segunda-feira, 6 de julho de 2015

Contraponto 17.147 - Não vai haver golpe, e aqui estão as razões.


07/07/2015


Não vai haver golpe, e aqui estão as razões. Por Paulo Nogueira




Ela vai até 2018
Ela vai até 2018
Paulo NogueiraCansei.

Cansei do clima de derrota, de desolação, de paranoia que se alastrou pelos círculos progressistas nas redes sociais.

É como se o golpe fosse uma coisa inevitável.

Não poderia haver coisa mais errada.

Não vai haver golpe. Repito. NÃO vai haver golpe. Lamento as maiúsculas, mas são necessárias neste caso.

2015 não é 1954 e não é 1964.

As circunstâncias são diferentes, completamente diversas – exceto pela vontade da direita de subverter o resultado das urnas e a democracia.

Alguns pontos:
  • Não vivemos numa Guerra Fria. Os Estados Unidos, consequentemente, não têm marines prontos para despachar para o Brasil para defender os golpistas de direita;
  • Não existe, no Brasil, um exército mobilizado para colocar os tanques nas ruas. Foi tão funesta a experiência dos militares no poder – 21 anos de poder e uma desastrosa obra em todos os campos, da política à economia, para não falar da questão social – que não existe a mais remota chance de uma segunda aventura dos generais por séculos.
  • Nem Jango e nem Getúlio tiveram a internet como contrapartida para o massacre da mídia.
  • Mesmo com o desgaste dos anos e de alianças bisonhas, o PT tem uma base social que ninguém pode subestimar. O Brasil entraria numa convulsão, e a direita sabe disso. Toda a raiva acumulada pela campanha de ódio da direita se traduziria em ódio na mesma medida da esquerda, e o país poderia virtualmente entrar numa guerra civil.

Por tudo isso, e por outras coisas que tornariam este artigo interminável, não vai haver golpe.

O que a direita quer, com sua gritaria histérica e alucinada, com suas ameaças tonitruantes e vazias, é manter os progressistas acoelhados, imobilizados até 2018.

E está conseguindo.

Espinha ereta: é isto que está faltando para os progressistas.

Coragem.

E discernimento.

Nestes dias, amigos no Facebook compartilharam, amedrontados, uma nota do Painel da Folha em que estava, segundo eles, o “roteiro do golpe”.

O Painel é feito pela mulher de um assessor de Aécio, e ex-editor da Veja.

Levar a sério?

Faz meses, anos, que a Veja afirma que o governo petista vai cair. Foi assim com Lula, é assim com Dilma.

É a vontade da Veja, porque um presidente amigo prolongaria com dinheiro público a vida da Abril, agonizante.

Só que entre a vontade da Veja e a realidade vai uma distância enorme.

Mas os progressistas parecem desconsiderar, e entram em pânico.

O medo imobiliza, e este é o principal problema para os progressistas.

Você sente desânimo para dar a melhor resposta para a gritaria conservadora: sair às ruas.

É nas ruas que a batalha vai ser ganha ou perdida. E não estou falando em golpe, mas em 2018.

Termino com Montaigne.

Num de seus melhores ensaios, ele afirmou: “Meu maior medo é ter medo.”

Os progressistas estão com medo – e a hora é para adultos, não para meninos assustados.



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Sobre o Autor

Paulo Nogueira . Jornalista fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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