quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Contraponto 622 - "Consolidação do Mercosul"


05/11/2009

Consolidação do Mercosul

O POVO - 04 Nov 2009 - 00h54min

Inácio Arruda - Senador (PCdoB/CE) e membro do Parlamento do Mercosul

Comissão do Senado aprovou a entrada da Venezuela ao Mercosul com a certeza de que o crescimento do bloco econômico representa a afirmação de um projeto de cooperação autônomo e de fortalecimento da região. Não se trata de alianças transitórias, mas de acordos estratégicos entre Estados nacionais.

O Mercosul reverte-se de grande importância geopolítica e estratégica. Iniciativas como a constituição da Unasul, o Tratado Energético Sul-Americano, a criação do Conselho Sul-Americano de Defesa e do Banco do Sul, são ações indispensáveis ao desenvolvimento integrado da Região.

Hoje, as vozes que se levantam contra a Venezuela no Mercosul, são as mesmas que outrora advogavam a receita neoliberal, e defendiam a adesão do Brasil à Alca, o que representaria a hegemonia absoluta dos Estados Unidos sobre as Américas.

A postura altiva do governo Lula e a mobilização das organizações populares esvaziaram a Alca e reforçaram a integração sul-americana e a diversificação das relações internacionais.

Estratégica e politicamente, a América Latina e a América do Sul sempre foram alvo de cobiça. Mas, a cada dia se fortalece o novo ciclo progressista e avançado de alargamento democrático que possibilita a participação de segmentos populares que foram secularmente impedidos de protagonizar os rumos de suas nações, apesar da visão limitada e preconceituosa de setores vinculados ao poder econômico, que atuam no sentido de impedir esses avanços.

Portanto, essa vitória extraordinária no Senado, que abre caminho para a adesão definitiva da Venezuela ao Mercosul, tem significado progressista e avançado e consolida o enfrentamento das enormes assimetrias herdadas dos períodos autoritários no nosso continente.

A Venezuela hoje assume posição de destaque neste ciclo, principalmente na inclusão social. Em 1998, a miséria na Venezuela atingia a 20% dos habitantes; em 2008, havia diminuído para 9%. Tais avanços sociais incomodam as oligarquias políticas, que negaram, ao longo da história venezuelana, perspectivas promissoras à maioria da população.

Nas relações comerciais, o ingresso da Venezuela no Mercosul é extremamente positivo. Empresas brasileiras, por exemplo, estão presentes na Venezuela, gerando contratos da ordem de US$ 15 bilhões. Entre 1999 e 2008, nossas exportações para a Venezuela aumentaram 850%, representando hoje o maior superávit individual da balança comercial brasileira. Além disso, por termos em comum uma extensa faixa de fronteira, possuímos interesses de integração energética e de defesa semelhantes.

No Mercosul, a Venezuela ampliará fluxos econômicos que beneficiarão diretamente as economias do Norte e Nordeste do Brasil.

É inestimável a importância da ampliação do Mercosul para o nosso País. Trata-se de salvaguardar interesses nacionais e consolidar o bloco que se forjou nos anos 1990. O ingresso da Venezuela representa forte estímulo ao desenvolvimento das nações sul-americanas, com trocas de bens e serviços mais intensas e justas entre os países. Este é o caminho para a redução das desigualdades e para a melhor distribuição da riqueza socialmente produzida por nossas populações.
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