quarta-feira, 17 de abril de 2013

Contraponto 10.949 - "THATCHER EM PRETO E BRANCO"

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17/04/2013


THATCHER EM PRETO E BRANCO



 



Por Davis Sena Filho
A avó do neoliberalismo, Margaret Thatcher, foi vaiada em seu funeral. Centenas de pessoas lhe viraram as costas quando seu féretro passou, e lembraram das guerras, das mortes, do desemprego, da repressão policial, da greve de fome por parte de sindicalistas que morreram, porque a condestável se negou a ouvir, a dialogar e a poupar a morte daqueles que representavam os trabalhadores das minas de carvão.
A bruxa neoliberal, que vendeu as estatais inglesas, preconizou a ideia do estado mínimo e que extinguiu  grande parte dos direitos trabalhistas e sociais do povo de seu país. A musa da discórdia, da prepotência, do conflito e dos privilégios, que governou para os ricos, os bem nascidos e os poderosos. 



Thatcher efetivou a política da intolerância, fez guerra e seu governo neoliberal bateu nos trabalhadores.


Não é à toa que a baronesa é adorada pelos meios de comunicação hegemônicos e de negócios privados, pois porta-vozes que são dos banqueiros, dos trustes internacionais e do imperialismo colonizador, que fomentam guerras nos quatro cantos do planeta, a fim de pilhar, a exemplo dos piratas, as riquezas dos países pobres e emergentes.



A premiê Margaret Thatcher da Guerra das Malvinas, de ocupação de território alheio, um conflito armado absurdo e de caráter imperial e político, pois a Dama de Ferro era impopular, com baixos índices de aprovação e que precisava de um trunfo e de um triunfo para reverter sua iminente derrota política. E conseguiu, com  sangue nas mãos.



A Maggie, iniciadora, juntamente com o ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, da implementação, em âmbito mundial, do sistema neoliberal, que tirou ainda mais dos pobres para dar aos ricos. A primeira ministra que desregulamentou a economia, que apostou no individualismo das pessoas em detrimento da coletividade, que sempre foi a essência dos entes humanos em luta pela sobrevivência.



A mulher inflexível, que fazia política com o fígado de pura bílis e amargor, ao invés de tratar a política como um ato e ação de generosidade, meio civilizado e educado para mediar conflitos, efetivar espaços para o diálogo e atender os interesses dos desiguais, dos diferentes e dos que, possivelmente, renunciariam a violência, a exemplo do IRA da época, se Thatcher não tivesse um caráter e temperamento próximos dos ditadores — que a Inglaterra e os EUA apoiaram e financiaram em todas as épocas e eras de suas histórias, inclusive nestes tempos atuais.



A política conservadora, ídolo da direita internacional, que se aliou ao general chileno sanguinário, Augusto Pinochet, para logo depois reclamar, de forma altissonante, a plenos pulmões, de sua prisão na Inglaterra, inclusive a visitá-lo e a lamentar que a Justiça de seu país colonizador o tivesse detido. Realmente, é a Maggie dos ditadores, tão cônscia de sua ideologia de exploração de nações menos poderosas e expostas a todo tipo de violência bélica e da perda sistemática de suas riquezas.



Por isto e por causa disto, Margaret Thatcher foi vaiada em seu último desfile, porque realmente ela marcou uma era que terminou de forma trágica com a crise do neoliberalismo em 2008, que perdura até hoje e não tem tempo marcado para terminar. 



O neoliberalismo que derreteu como gelo em asfalto quente as economias de dezenas de países europeus, a atingir fortemente o Japão e os Estados Unidos, onde nasceu o outro pilar desse sistema draconiano de exploração e miséria, o também condestável Ronald Reagan, um dos senhores da guerra no século XX.



Margaret Thatcher não deixou saudade nos corações e nas mentes dos trabalhadores, dos humildes e dos que podem menos. Sua morte é a prova cabal de que a política britânica não era amada pelo povo, apesar de ser exageradamente admirada pelos ricos, e, como  não poderia deixar de ser, pelos barões da imprensa de direita e pelos seus incontáveis capatazes que vivem a servi-los. 



A Dama de Ferro sabia tanto que sua pessoa era detestada por grande parte da população mundial e britânica, que pediu à sua família que seu velório e funeral fossem restritos. Neste aspecto, Margaret Thatcher conseguiu, enfim, ser sensata e realista, pois conhecedora de seu legado. É isso aí.       

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