03/06/2013
Para OIT, Brasil é exemplo de criação de emprego
Do Esquerdopata - 3/6/2013
Brasil 247
Relatório da Organização Internacional do Trabalho aponta avanço no
mercado de trabalho dos países em desenvolvimento. Brasil é destacado
pelo crescimento de 16% da classe média entre 1999 e 2010 que, segundo a
OIT, se deve ao fortalecimento do salário mínimo e do Programa Bolsa
Família. Estudo conclui que, por outro lado, os países desenvolvidos
estão em uma situação que pode se tornar "preocupante", com maior
desigualdade de renda. Expectativa é que haja 208 milhões de
desempregados no mundo em 2015.
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Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil
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O contexto econômico mundial e seu impacto sobre o mercado de trabalho
tem registrado evolução positiva nos países em desenvolvimento como o
Brasil, constatou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no
relatório O Mundo do Trabalho 2013: Reparando o Tecido Econômico e
Social, divulgado nesta segunda-feira (3). Os países desenvolvidos, por
outro lado, estão em uma situação que pode se tornar "preocupante", a
despeito da recuperação econômica desde 2009, ano em que começou a crise
financeira internacional. De acordo com o documento, na América Latina e
no Caribe, registrou-se em 2012 taxa de emprego, em média, 1% superior à
de 2008, ano anterior à crise. Na região, essa taxa atingiu 57,1% ao
fim de 2012.
"Nos países em desenvolvimento, o desafio mais importante é consolidar
os recentes progressos na redução da pobreza e da desigualdade",
informou, em nota, o coordenador do relatório, o diretor do Instituto
Internacional de Estudos de Trabalho da OIT, Raymond Torres. A
organização citou o estabelecimento de um piso salarial – por meio da
fixação de salários mínimos – e de políticas de proteção social como
essenciais para a situação atual desses países.
Sobre o Brasil, um dos destaques da organização no relatório foi o
crescimento de 16% da classe média entre 1999 e 2010. Segundo a OIT,
isso ocorreu devido ao fortalecimento do salário mínimo e do Programa
Bolsa Família. Essas duas políticas, para a organização, explicam a
redução da pobreza no país e o fortalecimento da economia nacional. Como
desafios, a OIT citou a redução dos postos informais de trabalho, o
aumento da produtividade, o aumento dos investimentos e o crescimento
dos salários acima da inflação.
Em relação aos países desenvolvidos, constatou-se que a desigualdade de
renda da população aumentou nos últimos dois anos. A principal
justificativa foi o crescimento dos níveis de desemprego no mundo. A
expectativa é que os atuais 200 milhões de desempregados cheguem a 208
milhões em 2015. Na última semana, a União Europeia registrou 26,5
milhões de desempregados.
"A situação em alguns países europeus, em particular, está começando a
forçar o seu tecido econômico e social. Precisamos de uma recuperação
global, focada em empregos e investimentos produtivos, combinada com
melhor proteção social para os grupos mais pobres e vulneráveis", disse,
em nota, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
Para a organização, outro fator que atrasa a recuperação da geração de
empregos nos países desenvolvidos é a falta de investimentos
possivelmente gerados a partir de lucros. No último fim de semana, houve
manifestações em mais de 100 cidades europeias contra políticas de
austeridade. Segundo a OIT, apenas um terço dos investimentos globais em
2012 foram feitos por países de alta renda. Os países emergentes, em
comparação, foram os responsáveis por mais de 47% dos investimentos no
mesmo ano.
"Há uma clara relação entre o investimento e o emprego. Melhorar a
atividade de investimento é crucial para permitir que as empresas
aproveitem as novas oportunidades para se expandir e contratar novos
funcionários", explicou o coordenador do relatório, Raymond Torres.
Como forma de reduzir os impactos negativos da conjuntura de fraco
desempenho econômico e escassez de postos de trabalho, a OIT sugere que
sejam eliminadas as crenças negativas sobre as intervenções dos governos
no crescimento econômico e a capacidade que elas têm de diminuir a má
distribuição de renda entre a população. Outro ponto importante, de
acordo com a organização, é o estímulo ao diálogo social entre
empregados, empregadores e o governo para gerar melhorias no mercado de
trabalho.
Edição: Graça Adjuto
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