O Ajuste Levy (até hoje), a crise e os interesses das Grandes Potências
Samuel Pinheiro Guimarães
O
Brasil não se encontra em um vácuo econômico e político mundial, pois o
Brasil não é um pequeno país de qualquer ponto de vista, seja de
território, de população, de recursos naturais, de parque econômico.
Além
de tudo aquilo que seus trabalhadores e empresários conquistaram e
construíram, o Brasil tem um enorme potencial econômico em termos de
mercado, de recursos naturais, de parque industrial, agrícola e de
serviços instalados. E um enorme potencial político.
Mas o Brasil se encontra no meio, e sofrendo os efeitos, de uma persistente, quase crônica, crise econômica internacional.
E
duas graves disputas políticas, em esferas regionais, se desenrolam
entre os Estados Unidos e a Rússia e entre os Estados Unidos e a China,
com consequências para a América do Sul.
A
Operação Lava Jato e o Ajuste Levy (que esperamos possa ser abandonado
com a substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa) criaram uma crise
econômica interna de graves consequências e seu desenrolar tem se
verificado muito útil às Grandes Potências, inclusive aos interesses da
China.
Ao
lado dos efeitos catastróficos do Ajuste Levy, a economia e o Estado,
às vésperas de um necessário programa de expansão da infraestrutura
brasileira, em que extraordinários recursos terão de ser investidos pelo
Estado, são atingidos pela Operação Lava Jato.
Esta
Operação, executada através de um sistema autoritário de delações
premiadas, seletivamente vasadas para a imprensa, e de punições
extremas, sem condenação final, de executivos das principais empresas
brasileiras de capital privado as tornam vulneráveis a aquisição por
megaempresas multinacionais de engenharia, em nome de um moralismo
unilateral e midiático, que tem data no tempo, pois, até 2003, como
todos sabemos, o Brasil vivia no paraíso das virgens e dos anjos
emplumados de longos bicos.
O
fracasso do Ajuste Levy, que criou a recessão e o desemprego, através
de altíssimas taxas de juros, do corte de investimentos auto-justificado
pela queda das receitas tributárias, permitiu, apesar de fracassado,
que executassem seus objetivos ocultos de privatização, flexibilização
do mercado de trabalho, redução das conquistas e programas sociais e
desnacionalização, com o objetivo de agradar ao “Mercado”, sempre
insaciável.
Executam
um programa de privatização, disfarçado de venda de ativos das empresas
estatais, tal como a alienação de dois dos mais lucrativos campos do
pré-sal; está em curso um processo de desnacionalização da economia, sem
que haja qualquer reação das autoridades, como mostram os episódios
recentes da compra de 27% da AZUL pelos chineses, e do IBMEC, por 750
milhões, por uma empresa americana, entre dezenas de outras aquisições,
inclusive nas áreas estratégicas da educação e da saúde.
Os
movimentos sociais defendem a democracia contra o golpismo e a
legitimidade do mandato da Presidente Dilma Roussef, e deixam claro que
este apoio se verifica na medida em que a Presidenta execute um programa
de desenvolvimento e abandone o programa de recessão e desemprego, que é
o Ajuste Levy, ou que nome tenha.
É
indispensável e urgente que os movimentos sociais enxerguem para além
da situação interna e indaguem a quem, no exterior, o Ajuste Levy e a
recessão estão beneficiando.
O
Brasil, como projeto de fortalecimento de uma economia mista
capitalista, com inclusão social e soberania externa, está sendo
desarticulado pela ação dos grupos conservadores que, no Brasil,
adotaram a ideologia econômica neoliberal em sua forma extremada, em
aliança com aquelas Grandes Potências, e seus pequenos associados, a
quem não interessa o desenvolvimento autônomo do Brasil e a emergência
de uma nova Potência.
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