skip to main
|
skip to sidebar
.
29/04/2013
Ah, a falta de punição
Antonio Tozzi
O governo brasileiro parece estar perdendo o controle da situação de
segurança pública. E, quando se fala em governo, isto refere-se a todas
as esferas – federal, estaduais e municipais, independente de partidos
políticos ou ideologias.
Novamente, mais episódios macabros e assustadores voltaram a
aterrorizar a população, sem que providências enérgicas venham a ser
tomadas. No Rio de Janeiro, Bernardo, jogador do Vasco da Gama, teria
sido torturado por um dos líderes do tráfico de drogas da favela da Maré
por ter paquerado a namorada de um marginal. Aliás, a moça também teria
sido vítima da sanha do criminoso e agredida.
Descontando-se o fato de Bernardo e outros dois jogadores –
Wellington Silva, do Fluminense, e Charles, do Palmeiras – terem sido,
no mínimo, imprevidentes por irem a um local tão perigoso, é
inadmissível que bandidos julguem sumariamente e executem sentenças
cruéis. Pior ainda, o pai da moça ainda criticou Bernardo (que não é
flor que se cheire) por envolver a filha nesta situação, mas não a
condenou por estar envolvida romanticamente com um marginal de alta
periculosidade. Bizarro.
Em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, uma dentista que
mantinha um consultório nos fundos de sua casa em que vivia com os pais
idosos e uma irmã portadora de deficiência mental foi brutalmente
assassinada por uma quadrilha pelo “crime” de ter apenas R$30 no banco.
Os marginais entraram no consultório da profissional fingindo que
precisavam de atendimento e a amarraram. Um deles ficou vigiando a
dentista enquanto outros saíam de carro com os cartões dela para rapar
suas contas bancárias. Decepcionados com o fraco resultado, avisaram o
comparsa que, com a maior frieza, jogou álcool na mulher e ateou fogo
nela, queimando-a viva.
Realmente, uma crueldade sem tamanho. O duro é
que ela era o esteio e a mantenedora da família que dependia dela
financeiramente. Ou seja, cometeram um crime horrendo e ainda
destroçaram uma família por nada.
Agora, convenientemente, estão acusando o menor de ter sido o autor
do crime ao colocar fogo na vítima. Isto, é claro, deve ter sido
instruído pelos advogados, uma vez que menores de 18 anos são
considerados “crianças” perante a sociedade brasileira. Ou seja, são
inimputáveis perante a lei. Ou, pelo menos, respondem criminalmente
cumprindo medidas “socioeducativas”.
Vamos falar sério. Já passou da hora de se rever esta lei. Os
defensores do Estatuto da Criança e do Adolescente e dos Direitos
Humanos alegam que o Brasil não dispõe de instituições correcionais
adequadas sequer para reabilitar os maiores de idade, portanto a mudança
serviria apenas para aumentar o depósito de presos.
É verdade. Reformar todo o sistema prisional brasileiro é uma medida
urgente e inadiável. Entretanto, não se pode conceder "autorização"
para que menores possam matar, roubar, estuprar sem que lhes recaia
nenhum tipo de punição. Hoje, no Brasil, os jovens de 16 anos podem
votar e ajudar a eleger seus representantes. E discute-se também a
possibilidade de se reduzir para 16 anos a decisão para que uma pessoa
opte pela troca de sexo, algo que só pode ser feito atualmente aos 18
anos.
Assim, é lógico que a diminuição da maioridade penal se impõe. E, a
meu ver, não deve ser algo assim engessado porque senão isto somente
representará a troca de "soldados". Ou seja, o chefão do crime, que hoje
arrebanha os menores de 18 anos para fazerem o serviço sujo por causa
da inimputabilidade, arregimentará os menores de 16 anos e a prática se
perpetuará. (Grifo do ContrapontoPIG)
O que é preciso é fazer a emancipação automática em caso de crimes de
sangue e hediondos. Dessa forma, mesmo se um menino de 13 anos for o
autor desse tipo de crime responderá criminalmente por seu ato. Isso,
com certeza, diminuirá a margem de manobras dos chefões do crime,
fazendo com que eles provavelmente sejam os praticantes desses atos
bárbaros, preparando-se para responder por isto perante a Justiça. Na
verdade, isso já ocorre em muitos países de todos os continentes,
independente de regime político ou religioso. De certa maneira, essa
modificação servirá para diminuir a má influência dos criminosos mais
velhos sobre os mais jovens.
Evidentemente, não se trata de colocar os menores de 18 anos para
cumprirem penas junto com os adultos. Eles deverão ficar detidos em
alas, separados pela idade e pelo grau de periculosidade, e quando
atingirem a maioridade terão seus crimes avaliados por uma comissão.
Caso fique constatado que o detento cometeu um crime horrendo, deve ser
transferido para o presídio de adultos. Se for um crime leve e o
condenado demonstrar estar arrependido, opta-se por uma pena
alternativa.
Apesar do clamor da sociedade civil, sinceramente acho difícil que a
diminuição da maioridade penal seja aprovada em breve, por dois motivos.
Primeiro, por ser uma cláusula pétrea da Constituição Federal, o que
exige uma série de aspectos para ser modificada; segundo, por causa do
lobby dos protetores dos direitos humanos e dos jovens e crianças, que
defendem pequenos delinquentes como se fossem adolescentes e crianças
comuns.
Isso leva a uma zona cinzenta. Dá-se a impressão de que quem defende a
redução da maioridade é um bando de conservadores empedernidos que não
tem a menor compaixão pelas más condições sociais em que vivem nossas
crianças. Ledo engano. A questão é mostrar que todos devem ser
responsáveis perante a sociedade.
Resta, porém, aos brasileiros aumentar a pressão para que os membros
do Legislativo parem de fazer ouvidos moucos e tomem as providências que
os cidadãos, seus eleitores, exigem.
Antonio Tozzi - Miami. Foi
repórter do Jornal da Tarde e do Estado de São Paulo. Vive nos Estados
Unidos desde 1996, onde foi editor da CBS Telenotícias Brasil, do canal
de esportes PSN, da revista Latin Trade e do jornal AcheiUSA.
__________________________
PITACO DO ContrapontoPIG
"...Ou seja, o chefão do crime, que hoje
arrebanha os menores de 18 anos para fazerem o serviço sujo por causa
da inimputabilidade, arregimentará os menores de 16 anos e a prática se
perpetuará...."
Depois vai para 14, 12, 10 ...
__________________________
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista