11/06/2016
Cunha entra de vez na linha de tiro
Brasil 247 - 11/06/2016
Leonardo Attuch
Até porque ninguém acredita que Sarney receberá uma tornozeleira eletrônica, aos 86 anos, apenas porque indicou um advogado a Sergio Machado, o ex-presidente da Transpetro que se converteu em espião. Ou ainda que Renan, presidente do Congresso, será preso por defender uma mudança legislativa, a alteração da lei das delações premiadas, que ele já havia sugerido publicamente. Jucá é quem mais se complica nos áudios de Machado, ao defender “estancar a sangria” da Lava Jato, mas não parece ser um alvo prioritário.
Quem realmente está na mira é Cunha.
Isso ficou claro com a denúncia formulada pelo Ministério Público
paranaense contra sua esposa Cláudia Cruz. Nela, há os dados
constrangedores sobre gastos de quase US$ 1 milhão com roupas de grife e
artigos de luxo e ainda a desmoralização da tese de que os trustes na
Suíça não seriam contas no exterior. Para os procuradores, Cunha adotou
métodos de modernos criminosos.
Em paralelo, o ministro Teori
Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, deu cinco dias para que ele
apresente sua defesa no processo relacionado à contratação de
navios-sonda pela Petrobras, em que Cunha é acusado de receber US$ 5
milhões do delator Júlio Camargo. Se isso não bastasse, outro delator,
Fábio Cleto, ex-diretor da Caixa indicado por Cunha, apontou contas no
exterior ligadas a propinas do FI-FGTS, um fundo que era gerido pelo
banco. Esta delação poderia levar até a outros parlamentares que fazem
parte da numerosa “bancada de Cunha”.
Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste.
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