23/06/2016
Senado quer anular efeito de busca em apartamento de Gleisi Hoffmann
Jornal GGN – O Senado
Federal recorreu ao Supremo para anular os mandados de busca e apreensão
cumpridos no apartamento da senadora Gleisi Hoffman no âmbito da
Operação Custo Brasil.
De acordo com a advocacia do Senado, a
6ª Vara Federal de São Paulo, responsável pela operação, não poderia ter
autorizado os mandos na casa da senadora. A atribuição deveria ser da
Corte Suprema.
Agora, corre-se o risco de que sejam consideras nulas as provas que eventualmente tenham sido coletadas.
Políticos do PT, como o senador Lindberg
Farias, acham estranho que a operação tenha sido deflagrada em pleno
processo de oitivas das testemunhas de defesa de Dilma Rousseff no
processo de impeachment.
Da Agência Brasil
Por André Richter
O Senado Federal recorreu hoje (23) ao
Supremo Tribunal Federal (STF) para anular os mandados de busca e
apreensão cumpridos no apartamento funcional da senadora Gleisi Hoffmann
(PT-PR), durante Operação Custo Brasil.
O questionamento foi motivado pela
prisão do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, marido da
senadora. Pela manhã, Bernardo foi preso no apartamento funcional da
parlamentar, em Brasília.
Na petição, a advocacia do Senado
sustentou que o juízo da 6ª Vara Federal de São Paulo, responsável pela
operação, não poderia ter determinado o cumprimento dos mandados na
residência funcional da senadora, por se tratar de uma extensão das
dependências do Senado, cuja atribuição seria da Corte Suprema. Para a
Casa, Gleisi foi vítima de uma atuação ilegal.
Violação
“Demonstra-se que houve grave
imprudência – senão dolo – na decisão impugnada, que, com plena ciência
acerca das repercussões da busca e apreensão para pessoa sujeita ao foro
por prerrogativa de função perante o Supremo Tribunal Federal, ainda
assim determinou essa diligência – em imóvel dos próprios do Senado
Federal, sujeito, portanto, à imunidade de sede constitucional –, em
clara violação à regra de competência constitucional do STF”, argumentou
o Senado.
Na decisão sobre a busca e apreensão de
documentos e a prisão, o juiz Paulo Bueno de Azevedo determinou aos
agentes da Polícia Federal que, em função do foro privilegiado,
eventuais provas encontradas contra a senadora sejam encaminhadas ao
Supremo. No despacho, o magistrado também ressaltou que Gleisi não é
investigada e, portanto, a busca no apartamento funcional não é óbice às
investigações da primeira instância.
As suspeitas envolvendo Paulo Bernardo
surgiram na Operação Lava Jato e foram remetidas ao Supremo.
Em setembro
do ano passado, a Corte enviou a investigação para a Justiça de São
Paulo, por entender que os fatos não fazem parte apuração da Lava Jato.
Operação Custo Brasil
De acordo com a investigação, o
ex-ministro Paulo Bernardo recebia recursos de um esquema de fraudes no
contrato para gestão de empréstimos consignados no Ministério do
Planejamento. Os serviços da Consist Software, contratada para gerir o
crédito consignado de servidores públicos federais, eram custeados por
uma cobrança de cerca de R$ 1 de cada um dos funcionários públicos que
solicitavam o empréstimo. Desse montante, 70% eram desviados para
empresas de fachada até chegar aos destinatários, entre eles o
ex-ministro.
Em nota, advogados do ex-ministro
informaram que o "Ministério do Planejamento se limitou a fazer um
acordo de cooperação técnica com associações de entidades bancárias,
notadamente a ABBC e SINAPP, não havendo qualquer tipo de contrato
público, tampouco dispêndios por parte do órgão público federal.
Ainda
assim, dentro do Ministério do Planejamento, a responsabilidade pelo
acordo de cooperação técnica era da Secretaria de Recursos Humanos e,
por não envolver gastos, a questão sequer passou pelo aval do ministro."
Em nota, o PT, que também foi alvo de
busca em sua sede nacional em São Paulo, classificou a operação como
“desnecessária e midiática”. “O PT, que nada tem a esconder, sempre
esteve e está à disposição das autoridades para quaisquer
esclarecimentos”, declarou o partido.
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