segunda-feira, 29 de julho de 2013

Contraponto 11.819 - " O que Francisco deixou para o Brasil"

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29/07/2013

 O que Francisco deixou para o Brasil

  
 Do Diario do Centro do Mundo 29 de julho de 2013


A visita do papa pode ser um marco na história do combate à iniquidade entre os brasileiros.

No meio do povo, e sorrindo
No meio do povo, e sorrindo


Francisco é uma revolução em um homem só.

Em quatro meses como papa, ele transformou por completo a Igreja Católica.

Reaproximou-a dos pobres, fiel ao nome que escolheu e, mais que isso, a Jesus.

A imagem que usou para isso é um primor. “Uma mãe não é mãe por correspondência”, disse. Tem que pegar o filho no colo, tocá-lo.

Assim também a Igreja, que durante muito tempo falou com seu rebanho por “documentos”, por “correspondência”.

Francisco citou o caso de uma cidade da Argentina sem padres fazia vinte anos, e contou a história de uma senhora que passara a seguir um pastor — mas guardando, no armário, a imagem da Virgem Maria.

Os brasileiros viram isso há pouco tempo: não havia um só padre na homenagem aos mortos da chacina da Favela da Maré.

Isso é ser ‘mãe por correspondência’.

Sua passagem pelo Brasil foi luminosa.

Eis um papa que sorri, que é despojado, que tem bom humor, que é leve.

A entrevista que ele deu ao repórter Gerson Camarotti, da Globo, merece ser guardada, arquivada e consultada regularmente. Ali está “um sábio e um santo”, como disse Leonardo Boff.

Francisco falou da “feroz idolatria do dinheiro”, algo que cabe tão bem aos donos da emissora que transmitiu a entrevista.

Uma sociedade que cultua o dinheiro não pode funcionar, disse ele.

Simplicidade é a resposta, e ele prega isso e, mais importante, pratica isso.

Não de hoje, mas já nos tempos de Buenos Aires, em que andava de transporte público, se misturava ao povo e morava num apartamento modesto, e não num palacete da Igreja.

Vê-lo falar por quase meia hora a Camarotti é reconfortante e inspirador.

Ali está um homem que sorri, e que sabe ouvir, e que fala sem gritar, e que não hesita em dizer que não sabe alguma coisa.

Fez questão de dizer que não podia descer a detalhes das razões dos protestos no Brasil por falta de informações. Mas, genericamente, lembrou que os jovens são inconformistas, idealistas, e saudou isso.

“Não gosto do jovem que não protesta”, disse, sempre sorrindo.

Vital: há que ouvir os jovens. Os pais têm que ouvi-los, os políticos têm que ouvi-los. A Igreja, claro, tem que ouvi-los.

É um homem tolerante, aberto à diversidade, e esta é outra de suas virtudes. Compare-o a Feliciano, a Malafaia e a outros símbolos religiosos do fanatismo intolerante.

Interessante sua tese do desprezo globalizado pelos ‘extremos’ da sociedade – os velhos e os jovens.

Ambos, velhos e jovens, “não produzem”, e por isso são descartados por uma lógica “desumana”.

Disse Francisco: “Enquanto houver uma criança passando fome, enquanto houver um velho sem remédio, a Igreja não pode descansar”.

E nem cada um de nós.


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PITACO DO ContrapontoPIG


O Papa Francisco demonstrou e transmitiu simplicidade, sinceridade e solidariedade humana.

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