29/10/2015
Cunha é fruto de um sistema político podre, por Luiz Ruffato
Do Jornal GGN - qui, 29/10/2015 - 09:34
Jornal GGN - O escritor mineiro
Luiz Ruffato fala sobre a "situação bastante inusitada", mas ao mesmo
tempo confortável, vivida pelo presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha. Ele diz que, apesar das evidências concretas das contas
na Suíça do deputado, "alimentadas por propinas amealhadas no esquema de
corrupção da Petrobras", não há interesse do governo e nem da oposição
em impedir o mandato do parlamentar.
Para Ruffato, Eduardo Cunha é fruto de
um sistema políco podre, "engendrado pela mentalidade nacional cínica",
da qual todos nós compartilhamos todos, seja por ignorância, interesse
ou omissão. O escritor também ressalta as pautas conservadores
defendidas pelo deputado, contra direitos elementares dos homossexuais e
das mulheres e a favor dos fabricantes de armas, assinalando que elas
representam a opinião média do brasileiro.
Enviado por Odonir Oliveira
Do El País
Cunha é fruto de um sistema político podre, engendrado pela mentalidade nacional cínica
Luiz Ruffato
O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vive uma situação bastante inusitada – e estranhamente confortável. Embora existam evidências concretas de
que mantém contas secretas na Suíça, alimentadas por propinas
amealhadas no esquema de corrupção da Petrobras, a ninguém interessa seu
impedimento – nem ao governo, que passando por cima de questões éticas e
morais, negocia de forma escandalosa a sobrevivência da presidente Dilma Rousseff,
nem à oposição, que da mesma maneira, mas por razões contrárias,
imagina-o um aliado contra o PT. A este ponto chegamos no Brasil: não há
mais amigos, parentes, companheiros, seguidores, correligionários,
apenas cúmplices.
O mais assustador é constatar que
Eduardo Cunha é fruto de um sistema político podre, engendrado pela
mentalidade nacional cínica, predatória e egoísta, da qual
compartilhamos todos, por ignorância, omissão ou interesse.
Hipocritamente conservador, Cunha, falando em nome de Deus, ergue bandeiras contra direitos elementares dos
homossexuais e das mulheres e a favor dos fabricantes de armas.
Discurso que repetem mesmo aqueles que torcem o nariz para o deputado,
pois a maior parte da população refuta o aborto,
odeia os gays e acredita que a solução para a violência urbana é cada
um possuir seu próprio equipamento de defesa pessoal. Portanto, Cunha
representa a opinião média do brasileiro e não só, como apontam alguns,
mergulhados no preconceito, a visão de gente pobre e evangélica,
responsável nas últimas eleições pela maioria dos 230.000 votos obtidos
por ele em um dos estados mais progressistas da nação, o Rio de Janeiro.
Vale a pena repassar a carreira política
de Eduardo Cunha, pois trata-se de uma trajetória emblemática.
Economista, o jovem executivo tornou-se, em 1989, tesoureiro estadual da
campanha de Fernando Collor à Presidência da República, a convite de
Paulo César Farias, de triste memória.
Como recompensa pelo seu
desempenho, ganhou a presidência da Telerj, estatal de telecomunicações,
onde teve seu nome envolvido em um escândalo durante o processo de
implementação da telefonia celular no estado. No exercício do cargo,
prestou um favor a Francisco Silva, dono da rádio Melodia, líder de
audiência entre os evangélicos, arrumando-lhe uma linha telefônica,
coisa raríssima na época.
.
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