Por Carlos Fernandes
Por que Cláudia Cruz e Daniela Cunha não estão fazendo companhia a Andrea Neves na prisão?
Nos estarrecedores vídeos da delação premiada dos donos da JBS, ficou claro, e provado, que o silêncio do gangster Eduardo Cunha estava sendo comprado através de generosas mesadas que somaram-se cerca de R$ 5 milhões após a sua prisão.
Ainda segundo o delator, Joesley Batista, quem recebia o dinheiro era uma espécie de “faz-tudo” do ex-deputado, Altair Alves Pinto, “velho amigo” e ex-funcionário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Nos áudios gravados por Joesley, foi justamente quando este explicava a Michel Temer a forma que havia encontrado para manter Cunha calado que o ainda presidente teria proferido a sua famosa aprovação: “Tem que manter isso, viu?”
A coisa em si é tão assombrosa que apenas um dia após a revelação o escritório Arns de Oliveira & Andreazza Advogados Associados, que cuidava de sua defesa, anunciou que estava abandonando o caso.
Segundo o advogado Marlus Arns, o seu ex-cliente é portador de um “perfil incontrolável”.
Pois bem, é mais do que sabido que a grande preocupação de Eduardo Cunha está voltada para o bem-estar da mulher, Cláudia Cruz, e de suas filhas. Daniela Cunha que também já é investigada, com especial atenção obviamente.
Está claro pelos depoimentos e provas colhidas que o destinatário da propina paga pela JBS em troca do seu silêncio não era ninguém senão a sua própria família.
Trocando em miúdos, equivale a dizer que não só Eduardo Cunha, mesmo preso, continuava obstruindo a justiça, quanto Cláudia Cruz e Daniela Cunha continuavam se beneficiando de vultuosas quantias com origem criminosa.
Vamos às consequências.
Ainda na manhã do dia 18/05, o ministro do STF, Edson Fachin, expediu oito mandados de prisão preventiva para Eduardo Cunha que, lembremos, já encontra-se preso. Aliás, a PF não teve dificuldades em notificá-lo já que fez isso no Complexo Médico Penal de Pinhais, no Paraná.
No que tange aos atos do STF em relação à família Cunha, isso é tudo.
Nessa altura o atento leitor já deve ter se perguntado: E o que fizeram Deltan Dallagnol e Sérgio Moro a respeito desse absurdo?
A resposta é simples. Até agora, nada.
Nessa história ninguém possui foro privilegiado. Nem Cunha, nem Cláudia, nem Daniela, ou seja, todos estão sob investigação da justiça de 1ª instância. E mesmo assim, de Dallagnol, Moro ou quem quer que seja da República de Curitiba, simplesmente nada.
A família Cunha continua usufruindo de uma vida nababesca às custas de dinheiro de propina sem que absolutamente ninguém a incomode.
Já passou da hora do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério público começarem a se perguntar o porquê dos destemidos justiceiros de Curitiba terem tanto afinco nas condenações sem provas enquanto flanam livres personagens capitais de toda essa sujeira sobre as mais escandalosas provas materiais.
Num país decente onde as instituições são livres, imparciais e independentes, Cláudia Cruz e Daniela Cunha estariam neste momento fazendo companhia a Andrea Neves na prisão.
No Brasil, órgãos fiscalizadores sequer questionam se no flagrante partidarismo da Lava Jato curitibana também não haveria um escandaloso esquema de prevaricação pelos seus principais atores.
É possível, e isso é apenas uma suposição, que a Polícia Federal esteja mais próximo de criminosos do que sua vã filosofia pode imaginar.
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