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27/04/2013
STF, Gilmar Mendes, o legado dos trabalhistas e a direita
Blog Palavra Livre - 26/04/2013
Prefiro o barulho do Congresso qo silêncio sorrateiro do STF Carlos Frank (leitor)
GILMAR MENDES QUER GOVERNAR O BRASIL COM UMA CANETADA. |
Davis Sena Filho
Todo
mundo sabe e percebe, até os recém-nascidos e os mortos, os
ingênuos e os malandros, os simples e os ostentosos, os humildes e
os arrogantes, que os barões controladores do sistema de comunicação
de direita e de negócios privados deste País e seus asseclas,
porta-vozes da ditadura do pensamento único de seus patrões,
apostam e sempre apostarão no golpe, desta vez não por intermédio
da sublevação tradicional, com tanques, metralhadoras e fuzis, mas,
sim, através de golpes à moda paraguaia ou hondurenha, alicerçados
que foram pelos tribunais superiores dos respectivos países.
A
direita brasileira, uma das mais poderosas e cruéis do mundo, foi
derrotada nas últimas três eleições presidenciais. O afastamento
dos conservadores do Palácio do Planalto completará, em janeiro de
2015, doze anos, o que tem, sobretudo, causado urticárias e
taquicardias nos que se consideram proprietários do estado
brasileiro, porque dos meios de produção a casa grande já é dona
há cinco séculos.
Esse
sentimento arraigado de posse a leva a pensar que de forma alguma
aceitará que políticos e partidos que não compartilham de suas
doutrinas, conceitos e ideologias, mesmo eleitos pela sociedade,
continuem a administrar o estado e efetivar o programa de governo e o
projeto de País apresentados e propostos pelos trabalhistas e
aprovados pela população, que resolveu elegê-los democraticamente
pela força das urnas.
Apesar
da campanha insidiosa e sistemática da imprensa e da inegável
politização do STF e da PGR, Lula e Dilma ainda têm muito
prestígio perante a população, e por isso os tiros desses
oposicionistas saíram pela culatra. No decorrer dos dois governos
trabalhistas, o Brasil cresceu exponencialmente, no que tange à
economia, ao acesso das classes pobres ao emprego, ao consumo e à
sua inclusão nas universidades e escolas técnicas. O Brasil é a
sexta maior economia do mundo, um dos fundadores do Brics, do
Mercosul, da Unasul e do G-20, bem como reivindica ser um dos membros
do Conselho de Segurança da ONU.
A
dívida externa foi zerada, o BNDES empresta mais do que o Banco
Mundial, o empreendedorismo foi fomentado pela facilidade de o
cidadão conseguir empréstimos junto aos bancos públicos, além de
o comércio exterior brasileiro ter como principal parceiro comercial
a China e não mais os EUA, porque nem tudo o que é bom para os
ianques é bom para o Brasil, como acreditam os nossos colonizados
portadores de um extraordinário e incomensurável complexo de
vira-lata.
Os
juros caíram para patamares mais decentes, as folhas de pagamentos
foram desoneradas e o governo trabalhista concedeu isenção de
impostos, taxas e tarifas de produtos perecíveis e imperecíveis. As
relações comerciais do Brasil com os países africanos, asiáticos
e árabes se fortaleceram e o Mercosul se tornou um bloco poderoso,
tanto no aspecto econômico quanto no político, principalmente a
partir da adesão da Venezuela, um dos maiores produtores de petróleo
e de gás do mundo, com reservas gigantescas, além de ser país
membro da Opep.
Por
sua vez, foram retomadas as grandes obras de infraestrutura, a
exemplo da hidrelétrica de Belo Monte, da transposição do Rio São
Francisco, da Transnordestina,
da Ferrovia Norte-Sul, da recuperação das rodovias federais, da
indústria naval, que praticamente estava falida, bem como foi
realizada a duplicação de milhares de quilômetros de rodovias. O
Programa Minha Casa, Minha Vida entregou 1,2 milhão de casas, gerou
milhares de empregos e dignificou o cidadão que morava em más
condições, além de se livrar do aluguel. Os trabalhistas criaram
ainda os programas de inclusão social, como o Bolsa-Família, o
ProUni, o Brasil Sorridente, o Farmácia Popular e o Luz Para Todos,
entre muitos outros, que beneficiaram os pobres e contribuíram,
indubitavelmente, para melhorar a distribuição de renda e de
riqueza do povo brasileiro.
Lula
anulou a portaria do governo de FHC — o Neoliberal — que proibia
a construção de escolas técnicas federais e iniciou a construção
de dezenas de novas unidades e que foram transformadas em Institutos
Superiores de Educação Tecnológica. Ao todo são 214 novas escolas
técnicas federais construídas entre os anos de 2003 e 2010. Os
trabalhistas em apenas oito anos construíram mais escolas técnicas
do que todos o presidentes juntos.
FHC
é professor e tentou sucatear a Petrobras e afundou a maior
plataforma marítima do mundo, a P-36, além de vender a Telebras e a
Vale do Rio Doce a preço de banana. Esse tucano incompetente assinou
uma portaria draconiana e que, sobretudo, colocou em risco o
aprendizado de futuros trabalhadores brasileiros, porque escolas
técnicas são instituições estratégicas para o desenvolvimento do
País. Se há dúvida quanto a esta questão, leia sobre o estadista
Getúlio Vargas que, ao industrializar o País, elaborou e proclamou
as leis trabalhistas, sem, no entanto, esquecer de criar o Senai e o
Senac, instituições que treinam e capacitam os trabalhadores.
Como
se percebe, escolas técnicas são obras de políticos trabalhistas,
porque os políticos representantes e filhos das classes abastadas
não criam nada, não concedem, não constroem e não se preocupam
com os trabalhadores, porque simplesmente se recusam a pensar o
Brasil. É o caso atual dos tucanos do PSDB e seus agregados, DEM e
PPS. A falta dessas escolas prejudicam o desenvolvimento social e
econômico de qualquer país. Getúlio sabia disso. Lula sabe. E FHC
— o Neoliberal —, que quebrou o Brasil três vezes, porque foi
três vezes ao FMI de joelhos e com o pires nas mãos, é sociólogo,
professor e se considera intelectual não criou uma única escola
técnica. Incrível(!), mas é a mais pura verdade.
Porém,
ainda tem mais. A criação do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) previa investimentos de R$ 646 bilhões, no período
de 2007 a 2010. Contudo, até 2013 os investimentos previstos chegam
a R$ 1,14 Trilhão. Foram ainda criados 15 milhões de empregos, um
recorde da história do Brasil, bem como foi estabelecido também o
Reuni, que iniciou um novo processo de expansão das universidades
públicas, ao aumentar consideravelmente o número de universidades,
de campus e de vagas nas mesmas. E o professor é o Fernando Henrique
— o Neoliberal —, aquele que não conhece o Brasil e que vai a
Paris como se vai comprar pão na esquina.
Eis
que, sabedora desses fatos e realidades, a direita brasileira
proprietária da casa grande e herdeira da escravidão e da ditadura
bota suas garras para fora para unir todas suas vertentes. Os
principais partidos conservadores (PSDB, DEM e PPS), grande parte de
juízes do STF, à frente Gilmar Mendes, Marco Aurélio de Mello,
Luiz Fux e Joaquim Barbosa, e o procurador-geral mais partidário e
de direita da história da PGR, Roberto Gurgel, unem-se aos
interesses do sistema midiático de negócios privados, controlado
por apenas seis famílias, que tratam o Brasil de 200 milhões de
habitantes, além de ser a sexta maior economia do mundo, como o
quintal de suas casas.
Gilmar
Mendes, juiz de histórico e histórias contundentes, aposta e sempre
apostou em crises institucionais, como forma de disseminar confusões
na República, e, consequentemente, enfraquecer o Congresso Nacional
cuja maioria da base parlamentar compõe com o governo de coalizão,
de perfil trabalhista, que do Palácio do Planalto luta contra a
oposição conservadora para efetivar seu programa de governo e
projeto de País apresentado ao povo brasileiro e aprovado nas urnas.
Com
índices de 76% de aprovação, Dilma Rousseff é uma forte candidata
à reeleição. Por seu turno, o ex-presidente Lula mantém intacto
seu prestígio junto aos trabalhadores e às camadas mais pobres da
população, que experimentou uma ascendência social e financeira
como nunca se viu neste País. Ponto. A verdade é que a inclusão de
mais de 30 milhões de pessoas no mercado de consumo fortaleceu a
economia e fez com que o Brasil não sentisse muito a crise
internacional que levou ao colapso inúmeras economias europeias,
além de prejudicar severamente as economias dos EUA e do Japão.
A
imprensa porta-voz do establishment, corporativa, alienígena e por
isto apátrida e os trustes nacionais e internacionais que ela
representa pautaram os juízes do STF, com poucas exceções, e
cooptou o senhor Roberto Gurgel, aquele que por quase três anos
sentou nos processos que investigam o bicheiro Carlinhos Cachoeira,
principal pauteiro e editor da revista Veja — a Última Flor do
Fáscio — cujo subordinado, o jornalista Policarpo Jr. escapou de
ser preso, porque a CPI do Cachoeira cedeu às pressões e fechou
seus trabalhos sem praticamente denunciar ninguém, pois, se depender
desse Ministério Público de oposição política do PGR Gurgel,
tudo vai ficar como dantes no quartel d’Abrantes.
O
procurador-geral e os juízes do STF foram picados pela mosca azul e
fazem política partidária sem, no entanto, terem votos, porque não
foram candidatos a cargo público eleitoral e por isto é uma
desfaçatez e uma vergonha esse homens e mulheres togados tentarem
fazer a vez de quem foi eleito, como acontece no caso da liminar
concedida pelo juiz Gilmar Mendes ao senador Rodrigo Rollemberg
(PSB/DF), que suspende a tramitação do projeto que impede a criação
de novos partidos. A mídia de mercado sempre esbravejou contra a
criação de partidos e sempre condenou os partidos nanicos, pois
acusados de serem de aluguel.
Eis
que de repente, na mais do que de repente, a imprensa corrupta de
tradição golpista passa a defender a atitude intrometida do juiz
Gilmar Mendes ao tempo que o senador Rollemberg, político sortudo,
mas medíocre faz o jogo de seu chefe, o governador Eduardo Campos —
o maior quinta coluna que se tem notícia nos últimos tempos —,
que foi cooptado pelo establishment, que o questionou e o criticou
por mais de dez anos e que hoje passa a ser o queridinho dos
colunistas, comentaristas e blogueiros da imprensa hegemônica, que
luta, ferrenhamente, para o que o Brasil e seu povo não sejam
independentes, autônomos e emancipados.
É
a casa grande a querer manter a sociedade brasileira na senzala e com
isso lucrar ao seu bel-prazer. A crise está aberta e nome dela é
Gilmar Mendes, o condestável, que atua como coronel do interior,
frequenta os saraus da burguesia, as salas do PSDB e se comporta como
político, sem voto e sem autoridade para rasgar a Constituição no
que diz respeito a legislar no lugar dos deputados e senadores, que
foram eleitos e por isso representam o princípio da soberania
popular.
Concomitantemente
a esse lamentável episódio, o juiz Marco Aurélio de Mello
considerou uma retaliação ao Supremo a PEC 33, de autoria do
deputado Nazareno Fonteles (PT/PI), aprovada na CCJ da Câmara dos
Deputados. O
projeto de emenda constitucional trata da
criação de uma maioria qualificada de quatro quintos para que o STF
aprove a inconstitucionalidade de leis – como existe no próprio
Parlamento, no caso de mudança constitucional. De acordo com a nova
PEC, passam a ser necessários 9 dos 11 ministros para aprovar uma
inconstitucionalidade. A PEC prevê ainda que o Congresso Nacional
referende as súmulas vinculantes, as ações diretas de
inconstitucionalidade (ADI) e as ações declaratórias de
constitucionalidade (ADC) emitidas pelo Supremo. Caso o Congresso
vote contra a decisão do STF, a questão deverá ir a consulta
popular.
É
tudo o que STF e seus juízes de direita não querem, porque são
favoráveis a supremacia dessa Corte conservadora sobre os Poderes
Legislativo e Executivo e que efetivam há anos uma política de
oposição ao governo federal administrado por políticos eleitos
pelo PT e seus aliados. O juiz Marco Aurélio se irritou e considera
retaliação o que é natural para a Câmara e o Senado, que é o
papel de legislar, garantido pela Constituição de 1988. O deputado
Nazareno Fonteles, em entrevista para o sítio Conversa Afiada, do
jornalista Paulo Henrique Amorim, afirmou que a suspensão pelo STF
da legislação aprovada na Câmara sobre a inviabilidade de se criar
novos partidos “mostra que o Supremo virou uma espécie de braço
político da oposição minoritária para derrubar a maioria e,
portanto, a soberania popular”.
O
parlamentar disse ainda que “eles
{a oposição} foram derrotados no voto das urnas e no voto aqui no
Congresso, judicializam a questão para que, no tapetão do
Judiciário, isso seja mudado. Muitas vezes até combinado com os
vazamentos da grande mídia, para poder dar uma “legitimidade” –
entre aspas – popular. Então,
eu acho que é uma medida (liminar) que deve ser sustada. O
presidente da Câmara, o presidente do Congresso, mais legitimamente,
deveria sustar ela, como um ato da Mesa. Sustar qualquer
decisão liminar sobre matéria Legislativa. E, se um deputado
recorrer ao plenário, anularia essa decisão, fundamentado no artigo
49, inciso 11, combinado com o artigo 1º e o artigo 2º da
Constituição, que trata da soberania do povo”.
O
que o deputado Nazareno Fonteles afirmou é o que eu afirmo há anos,
muitos anos. O leitor que acompanha minhas colunas sabe o que eu
estou a falar. A verdade é que a política brasileira foi
judicializada e políticos do campo da esquerda foram criminalizados,
tanto no STF, que se tornou um partido conservador quanto na imprensa
comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?), que dá uma
conotação legal à atuação politica do STF e da PGR, no que diz
respeito a essas instituições invadirem a competência dos outros
poderes, bem como causarem crises para que a normalidade democrática
seja abalada, e, consequentemente, aproveitarem para favorecer os
políticos e os candidatos do campo da direita, que há quase 11 anos
estão fora do poder central.
Quero
dizer que com o legado de Lula e de Dilma, conforme relatei neste
artigo, não há como os membros da casa grande vencerem as eleições
presidenciais de 2014. Por isso, a aliança com o Judiciário, poder
ocupado e controlado por funcionários públicos de alto escalão e
que defendem os interesses do establishment e da burguesia
provinciana, entreguista e golpista deste País. Gilmar, Marco
Aurélio e Joaquim podem fazer política e participar de eventos dos
tucanos, mas vão ter que dialogar com o Congresso Nacional, poder
legítimo, pois legitimado pelo voto, que é a soberania do povo
brasileiro.
É isso aí.
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