16/09/2015
Dilma impede o desmanche social
Jornal GGN - ter, 15/09/2015 - 19:23
O jogo de xadrez é o seguinte:
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Há uma crise fiscal que necessita ser combatida.
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A crise é decorrência de dois fenômenos: o excesso de subsídios concedidos nos últimos anos e, principalmente, a queda da atividade econômica e da receita. Corrigem-se esses problemas voltando aos níveis de despesas de quatro anos atrás e apostando na recuperação da economia.
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Uma frente anti-Estado de Bem Estar - constituída pela oposição, algumas vozes de mercado, engrossada agora por Delfim Netto - pretende valer-se do nó político para retirar da Constituição avanços consagrados em 1988.
O pacote apresentado persegue o ajuste fiscal sem afetar direitos sociais.
Para isso, o Planejamento e a Fazenda apresentaram um conjunto de medidas que podem ser classificadas em quatro grupos:
Postergação de despesas - enquadram-se aí o adiamento da data base do funcionalismo, a suspensão de concursos, o replanejamento do reintegra.
Medidas definitivas
- o fim do abono-permanência (pelo qual o aposentado do serviço público
poderia permanecer na ativa, com 11% de abono sobre os proventos), o
aumento da alíquota de juros sobre o capital e redução das
transferências para o Sistema S.
Volta ao passado - o fim do subsídio de Pis/Cofins para a indústria química e retorno do subsídio agrícola para os níveis de quatro anos atrás.
Remanejamentos
- substituição dos gastos orçamentários por recursos de outras fontes. É
o caso do FGTS e das emendas orçamentárias para o PAC e para a saúde, e
também do sistema S para os programas de inovação.
Em pacotes gerais como este, há muitas linhas de crítica.
Cada
corte provoca perdas variadas. As reportagens darão ênfase às perdas,
sem mostrar os dilemas: se não cortar A teria que cortar B.
Os
parlamentares da oposição reforçarão o seu negativismo explorando o
sentimento anti-tributação do seu público. O bordão "o governo não
cortou na própria carne" será repetido à exaustão sem atentar para os
números: da despesa total, correspondendo a 19,4% do PIB, 17,6% não são
contingenciáveis. É esse não contingenciamento que garante que recursos
da saúde, educação, inovação não sejam transferidos para os rentistas.
Pode-se
questionar também a isonomia. Para ficar no campo empresarial, o
Sistema S perde R$ 8 bi, os exportadores R$ 2 bi, a Agricultura R$ 600
milhões e o sistema financeiro fica de fora.
Mas, inegavelmente, o pacto significou um prato de resistência de Dilma às tentativas de desmanche das redes de proteção social.
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