segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Contraponto 18.517 - "Por que Chico Buarque sofreu ataques?"


Democracia e Conjuntura


Por que parar o Chico Buarque de madrugada, no meio da rua, para um esculacho?

A resposta é até simples.

O Chico representa a sofisticação e a genialidade singela, a beleza e o som que as elites imaginam ser de sua exclusividade.

Chico, filho da mais fina flor da aristocracia intelectual paulista, não se aliou – e nem se aliaria – aos gritos raivosos balbuciados contra o PT, contra as classes populares, contra o processo de igualização das condições sociais no país (o que Tocqueville chamaria, inclusive, democracia).

Chico não é a imagem especular das elites – ou pretensas elites – tucanas. Chico representa, a contrário senso, o que estas elites deveriam ser e não são. E isso as irrita profundamente.

Chico é original, enquanto os truculentos playboys do Leblon são uma cópia tosca, pretensiosa e vazia, perdida em devaneios de exclusivismo e revoltadas off line pela sua situação política kirch e por suas inteligências precarizadas e de aluguel.

E o gozo perverso desses moleques anabolizados pelo dinheiro expropriado do trabalho alheio é destruir tudo aquilo que não é espelho. Narcisismo voraz e inculto, que se locupleta da violência enquanto forma de manifestação cultural.

Os filhos e netos da elite vagabunda do Leblon, ao atacarem Chico Buarque, sinalizam qual o seu projeto de país, qual a compreensão de sociedade que chancelam: querem do Brasil a extração fácil das distinções e o reconhecimento dos privilégios que estão se esvaindo numa velocidade cada vez mais acelerada.

E Chico Buarque representa exatamente o lugar que eles nunca irão alcançar. Para o bárbaro, aquilo que não se compreende ou se controla, aquilo que não se alcança nem se alcançará, deve ser destruído.

Com relação a este, infelizmente, não há espaço para o diálogo. O que resta é apenas o império da lei.

Mas Chico está acima da necessidade de reconhecer estes indivíduos através de um processo penal.

Preferirá o mais simples desprezo. E uma nota musical do tipo "Vai trabalhar, vagabundo!".
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