28/10/2015
O contra-ataque de Lula, por Janio de Freitas
Lula tem mantido a cabeça fria, certo de que não há o que temer na realidade, mas, a esta altura, convencido que é preciso “dar batalha” a uma campanha de agressões que, agora, entrou em sua própria casa.
O “paz e amor” que ele, há quase década e meia, incorporou, tem resistido, mas para tudo há limites.
Lamentavelmente – e não por iniciativa dele – 2018 começou.
Lula, Janio de Freitas observa argutamente desde o título de seu artigo de hoje, na Folha, é um filho da política e talvez seja com essa carga genética que, a partir de hoje, dia do seu aniversário de 70 anos, que lhe reste apenas o caminho da redação.
E a um filho da política, a reparação das ofensas, calúnias e, agora, da invasão de sua própria família, chama-se voto popular.
Filho da Política
Janio de Freitas, na Folha
A busca feita pela Polícia Federal na empresa de Luis Cláudio
Lula da Silva é a chegada a um objetivo longamente perseguido por
adversários extremados do ex-presidente e mesmo por numerosa corrente de
delegados da PF: os Lula da Silva sob investigações criminais. Se com
motivação justificada ou não, toda informação por ora é precária, apesar
da autorização judicial para a busca.
Qualquer que seja a resposta futura, uma certeza ficou
estabelecida desde a chegada da PF, às 6 horas da manhã, à LFT Marketing
Esportivo: a par do seu formalismo apenas policial/judicial, é um fato
político. Importante. Além dos reflexos imediatos que possa gerar, tem
propensão a projetar efeitos sobre o futuro da política brasileira.
(Concordo com você: se há uma coisa que parece não ter futuro no Brasil,
é a política. Mas terá que inventar algum.)
Fala-se muito na candidatura de Lula em 2018. Indício confiável,
nesse sentido, nenhum. Agora, porém, dá-se o tipo do fato que empurra
para definições os temperamentos, pessoais e políticos, como o de Lula: o
explosivo contido à força, na sua percepção real ou elaborada de
injustiças, e mágoas, e gana de dar sua resposta aos fatos devedores.
Caso não se mostre justificado o capítulo que a Polícia Federal
iniciou com a operação na empresa de Luis Cláudio, a consequência mais
provável é que Lula se lance à reconquista do poder. Com a determinação
de quem vê uma só reparação à altura, vital mesmo. A realidade
brasileira já está semeada para uma tal disposição.
A hipótese contrária, de implicação de Luis Cláudio com condutas
criminais comprováveis, não teria efeito menos forte, embora oposto. Não
é provável que sobrasse a Lula determinação para ter ainda um papel de
relevo na política. E o PT sem Lula? Campo aberto para a ascensão dos
seus adversários de sempre, depois de se devorarem no esforço comum de
ver se algum deles adquire trejeitos de líder político.
Há o que apreciar, portanto. Mas não só dos atores citados. Os
silenciados são, talvez, ainda mais interessantes. E a operação na
empresa de Luis Cláudio abriu uma fresta na cortina que os protege.
A PF lá esteve como parte das investigações que se desenvolvem
(?) em torno do poderoso sistema de corrupção há anos e anos vigente no
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – Carf, a instância em que
se decidem as pendências entre grandes devedores de impostos e a Receita
Federal. Por motivos que dispensam referência, essas investigações não
produzem em agentes e responsáveis a ânsia de vazamentos já conhecida. E
o pouco que vaza pende muito mais para as gavetas do que para a
divulgação. Parte da mesma operação, a busca na empresa de Luis Cláudio
Lula da Silva pende, porém, para as impressoras, a tv, o rádio e a
internet.
As investigações no Carf, chamadas de Operação Zelotes, tanto têm
se ocupado de condutas de má-fé, como de questões polêmicas em que o
apontado devedor ou não o é, ou é sem intenção. Há grandes meios de
comunicação nas três situações. No seu caso, procedem todos para evitar
noticiário escandaloso, comprometedor e talvez injusto. Poderiam fazer
disso tanto um mea culpa, como um aprendizado, tardio embora.
. .
É impressionante a ininputabilidade do PSDB. Para o lado contrário bastam boatos. Até quando teremos que conviver com a falta de republicanismo de certas instituições de forma tão descarada eu não sei. Mas tenho certeza que a falta de credibilidade será muito afetada nessas instituições.Perdemos todos e perde tempo o aperfeiçoamento de nossa democracia, cuja consolidação será inexorável para desespero de golpistas de plantão. Afinal mais cedo ou mais tarde a verdade prevalecerá.
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