JornalGGN - qui, 09/01/2014 - 07:41
Da Folha
Ministros apontam falta de critério objetivo nas decisões sobre prisões dos condenados, última etapa do mensalão
Processo do petista João Paulo Cunha foi encerrado na segunda, mas ele ainda não sabe quando será preso
SEVERINO MOTA
A decisão do presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, de sair de férias sem
assinar o mandado de prisão contra o deputado João Paulo Cunha (PT-SP)
gerou mal-estar entre alguns ministros da corte, que criticaram a falta
de um critério objetivo na execução da última etapa do mensalão.
A Folha ouviu 3 dos 11 ministros, que reclamaram de três pontos da atuação de Barbosa nas prisões:
1. Nem todos os sentenciados tiveram
seus mandados de prisão expedidos no mesmo dia em que seus processos
foram encerrados, como ocorreu com a primeira leva dos detidos do
mensalão;
2. somente um dos dois condenados com
problema de saúde já está cumprindo pena. José Genoino está em prisão
domiciliar, enquanto o delator do caso, Roberto Jefferson, segue solto
no Rio; e
3. o envio a Brasília dos primeiros
presos do processo, e posterior permissão para que um deles (Rogério
Tolentino) se entregasse e ficasse em seu Estado (Minas Gerais).
Desde o início das prisões, não há
parâmetro aparente para saber quando um mandado será expedido contra os
condenados. Há sentenciados que foram detidos no mesmo dia que Barbosa
encerrou seus processos.
Outros, após o fim da tramitação no STF, esperaram um, dois ou três dias até terem as prisões decretadas.
João Paulo, que viu seu processo
chegar ao fim na segunda-feira e chegou a se preparar para ir à prisão
na terça, continua sem saber quando o mandado será expedido.
Também não se sabe se ele será
assinado pela ministra Cármen Lúcia, que está no lugar de Barbosa
durante o recesso, ou pelo próprio presidente, em fevereiro, quando a
corte retomar o trabalho.
Um dos ministros ouvidos pela Folha
disse que o mensalão é um processo delicado, por isso, qualquer ação que
crie confusão ou turbulência no caso é prejudicial.
Outro reclamou que as incertezas de procedimento geram desconforto psicológico desnecessário aos presos.
Um terceiro ministro, por sua vez, fez
críticas duras a Barbosa. Para ele, que como os colegas pediu
anonimato, apenas a exposição midiática do caso justifica a demora para a
expedição de mandados de prisão.
A defesa de João Paulo criticou a
situação a que seu cliente é submetido. De acordo com o advogado Alberto
Toron, essa indefinição cria uma situação "desumana".
Na opinião do advogado, Cármen Lúcia
só pode dar decisões em casos urgentes e não poderia expedir um mandado
de prisão em um processo que não relatou.
Ministros ouvidos pela Folha, porém,
acreditam que tanto ela quanto o próprio Barbosa poderiam assinar o
termo. Mas consideram pequena a chance de a interina tomar decisões no
processo.
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