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16/06/2016
Se fosse Dilma ou Lula, Temer já teria caído. Por Mário Magalhães
Do ótimo blog do Mário Magalhães, de leitura obrigatória, sempre:
Notícia de dezembro, o que nesses tempos soa como pretérito
mais-que-perfeito: “O procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
reuniu indícios de que o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), recebeu
R$ 5 milhões do dono da OAS, José Adelmário Pinheiro, o Leo Pinheiro, um
dos empreiteiros condenados em decorrência do escândalo da Petrobras”.
Numa troca de mensagens, conforme Janot, “Eduardo Cunha cobrou Leo Pinheiro por ter pago, de uma vez, para Michel Temer a quantia de R$ 5 milhões, tendo adiado os compromissos com a ‘turma”’. A turma é outra turma do PMDB, agremiação integrada pelo antigo mandachuva da Câmara e pelo atual ocupante do Planalto.
Nesta quarta-feira, mais novidade. De acordo com depoimento de Sérgio Machado, peemedebista ex-presidente da Transpetro, o então vice Temer combinou com ele propina para campanha eleitoral de Gabriel Chalita. Machado é correligionário de Temer.
O ex-capo da subsidiária da Petrobras afirmou que Temer retomou o comando do partido em 2014 para administrar a partilha de R$ 40 milhões encaminhados por fora pelo PT (!), pois chefões do PMDB na Câmara e no Senado se digladiavam pelo butim.
Na investigação do mensalão, inexistiu descrição de participação direta do presidente Lula na bandalheira _o que não impede a especulação, legítima, sobre se houve ou não.
Nas falcatruas na Petrobras, não há denúncia de que Dilma tenha embolsado dinheiro.
Na dita delação premiada de Sérgio Machado, a presidente deposta não é mencionada, ao contrário de Temer.
É claro que os companheiros do ex-chefe da Transpetro só podem ser acusados e condenados se houver provas além da versão. Seja prova oferecida pelo próprio Sérgio Machado, seja colhida em apurações complementares.
Mas se evidencia novamente tratamentos diferentes, dois pesos e duas medidas.
Se em vez de Michel Temer o personagem vinculado a valores como R$ 5 milhões e R$ 1,5 milhão fosse Dilma Rousseff ou Luiz Inácio Lula da Silva, a casa teria ido abaixo. Bradariam por deposição, renúncia. “Fora com a corrupção!”
É possível que não diluíssem as declarações sobre o presidente-do-dia num pacote em que Aécio Neves às vezes recebe mais atenção que a pessoa no exercício da Presidência da República.
Talvez Renan Calheiros não ofuscasse o titular do Planalto, como hoje.
(Não que os dois senadores não mereçam atenção e escrutínio, muito pelo contrário.)
Dilma e Lula provavelmente já teriam caído. Ao menos, agonizariam.
Com Temer, o papo é outro.
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