e dos parlamentos, a ter as presidências da
Repúbica como as cerejas de bolos.
Quando um governante se torna
estadista e passa a conhecer a dimensão das realidades que se apresentam,
naturalmente que tal mandatário passará a criar problemas para o establishment
nacional, vinculado ao internacional, que não aceita, de forma alguma, que o
sistema de castas e portanto de capitais seja questionado quanto mais
desafiado. Para os capitalistas que estão no topo do mundo, a solução é
desconstruir, criminalizar e judicializar o processo político, administrativo e
partidário.
E explico: quando o poder
econômico e financeiro quer restabelecer o que ele considera suas
"perdas", simplesmente financia a queda do mandatário considerado
contrário aos seus interesses, seja pelo golpe tradicional, que se resume em
uma quartelada, ou pela nova modalidade de golpe na América Latina, que é o
jurídico-parlamentar, como ocorreu em Honduras e no Paraguai, bem como tentado
inúmeras vezes na Venezuela, no Equador, na Argentina e na Bolívia, os três
últimos países com intensidade um pouco menor em relação à nação de Hugo
Chávez.
Contudo, a direita liberal e
dependente da América Latina e, especificamente, do Brasil não se cansa de
desmoralizar os políticos, sendo que parte importante dos parlamentares e governantes
é financiada pelo próprio sistema de capitais, que, em contrapartida, os chama
de corruptos e ladrões, ao tempo que seus políticos mesmo desmoralizados
diuturnamente pelas mídias tratam de atender e concretizar os interesses dos
grandes capitalistas.
A imprensa familiar e os
segmentos conservadores da sociedade desqualificam os políticos porque o
objetivo é assumir o protagonismo na política e no lugar deles determinar e
definir a pauta a ser discutida no País, ao invés de ser o Governo. Um
absurdo, mas a luta para tutelar o poder público, e, evidentemente, o povo
brasileiro, é o que acontece por parte dos coronéis midiáticos e de quem está
junto com eles.
Mesmo assim não basta apenas o
trabalho de desconstrução política levada a cabo também por alguns atores dos
legislativos, do Judiciário, do Ministério Público e das diferentes polícias.
Para derrotar políticos nacionalistas, de esquerda e destinatários de milhões
de votos do povo brasileiro, a exemplo dos esquerdistas moderados, Lula e
Dilma, torna-se imperativo ao status quo contar com a máquina de moer
reputações dos magnatas bilionários de imprensa e sonegadores de impostos.
Estes, sim, com a cooperação de
seus empregados de confiança fazem a parte mais suja do processo de jogar os
nomes das pessoas na lama, sem, contudo, responderem por seus crimes de
calúnia, injúria e difamação. Impunidade total, como se essa gente não fizesse
parte da sociedade e por isto acima das leis. Surreal! É porque,
inacreditavelmente, no Brasil do século XXI e na metade de sua segunda década,
ainda não se efetivou o marco regulatório para as mídias. Sendo assim, viceja a
atua neste País de 210 milhões de habitantes, de economia diversificada e
industrializada, uma imprensa meramente de mercado, de péssima qualidade editorial
e de caráter essencialmente golpista.
Isto mesmo. Se não fosse a
imprensa empresarial o Brasil estaria muito mais avançado socialmente, porque,
como moedora da reputação alheia, seus donos, os coronéis midiáticos de almas
provincianas e corações sectários, não teriam um poder político absurdo, porém,
inaceitável a um País industrializado e que deseja ser desenvolvido e
civilizado. Um poder inadmissível, porque vazio de voto popular. Trata-se
apenas de empresários, que pensam em lucros, como qualquer empresário.
Outrossim, a dimensão que tomou a
propaganda negativa contra o Governo Trabalhista e o apoio, irrestrito e
incondicional, aos partidos (PSDB, DEM, PPS e derivados), que representam a
plutocracia nacional é algo brutal e não coopera e conspira para que a Nação
seja desenvolvida e civilizada.
Dilma deixou claro, na Finlândia,
que o Governo que está a prender corruptos e corruptores é o dela. Além disso,
a mandatária deu a entender que reagirá às tentativas de destituí-la do poder,
como se o Brasil, a sexta economia mais poderosa do mundo fosse uma
republiqueta das bananas, o que, definitivamente, é inaceitável para as pessoas
que não são portadoras de um incomensurável e inenarrável complexo de
vira-latas, bem como irredutivelmente nada propensas a beijar a mão do
Mickey, em Orlando, para bancar o Pateta.
Gostei muito do parágrafo acima,
porque ele traduz, fidedignamente, o provincianismo, a subserviência, a
subalternidade e o pensamento colonizado de certas classes médias coxinhas,
que, ridiculamente, são cúmplices dos interesses dos ricos, que jamais as
convidam para participar de seus regabofes e comezainas. Afinal, a plutocracia
não abriria mão de ser pedante e arrogante com aqueles que são, na verdade,
seus empregados, mesmo os que assumem cargos de confiança e ganham salários
altos. Ponto.
Os plutocratas querem dinheiro e
influenciar no processo político para controlar os fundamentos econômicos que
serão implementados por quaisquer governos. Se o presidente no poder
"fecha" com os interesses da casa grande, poderá governar
relativamente em paz. Do contrário, oposição feroz e desleal, baseada na
mentira, que é o primeiro e último degrau de uma campanha sórdida e violenta
que sofre a presidente Dilma Rousseff.
Quem viver verá. Impeachment é golpe e o golpe foi derrotado. É isso aí.
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