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27/06/2016
Gleisi Hoffmann critica a operação policial em sua casa
Jornal GGN – Em coluna
no Blog do Esmael, a senadora Gleisi Hoffmann fala sobre a operação que
levou à prisão preventiva do seu marido, o ex-ministro das Comunicações,
Paulo Bernardo. “Tenho certeza de que não participou ou se beneficiou
de um esquema como o que estão acusando-o. Ele sabe que eu nunca o
perdoaria!”, garante a senadora.
Para ela, houve abuso na condução das
buscas. E um uso excessivo do aparato policial com o objetivo de gerar
impacto midiático. “A operação montada para a busca e apreensão em nossa
casa e para a prisão do Paulo foi surreal. Até helicópteros foram
usados, força policial armada, muitos carros! Pra que isso, chamar
atenção? Demonstração de força? Humilhação? Gasto de dinheiro público
desnecessário, é isso!”.
Os motivos são políticos. “Foi uma clara
tentativa de humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma, que
colheu muitos elogios no exercício de seu cargo. É também uma tentativa
de abalar emocionalmente o trabalho de um grupo crescente de senadores
que discordam dos argumentos que ora vêm sendo usados para afastar uma
presidenta, legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos”.
A senadora diz que é contra a
prerrogativa de foro privilegiado, mas exige que a polícia trate com
respeito todo cidadão. “Nas remexidas em minha casa, sequer o computador
que meu filho adolescente utiliza em seus trabalhos escolares foi
poupado. Agora, é prova de processo criminal. Senti naquele momento todo
o mal que pode causar o controle de segmentos do Estado sem limitações.
Tentei impedir. Disseram que iriam devolvê-lo no mesmo dia. Sou uma
pessoa de fé. Acreditei e liguei no final da tarde de quinta-feira
porque meu guri sente falta do computador que usa para jogar e
comunicar-se com os amigos. Responderam que só hoje, segunda, 26,
começariam a analisar o disco rígido e não há mais data para devolvê-lo.
Buscavam achar dinheiro? Cofres? Documentos que pudessem nos
incriminar? Não acharam nada, nada! O que provavelmente tenha frustrado a
operação espetáculo”.
Abaixo, a íntegra do artigo:
Do Blog do Esmael
Por Gleisi Hoffmann
A prisão de Paulo Bernardo foi um
despropósito do princípio ao fim. Prisão preventiva? Prevenir o que? Um
processo iniciado em meados de 2015, sem nenhuma diligência feita,
nenhuma oitiva realizada, mesmo por diversas vezes ter ele solicitado
para depor?
Qual risco oferecia meu marido à ordem
pública? A instrução processual? A aplicação da lei? Sempre esteve à
disposição das autoridades, em endereço conhecido, há mais de dois anos
não ocupa nenhum cargo público, é aposentado pelo Banco do Brasil,
depois de 38 anos de contribuição previdenciária.
Conheço o Paulo há muitos anos. Sei de
suas virtudes e de seus defeitos. Sei especialmente o que não faria.
E
não faria uso de dinheiro alheio para benefício próprio. Não admitiria
desvios de recursos públicos para sua satisfação ou da família. Tenho
certeza de que não participou ou se beneficiou de um esquema como o que
estão acusando-o. Ele sabe que eu nunca o perdoaria!
O patrimônio que construímos ao longo de
nossa vida nem de perto chega ao que estão acusando-o de ter se
beneficiado. São dois imóveis adquiridos antes de 2004 e um, no qual
moramos em Curitiba, adquirido em 2009, financiado junto ao Banco do
Brasil, por 20 anos. É uma dívida, mais que do que um patrimônio,
constantes das declarações de imposto de renda.
A imprensa noticiou nosso apartamento
como uma grande cobertura. O condomínio tem 160 apartamentos, com vários
prédios pequenos. O que dizem ser cobertura é o último apartamento, no
oitavo andar, um pouco maior que os demais. É confortável, jamais
luxuoso.
A operação montada para a busca e
apreensão em nossa casa e para a prisão do Paulo foi surreal. Até
helicópteros foram usados, força policial armada, muitos carros! Pra que
isso, chamar atenção? Demonstração de força? Humilhação? Gasto de
dinheiro público desnecessário, é isso!
Foi uma clara tentativa de humilhar um
ex-ministro nos governos Lula e Dilma, que colheu muitos elogios no
exercício de seu cargo. É também uma tentativa de abalar emocionalmente o
trabalho de um grupo crescente de senadores que discordam dos
argumentos que ora vêm sendo usados para afastar uma presidenta,
legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos.
O que vemos é a mesma e repetida
seletividade que vem marcando decisões do Ministério Público e de juízes
que promovem carnavais midiáticos contra alguns políticos, ao mesmo
tempo em que protegem e retardam decisões de outros, sobre os quais há
provas mais do que suficientes para uma ação contundente, definitiva.
Não estou aqui a reclamar o respeito
como parlamentar com mandato popular e prerrogativa de foro, sobre o
qual, aliás, já me manifestei contrária e assinei uma Proposta de Emenda
Constitucional para extingui-lo.
Mas o respeito com que qualquer mulher
ou homem deve ser tratado por agentes de estado, principalmente os que
exercem a função policial. Senti na própria pele o que aflige
diariamente milhares de pessoas, homens e mulheres, atingidos pelo abuso
do poder legal e policial.
Nas remexidas em minha casa, sequer o
computador que meu filho adolescente utiliza em seus trabalhos escolares
foi poupado. Agora, é prova de processo criminal. Senti naquele momento
todo o mal que pode causar o controle de segmentos do Estado sem
limitações. Tentei impedir. Disseram que iriam devolvê-lo no mesmo dia.
Sou uma pessoa de fé. Acreditei e liguei no final da tarde de
quinta-feira porque meu guri sente falta do computador que usa para
jogar e comunicar-se com os amigos. Responderam que só hoje, segunda,
26, começariam a analisar o disco rígido e não há mais data para
devolvê-lo. Buscavam achar dinheiro? Cofres? Documentos que pudessem nos
incriminar? Não acharam nada, nada! O que provavelmente tenha frustrado
a operação espetáculo.
Minha luta aqui e agora é pela
restauração da dignidade do nome de meu companheiro, duramente atingido
pelas precipitações do noticiário. Sei que é uma cruzada difícil,
contrariar a onda corrente.
Ainda não encontrei alívio para a minha
dor, para a dor dos nossos filhos, apesar do testemunho de amigos e
companheiros que, mesmo na adversidade, não perdem a fé e ousam falar
com coragem, o melhor instrumento de combate que temos.
Quero agradecer aqui, publicamente,
minha bancada de senadores e senadoras, que na primeira hora fizeram-me
uma linda nota de solidariedade. Também a todos e todas que externaram
carinho, confiança e apoio através de telefonemas, e mails, mensagens.
Muito obrigada aos que se solidarizaram
comigo e com todas as pessoas da minha família. Tudo que tenho para
oferecer de volta é a minha amizade e compromisso na luta por um mundo
melhor. Podem contar comigo. Hoje e sempre.
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