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03/05/2013
A teatralização do atentado de Boston
Por Leonardo Boff, no sítio da Adital:
Precisaria ser inumano e sem sentido de solidariedade e de compaixão não
se indignar e não condenar o atentado perpetrado em Boston com dois
mortos e centenas de feridos. Mas isso não nos dispensa de sermos
críticos. Houve uma teatralização mundial do atentado com objetivos
ocultos que devem ser desvendados. Atentados ocorrem muitos no mundo,
especialmente no Afeganistão e no Iraque na presença das tropas
norte-americanas e dos aliados. Sempre com muitos mortos e centenas de
feridos. Quase ninguém dá importância ao fato, já naturalizado e
banalizado. Muitos pensam: trata-se de gente terrorista ou próxima a
eles, incômodos à ocupação ocidental. Que se matem. Convenhamos: são
seres humanos como aqueles de Boston. Mas, as medidas de avaliação são
diferentes. Sabemos o porquê.
Precisamos estar atentos ao significado
político-ideológico da espetacularização do atentado de Boston. É uma
forma de desviar a atenção mundial de questões muito mais fundamentais: a
primeira é o estado de terror que o Estado norte-americano está impondo
internamente a seus cidadãos e ao mundo inteiro. Com isso atraiçoa o
que de melhor tinha: a defesa dos direitos fundamentais. Não fechou
Guantánamo, nem ratificou instrumentos internacionais importantes como o
Tratado de Roma, da Corte Penal Internacional, nem a Convenção
Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José de Costa Rica). Não
quer que as violações e atentados que seus agentes perpetram pelo mundo
afora para garantir o império sejam levados àqueles tribunais.
Mas, pela ininterrupta ocupação das mídias mundiais (a nossa Globo estava em peso por lá), a propósito do atentado, os "senhores do mundo” querem desviar a atenção da segunda questão, esta sim, de consequências funestas e que pode afetar a todos: a ameaça do fim da espécie humana. Primeiro, estes "senhores” devastaram durante séculos o planeta a ponto de ele não poder, sozinho, recuperar sua sustentabilidade. Pelos eventos extremos, dá mostras de que os limites foram ultrapassados. Em seguida, no afã de acumular ilimitadamente e dominar o processo de planetização da humanidade, montaram uma máquina de morte que ameaça a vida na Terra e pode trazer o armagedon para a espécie humana.
Notáveis cientistas do mundo e os mais sérios teóricos da ecologia chamaram atenção para esta ameaça real. Apenas não sabemos exatamente quando e como vai ocorrer. Mas, mantido o curso atual das coisas, ela será fatal. Michel Serres, renomado filósofo francês da ecologia, já o disse: depois de Hiroshima, Nagasaki e agora de Fukushima, a humanidade descobriu um novo tipo de morte: a morte da espécie. Sim, como Gorbachev não se cansa de repetir: podemos destruir toda a espécie humana, sem restar nenhum testemunho, com as armas químicas, biológicas e nucleares que já construímos e estocamos. Segurança? Nunca é absoluta. Lembremos Three Islands, Chernobyl e Fukushima.
Então: a nossa espécie realmente se mostrou o Satã da Terra: aprendeu a ser homicida (mata seus semelhantes), etnocida (quantos povos originários não foram liquidados?), ecocida (devastou ecossistemas inteiros) e agora pode ser especiecida (leva a própria espécie ao suicídio).
O sistema imperial vive buscando bodes expiatórios (antes, eram os comunistas; depois, os subversivos; agora, os terroristas, os imigrantes; quem mais?) sobre os quais recai o desejo mimético e coletivo de vingança. E assim, se autoexime de culpas e de erros. Mas, principalmente, faz de tudo para que esta ameaça letal sobre a espécie humana não seja lembrada e se transforme numa consciência mundial perigosa.
Ninguém aceita passivamente um veredito de morte. Vai lutar para garantir a vida e o futuro comum. Este deveria ser o objetivo de uma governança global que exige a renúncia de uma vontade imperial que pensa só em sua perpetuação em vez de pensar no Bem Comum da Mãe Terra e da Humanidade. Por mais que se manipule o atentado de Boston, por quanto tempo, os poderosos ocultarão a situação dramática que pesa sobre nós? Oxalá, acordemos todos, simplesmente porque não queremos morrer, mas viver e irradiar.
Mas, pela ininterrupta ocupação das mídias mundiais (a nossa Globo estava em peso por lá), a propósito do atentado, os "senhores do mundo” querem desviar a atenção da segunda questão, esta sim, de consequências funestas e que pode afetar a todos: a ameaça do fim da espécie humana. Primeiro, estes "senhores” devastaram durante séculos o planeta a ponto de ele não poder, sozinho, recuperar sua sustentabilidade. Pelos eventos extremos, dá mostras de que os limites foram ultrapassados. Em seguida, no afã de acumular ilimitadamente e dominar o processo de planetização da humanidade, montaram uma máquina de morte que ameaça a vida na Terra e pode trazer o armagedon para a espécie humana.
Notáveis cientistas do mundo e os mais sérios teóricos da ecologia chamaram atenção para esta ameaça real. Apenas não sabemos exatamente quando e como vai ocorrer. Mas, mantido o curso atual das coisas, ela será fatal. Michel Serres, renomado filósofo francês da ecologia, já o disse: depois de Hiroshima, Nagasaki e agora de Fukushima, a humanidade descobriu um novo tipo de morte: a morte da espécie. Sim, como Gorbachev não se cansa de repetir: podemos destruir toda a espécie humana, sem restar nenhum testemunho, com as armas químicas, biológicas e nucleares que já construímos e estocamos. Segurança? Nunca é absoluta. Lembremos Three Islands, Chernobyl e Fukushima.
Então: a nossa espécie realmente se mostrou o Satã da Terra: aprendeu a ser homicida (mata seus semelhantes), etnocida (quantos povos originários não foram liquidados?), ecocida (devastou ecossistemas inteiros) e agora pode ser especiecida (leva a própria espécie ao suicídio).
O sistema imperial vive buscando bodes expiatórios (antes, eram os comunistas; depois, os subversivos; agora, os terroristas, os imigrantes; quem mais?) sobre os quais recai o desejo mimético e coletivo de vingança. E assim, se autoexime de culpas e de erros. Mas, principalmente, faz de tudo para que esta ameaça letal sobre a espécie humana não seja lembrada e se transforme numa consciência mundial perigosa.
Ninguém aceita passivamente um veredito de morte. Vai lutar para garantir a vida e o futuro comum. Este deveria ser o objetivo de uma governança global que exige a renúncia de uma vontade imperial que pensa só em sua perpetuação em vez de pensar no Bem Comum da Mãe Terra e da Humanidade. Por mais que se manipule o atentado de Boston, por quanto tempo, os poderosos ocultarão a situação dramática que pesa sobre nós? Oxalá, acordemos todos, simplesmente porque não queremos morrer, mas viver e irradiar.
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Eis ai um brilhante resumo da ópera, com sempre brihante o |Leonardo.
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