Mais uma bomba no telhado de vidro de Temer
Brasil 247 - 25/06/2016
Alex Solnik
Somado ao 1,5 milhões de propina
denunciados e reafirmados por Sérgio Machado já são 2,5 milhões de
propina nas costas do presidente interino.
A reportagem traz uma descrição detalhada do caminho da propina, sem deixar margem a dúvidas.
As duas acusações referem-se ao
período em que Temer foi – como ainda é – vice-presidente da República.
Podem ser usadas, portanto, como argumentos para ser aberto um processo
de impeachment dele, muito mais contundente do que o que foi engavetado
por Eduardo Cunha, que diz respeito às mesmas pedaladas fiscais usadas
contra Dilma.
O detalhe é que tem que ser
deflagrado enquanto ele ainda é o vice-presidente. Se o impeachment for
confirmado, quando agosto vier, essas bombas perdem seu efeito, segundo a
constituição-cidadã de 1988.
A notícia deverá ser repercutida
nos demais meios de comunicação das Organizações Globo (dona da revista
Época), tais como suas rádios, sites e, principalmente, no Jornal
Nacional que tem sido uma das principais fontes dos pesadelos de Temer.
Embora a TV Globo tem sido acusada
de “golpista”, por ter insuflado seus 30 milhões de telespectadores a
saírem nas ruas para pedir o impeachment de Dilma, não se pode esquecer
que, em 1989 a mesma Globo apoiou acintosamente Fernando Collor na
disputa com Lula, mas, em 1992, diante das inequívocas provas de sua
corrupção, ajudou a derrubá-lo, pois, tal como nas suas novelas, no
Jornal Nacional também o Bem tem que vencer o Mal. Nada a estranhar,
portanto.
Mas não é só para ficar ao lado do
Bem que a Globo resolveu mostrar a verdadeira face do governo Temer
antes que seu governo provisório se torne definitivo. Temer cometeu o
erro primário de entregar o importante ministério da Indústria e
Comércio à TV Record, principal concorrente da Globo no ibope e,
portanto, na divisão das verbas de propaganda que escassearam nos
últimos tempos.
Nenhum governo, nos últimos
cinquenta anos, desmanchou-se tão rapidamente como este. Jânio, com
todas as suas excentricidades aguentou-se quase oito meses; Jango,
fustigado aqui dentro e de fora para dentro ficou três anos; Collor, à
frente da sua República de Alagoas segurou-se por dois anos; mas o
governo interino de Temer, em pouco mais de um mês já balança, balança,
balança.
Se a Câmara dos Deputados não
estivesse conturbada como está, uma verdadeira Casa da Mãe Joana onde
ninguém sabe quem manda, nem o STF fosse tão lento, devagar quase
parando, essas bombas já teriam explodido o Jaburu.
De qualquer modo, o telhado de vidro de Temer está aos cacos e seu discurso ético cada vez mais abafado.
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