24/05/2017
Michel Temer, você é um covarde e irresponsável
Do Tijolaço · 24/05/2017
Por Fernando Brito
Eu acuso diretamente, Michel Temer, porque há falta, neste país, de quem aponte o dedo aos desavergonhados e assim os trate, sem temor.
E não faço com prazer, porque me acostumei, como jornalista e quando servidor público, a tratar a todos com urbanidade e gentileza, que é meu normal, até quando os desaforos que ouço são dirigidos a mim.
Mas não quando são ao meu país e às nossas liberdades, ah, não.
Porque para combater, vá lá, duas dúzias de baderneiros que se metem numa manifestação pacífica – que o seu general Etchegoyen sabe perfeitamente quem são, ou deveria saber – o senhor faça esta pataquada de “chamar o exército” para uma ação repressiva contra multidão, que é algo da maior gravidade.
O que poderiam ser incidentes localizados, no máximo, pelas ordens dadas a uma polícia acostumada a bater e bater, virou um conflito.
Não é a “baderna” que o senhor quer enfrentar, porque foi um dos que a provocou, é a sua inexorável ruína.
Para quem não acredita ainda, ou, como eu, não queria acreditar, aí ao lado vai o decreto.
Este cenário era tudo o que o senhor queria e podia e eu o acuso de tê-lo construído para tentar ocultar o desprezo que, neste momento, lhe nutrem 99% dos brasileiros.
É o seu discursinho finório de que, sem o senhor será caos na economia e, agora, será o caos nas ruas.
O caos é você, Michel Temer, que nem mais o tratamento de senhor ainda merece.
É apenas um bandido flagrado às combinações como empresário que agora chama de bandido e que se escuda nos eventuais picotes de uma gravação para esconder o óbito: tramava com ele falcatruas num diálogo indigno de um chefe da nação.
E que agora não mede mais o preço de manter-se no cargo que não ganhou pelo voto e vai perder por indecoroso.
O seu abraço de afogado não vai levar de roldão a democracia, não vai.
Ela custou a minha juventude e todas as que tivesse as daria para isso.
Porque é isso que faz com que eu envelheça sem envelhacar-me, como tanta vezes disse Ulisses Guimarães, que nunca o tratou como mais que um pequeno oportunista.
Oportunista que foi tragado pela própria esperteza e pequeno, ah, Michel, pequeno como um anão moral, que não cessa de revelar-se menor ainda a cada dia.
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