Jornal GGN - qua, 16/07/2014 - 15:49
- Atualizado em 16/07/2014 - 16:44
Do Tele Síntese
André Barbosa, superintendente de
suporte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), afirma que conversor que
será distribuído para inscritos no Bolsa Família criará a possibilidade
de levar a banda larga para pessoas carentes, usando a penetração da
TV. Para ele, todos podem ganhar com isso. Basta estabelecer modelos de
negócios compatíveis com a renda dessas famílias. " A gente vai
avançando para que esse público enorme, que ainda não tem a
possibilidade de receber fibra [óptica], uma internet fixa, usar o canal
retorno por 3G ou 4G para ter acesso à web. Ao mesmo tempo, usar novo
modelo de negócio – acho que isso é importantíssimo e foi a Oi a
primeira a ver isso – como uma nova fonte de renda para as operadoras,
assim como para a radiodifusão", assinala.
Lúcia Berbert
André Barbosa, superintendente de
Suporte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), afirma que conversor que
será distribuído para inscritos no Bolsa Família criará a possibilidade
de levar a banda larga para pessoas carentes, usando a penetração da
TV. Para ele, todos podem ganhar com isso.
Basta estabelecer modelos de
negócios compatíveis com a renda dessas famílias. A “caixinha” não é só
para TV, é uma “caixinha” integradora, midiacenter. E o Ministério das
Comunicações e a Anatel encontraram uma boa solução ao indicar um
conversor semelhante para ser distribuído com as famílias de baixa
renda, de uma caixinha que possa permitir, no futuro, do Plano Nacional
de Banda Larga [PNBL] com o plano de migração da TV digital. “E, com
isso, a gente vai avançando para que esse público enorme, que ainda não
tem a possibilidade de receber fibra [óptica], uma internet fixa, usar o
canal retorno por 3G ou 4G para ter acesso à web. Ao mesmo tempo, usar
novo modelo de negócio – acho que isso é importantíssimo e foi a Oi a
primeira a ver isso – como uma nova fonte de renda para as operadoras,
assim como para a radiodifusão”, assinala.
Tele.Síntese- O Ministério das
Comunicações estabeleceu que o conversor de TV digital, que será
distribuído para as pessoas inscritas no Bolsa Família, terá o Ginga e
permitirá acesso a outros serviços via banda larga móvel, nos moldes do
que a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) vem testando. Isso é viável?
André Barbosa – A base
de tudo isso está no desenvolvimento do Ginga completo, o Ginga full,
porque o que foi proposto inicialmente, pela norma da ABNT não levou em
conta a totalidade do middleware. A indústria fatiou e colocou o
Ginga 1.0 por interesse dela. Como é uma plataforma que trabalha tanto
por IP como por processo, se privilegiou a TV conectada, com o apoio do
Fórum Brasileiro da TV Digital, que deveria trabalhar para trazer os
benefícios da interatividade e da conectividade. Agora, depois de certo
tempo, conseguimos comprovar a possibilidade de uso, privilegiando os
serviços públicos, daquilo que se chama de Ginga C ou 3.0. Ele tem
alguns protocolos que permitem a interatividade, vídeos dinâmicos e uma
série de leituras de mídias previstas para utilizarem a linguagem IP
convergida com a DTS, que é a linguagem de televisão.
Isso no mundo nunca foi desenvolvido,
não que os países como Itália, que chegou bastante longe, a França e até
a Alemanha, não tivessem capacidade, não é isso que estou dizendo. O
que eu digo é que esses países não tiveram interesse por causa de outros
serviços que consideram prioritários, como a banda larga. Isso também
está sendo discutido no mundo, porque o broadcasting está sendo visto de
outra maneira hoje, não só como aquela televisão linear como acontece
hoje, mas usado para outras formas de plataformas digitais que estão se
construindo modelos no mundo, por broadcasting.
De qualquer maneira, para o panorama
brasileiro faltava desenvolver um teste de conceito e a gente fez isto
com o Brasil 4D. Depois de testar em 50 casas esse conversor em
Samambaia, no DF, vamos agora para 350 casas na Ceilândia. E mais, a
gente está fechando com a Codab [Companhia de Desenvolvimento
Habitacional do Distrito Federal] um acordo para licitar 30 mil unidades
com “caixinhas” do Brasil 4D para serviços públicos.
Tele.Síntese- Qual é a configuração desse conversor ou “caixinha”?
Barbosa – O perfil
técnico dessa “caixinha” prevê um hardware com duas portas USB, uma
interna para colocar o modem 4G ou 3G, e uma externa para fazer conexão
com IP, seja WiFi, seja com banda larga fixa, TV conectada ou qualquer
outro instrumento IP e com cachê de memória suficiente para reduzir a
latência, possibilidade de colocar memória flash de 512 K e cartão de
memória de até 16 Giga, para caber mais aplicativos. Nós já estamos
trabalhando na correção pelo ar dos dados e também de vídeos. Ou seja,
você carrega os vídeos de madrugada e os vídeos anteriores vão para
nuvem e terá um aplicativo para abrir essa nuvem. E os novos estarão
embarcados no carrossel e disponíveis no memory card, com todos os
aplicativos embarcados. Isso leva o conversor a ter similitude com
smartphones, PCs e outros equipamentos de informática que tenham essas
mesmas característica.
A “caixinha” não é só para TV, é uma
“caixinha” integradora, midiacenter. E o Ministério das Comunicações e a
Anatel encontraram uma boa solução ao indicar um conversor semelhante
para ser distribuído com as famílias de baixa renda, de uma caixinha que
possa permitir, no futuro, do Plano Nacional de Banda Larga [PNBL] com o
plano de migração da TV digital. E, com isso, a gente vai avançando
para que esse público enorme, que ainda não tem a possibilidade de
receber fibra [óptica], uma internet fixa, usar o canal retorno por 3G
ou 4G para ter acesso à web. Ao mesmo tempo, usar novo modelo de negócio
– acho que isso é importantíssimo e foi a Oi a primeira a ver isso –
como uma nova fonte de renda para as operadoras, assim como para a
radiodifusão.
Isso coloca a TV aberta em um mundo
digital com modelo de negócio convergente. Até agora no mundo não tinha
sido feito isso, porque todo mundo optou por se fazer isso por meio de
IP. Foi o Brasil, junto com esse grupo todo, EBC, Harris, D-Link, Totvs,
MecTronica, Spinner, Ebcom, Intacto, Oi e Ei-TV!, universidades e
tantos outros que participaram desse projeto, que iniciaram esse
movimento.
Tele.Síntese- As especificações do conversor do MiniCom são iguais a da “caixinha” do projeto Brasil 4D?
Barbosa- Faltou uma
coisinha, mas foi por esquecimento. Faltou a porta HDMI. Não existe
conversor hoje sem essa entrada porque sem ela perde a alta definição da
TV aberta, que só teria conexão por vídeo componente ou vídeo composto,
que garante uma definição de apenas 420 linhas, uma resolução muito
parecida com a da TV analógica. Com o HDMI a TV aberta terá qualidade
superior do que a TV a cabo.
Mas o Ministério das Comunicações e a
Anatel já afirmaram que quem vai definir as especificações do conversor
será o grupo do grupo técnico responsável pela migração e que a porta
HDMI será incorporada.
Tele.Síntese- A “caixinha” do projeto Brasil 4D foi especificada pela EBC?
Barbosa – Foi, a pedido
nosso. Na verdade, ela nasceu lá atrás de uma proposta do Banco do
Brasil, que desenvolveu com a Totvs e com outras empresas uma
especificação para criar extratos e saldos bancários pela televisão, que
inclusive vamos usar a partir deste mês no Brasil 4D. E o banco
negociou com a chinesa D-Link a possibilidade de fazer 10 mil caixinhas.
Mas o BB recuou por falta de regulação e ficaram com essas unidades sem
uso. Então, eu negociei com eles para fazer os testes de
interatividade. Para isso, melhoramos os equipamentos, botamos
aplicativos. Ou seja, fizemos todo um trabalho de firmware e de
estabelecimento de regras e padrões para fazer os testes em João Pessoa.
Tele.Síntese- Os testes também previam a distribuição de antenas externas junto com as “caixinhas”?
Barbosa – Sim e isso é
importante. Antena interna não funciona nesse momento. Não é que antena
interna não funcione para TV digital, mas é um risco muito grande por
causa dos filtros para evitar interferências. No caso dos receptores do
MiniCom, elas devem sair já com os filtros, conforme o ministro Paulo
Bernardo adiantou, para evitar interferências dentro de casa. Mas não
adianta querer botar antena interna, tem que ser antena externa, para
evitar o risco severo de interferências entre os serviços. Se a gente
fizer em escala, vai ficar muito barato. Hoje, uma antena externa
estaria custando por volta de R$ 80 a R$ 90, mas teríamos condições de
fazer isso com o custo mais baixo para atender 1 milhão de “caixinhas”. A
perspectiva, e isso ainda não tem confirmação, a potencialidade de
conversores é de chegar a 17 milhões, de acordo com as inscrições atuais
no Programa do Bolsa Família. Mas na cotação inicial para a fabricação
de 1 milhão de “caixinhas” com antena externa ficaria entre R$ 60 e R$
120 o kit.
Paralelamente, a Anatel ficou de
conversar sobre conexão com as operadoras, seja por meio de uma política
de contrapartida ou de política pública, para que o chip de dados, que
já existe no mercado, possa ter um preço acessível pago pelo próprio
consumidor. Ele usa um pacote de dados que ele não paga, mas se
ultrapassasse a franquia, teria condições de arcar com o valor reduzido.
Isso é uma coisa que precisa ser estudada, para garantir que esse mídia
center possa ser mais um canal de inclusão digital, que congrega a
banda larga e a TV digital. Como a gente sempre previu, esses meios são
suplementares e não excludentes, podem conviver perfeitamente e podem
ser motivos de interesses econômicos das corporações.
Outras coisas virão, como o incentivo de
desenvolvimento de projetos convergentes e desenvolvimento de ideias
para a TV digital, com recursos públicos, na área de antenas
inteligentes, diminuição de latência e outras questões fundamentais,
como a interatividade síncrona, ou seja, dentro do programa.
Tele.Síntese- Quem vai produzir esses conversores em um tempo curto?
Barbosa– Para produção
do hardware, tem várias empresas interessadas. Recentemente, a Anatel
reuniu uma sete empresas, nacionais e estrangeiras, para conversar. Mas
existem muito mais empresas que podem fazer isso. A questão é saber
sobre a implantação do protocolo 3.0 do Ginga e saber se essa
implantação será pública, aberta. O pedido da EBC é que seja feito
assim. A implementação pública de referência para o uso da
interatividade e canal de retorno, como a PUC fez com a versão 1.0, para
não ficar na mão de desenvolvimento proprietário. A TV digital sempre
foi software livre, código aberto e não pode ser diferente agora quando
estamos falando de baixa renda na TV digital.
Tele.Síntese- Esse processo pode levar a um ganho significativo ao PNBL?
Barbosa – Acho que sim.
A televisão está em 98% dos lares e poderemos chegar, como pretende o
MiniCom, a 93% em 2019 e isso significa que essas pessoas passam a ter a
possibilidade de receber as informações digitais, transmitidas por
broadcasting ou por IP, não importa. Vamos criar um atalho para a oferta
de banda larga. E as operadoras não vão deixar de ganhar dinheiro. Ao
contrário, com o modelo novo de canal de retorno, pode se ampliar para
outras ofertas de pacotes. Precisamos da cooperação da iniciativa
privada para isso.
Tele.Síntese- E os testes da EBC, como andam?
Barbosa- Na verdade,
nós temos novidades que serão implantadas agora, como um game de
trabalho, desenvolvida pela Feevale, única universidade que tem mestrado
em games no Brasil. Mas para isso temos que modificar o firmware,
avaliar a capacidade de memória, enfim, tudo isso estamos aprendendo.
Também serão implantados extratos e saldos bancários. Para avançar para
outros serviços bancários, como a movimentação de contas, precisamos
fazer um padrão de autenticação bancária. Isso nós estamos negociando
com a Febraban, com as empresas, o governo, para reduzir riscos no canal
de retorno.
Tele.Síntese- Então todos os serviços em teste poderão migrar para essa “caixinha” da Anatel?
Barbosa – Ela pode ser
mais do que ela é, desde que seja escalável. Mas, na verdade, ela inicia
com uma configuração básica, que permite ter uma conexão com a banda
larga 4G ou 3G e a serviços públicos. Mas a conexão pode ser gratuita ou
paga. São várias possibilidades que a Entidade Administradora da
migração vai decidir. Uma das questões fundamentais é testar a
interatividade no VHF alto até 2016, quando começa efetivamente o
desligamento do sinal analógico, para saber se funciona igual ao UHF.
Acreditamos e todos os engenheiros têm sido unânimes de que não haverá
problemas. Mas temos que fazer os testes. Outro ponto significativo é
trabalhar na multiprogramação. Há poucos conversores no mercado com essa
possibilidade e há televisores que também não pegam, porque atualmente é
opcional. Muitos radiodifusores não querem, mas para os canais públicos
é vital. Sem apelo público, isso dificilmente ocorrerá.
Tele.Síntese- A Anatel acenou com a
possibilidade de destinar nova faixa para a evolução da TV digital. Essa
é uma reivindicação também das TVs públicas?
Barbosa – É sim. A
Anatel já estudando seriamente isso, os radiodifusores ficaram contentes
com isso. Assim com o percentual mínimo de 93% de cobertura da TV
digital para o desligamento. As coisas estão começando a clarear. Essa
“caixinha” é a demonstração física de que a radiodifusão e a banda larga
podem caminhar paralelamente, mas de forma convergente.
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