terça-feira, 20 de outubro de 2015

Contraponto 17.982 - "Para Lewandowski, ideal seriam só cinco partidos"

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20/10/2015

 

Para Lewandowski, ideal seriam só cinco partidos

 

Jornal GGN - ter, 20/10/2015 - 10:08 - Atualizado em 20/10/2015 - 10:09  

 

Jornal GGN - Nesta segunda-feira (19), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, defendeu a reforma política e redução no número de partidos, em palestra no Inter-American Dialogue, em Washington. Para o ministro, um país democrático deve ter, no máximo, cinco legendas, contra as atuais 32 no Brasil. “Tenho certeza de que um país democrático não tem mais do que cinco partidos políticos –um no centro, centro-esquerda, esquerda, centro-direita e direita. É o suficiente, mesmo em um sistema parlamentarista.”
 
Para o ministro, o elevado número de partidos torna difícil a obtenção de consensos e obriga o Supremo a atuar em questões delicadas, como o financiamento de campanhas eleitorais. Ele também afirmou que a crise vivida pelo país reflete turbulências internacionais. . “A crise política e econômica do Brasil não é apenas nossa. Isso é algo que está acontecendo pelo mundo".

Do Estadão

Lewandowski defende reforma política e diz que país democrático deve ter só 5 partidos

 

Cláudia Trevisan

Com uma citação ao iraquiano Saddam Hussein, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, disse nesta segunda-feira em Washington que a reforma política é “a mãe de todas as reformas no Brasil” e deve começar com a redução no número de partidos. Em sua opinião, um país democrático deveria ter no máximo cinco legendas –o Brasil tem hoje 32.

“Como vocês lembram, Saddam Hussein disse que ele lutaria a mãe de todas as batalhas na Guerra do Golfo. Eu diria que a reforma política é a mãe de todas as reformas no Brasil. Deveria ser a primeira reforma”, declarou Lewandowski em palestra no Inter-American Dialogue, em Washington. 

Naquele conflito, os EUA lideraram a coalização que lutou contra os iraquianos depois que Saddam invadiu o Kuwait, em 1990.

Lewansdowski fez uma autocrítica da decisão do STF de 2006 que considerou inconstitucional a cláusula de barreira. “Nós estamos refletindo se cometemos um erro naquele momento”, observou. “Tenho certeza de que um país democrático não tem mais do que cinco partidos políticos –um no centro, centro-esquerda, esquerda, centro-direita e direita. É o suficiente, mesmo em um sistema parlamentarista.”

O presidente do Supremo disse que a decisão tomada em 2006 foi motivada pela preocupação de preservar partidos pequenos históricos ou muito ideológicos, que ficariam impossibilitados de ter acesso a financiamento público, tempo na TV e no rádio e participação de comissões do Congresso. Lewandowski lembrou que em audiência pública recente na Câmara dos Deputados ele disse aos parlamentares que nada impede a aprovação de uma nova lei que estabeleça limites para a existência de partidos políticos no Brasil.

Lewandowski avaliou que o grande número de partidos políticos dificulta a obtenção de consensos e obriga o STF a se manifestar sobre questões “delicadas”, entre as quais mencionou o financiamento de campanhas eleitorais. Nesse caso, lembrou, o tribunal concluiu que a doação de recursos por empresas privadas contraria os princípios democráticos. “A Suprema Corte americana tem uma posição diferente nessa questão”, observou. Nos EUA, decisões do tribunal liberaram doações para comitês que promovem posições políticas específicas, o que ampliou a influência do financiamento privado nas eleições.

Em uma coincidência com o discurso do governo Dilma Rousseff, o presidente do STF disse que parte da crise vivida pelo Brasil reflete turbulências internacionais. “A crise política e econômica do Brasil não é apenas nossa. Isso é algo que está acontecendo pelo mundo”, afirmou, citando países europeus, guerras civis no Oriente Médio, Ucrânia e problemas na América do Sul. “Concordo que temos problemas internos, mas nós passamos por uma situação extrema. Isso é muito claro para mim e acredito que para muitos outros brasileiros”, disse, ressaltando que ainda vê o Brasil como “o país do futuro”.
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