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14/07/2015


Janio e os tubarões lobistas que miram o pré-sal


Tijolaço - 14 de julho de 2015 | 17:46 Autor: Fernando Brito
tuba

Janio de Freitas, cuja otimista ironia é uma das marcas saborosas de seu texto, diz que o depoimento do Ministro José Eduardo Cardozo bem que poderia, amanhã, em seu depoimento na CPI, colocar um pouco de petróleo nas lavagens cerebrais que se desenvolvem no país com os efeitos da Operação Lava Jato.

Com a teimosa obstinação dos que esperam que bananeiras deem goiabas, ele argumenta que Cardozo bem que poderia dizer algo sobre o lobby poderoso que vem se servindo do processo sistemático de desgaste da Petrobras perante a população para que se entregue o pré-sal brasileiro.
Suspeito que isso, na fala de Cardozo, ficará absolutamente ausente.

Como ficará quieto sobre as inúmeras vacilações ou mesmo traição explícita de setores de governo que admitem que se possa retirar do controle brasileiro e das mãos de nossa – apesar de tudo – petroleira esta riqueza.

A pretexto, na expressão que Janio usa, de uma “visão contábil” da administração da Petrobras, esquecem que ela nasceu, vive e se alimenta do desejo do Brasil de ter um desenvolvimento soberano.

E servem como “vassalos técnicos”, prontos a dizer que, em nome de “salvar o presente” – o que sequer existe- estão prontos a entregar o futuro.

Leia este trecho do artigo de  Janio:

O governo não abriria informações fartas sobre o seu conhecimento, se as tem, de procedimentos com licitude duvidosa por parte de interessados em extinguir a participação da Petrobras na exploração de todo o pré-sal. Mas alguma coisa básica, tendo o tema importância nacional e internacional, um deputado descomprometido poderia suscitar e o ministro proporcionar.
Em circuito que parece bastante estreito, circulam referências a um oceano de dinheiro já inundando o supermercado dos que vendam contribuições, em qualquer área, para aquele objetivo. Há um escritório de lobismo operando em Brasília e em São Paulo –se já não forem vários, como é costumeiro nessas operações.

A participação da Petrobras foi instituída por duas razões, quando definido o sistema de concessão de jazidas do pré-sal também a empresas e consórcios privados. Uma, a retribuição ao grande investimento e ao longo trabalho científico e técnico da Petrobras que levaram à exploração do petróleo em águas de grande profundidade no Sudeste brasileiro. A outra: a implicação dessa riqueza para o futuro do país exigia uma estratégia de negócios que resguardasse de políticas privadas, provenientes de interesses externos, a política brasileira do petróleo.

Na Petrobras atual, a concepção administrativa regida por conceitos de contabilidade faz adeptos da venda de patrimônio da empresa, incluídos os 30% de participação nas explorações alheias do pré-sal. A concepção contabilista não exclui outros motivos de adesão à venda da quota participativa – a qual, na visão de estratégia nacional, não é só venda de patrimônio valioso: é venda de futuro.

O alcance internacional dado ao escândalo em torno da Petrobras sequer adiou a compra, entre petroleiras, de concessões no pré-sal. Do mesmo modo, seguem negociações para outras compras, por grandes petroleiras às pequenas.

A coluna, na íntegra, está aqui.
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