03/09/2018
Cordeiros sabem apagar incêndios?
Do Brasil 247 - 3 de Setembro de 2018
por Valter Pomar*
Também criminosa é a ameaça de assassinato contra os petistas do Acre, feita em praça pública por um candidato à presidência da República.
Espero que o governador, o senador, cada um dos deputados estaduais e federais, prefeitos e vereadores petistas daquele estado, assim como a direção nacional do PT, já tenham impetrado ações na justiça contra o criminoso.
Igualmente criminosa foi a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, impugnando a candidatura de Lula.
Frente a um crime, o cidadão deve convocar as autoridades.
Frente a um crime cometido por uma autoridade, a cidadania deve substituir a dita cuja.
E se porventura nos faltar força para fazer isso imediatamente, não pode nos faltar coragem para dizer as coisas como elas são: Barroso & companhia cometeram um crime hediondo contra o povo brasileiro, contra as liberdades democráticas, contra a soberania nacional.
Apesar disso, certo candidato afirmou publicamente estar "triste" com a impugnação, mas também disse que "como em toda tragédia, há um lado bom": "agora pelo menos temos mais clareza do processo eleitoral".
O que o citado fulano não percebe é o seguinte: ao impugnar o candidato preferido da maioria do povo, o TSE deu um passo mais no sentido de transformar o "processo eleitoral" em uma fraude.
E da mesma forma como cada corte orçamentário contribuiu para o incêndio do Museu Nacional, cada medida arbitrária cometida contra Lula está contribuindo para incendiar a política brasileira.
É nesse contexto que deve ser vista a ameaça criminosa contra os petistas do Acre. O golpe, a prisão, a impugnação fazem parte de uma dinâmica que visa destruir fisicamente a esquerda brasileira.
É também por isso que, além de ansiosos, são profundamente ingênuos os que defendem acatar a decisão do TSE.
Ansiosos, porque a criminosa decisão nos deu 10 dias, nos quais a coligação, Lula pessoa física e seu vice poderão continuar aparecendo no horário eleitoral gratuito.
Tempo decisivo para que – se vier a ser esta a decisão de Lula e da maioria do Partido – se possa criar as condições para uma transferência de votos, na quantidade e na velocidade necessárias.
Condições que não incluem "acatar", mas sim lutar contra a decisão do TSE, tanto fazendo recursos jurídicos, quanto mobilizando e denunciando.
A frio, sem comoção, sem convencer cada eleitor lulista acerca do que está ocorrendo, corremos alto risco de vermos serem desmentidas certas pesquisas que hoje "garantem" altas taxas de transferência, do mesmo jeito que ontem certos advogados "garantiam" que a justiça seria justa, do mesmo jeito que anteontem certos dirigentes "garantiam" que eles não ousariam prender o Lula etc etc.
Além de ansiosos, os que defendem acatar a decisão do TSE são ingênuos, porque no fundo trabalham com hipóteses como: a) os criminosos vão parar por aí; b) os criminosos vão tratar o substituto diferente de como tratam Lula; c) os criminosos vão assistir sem reagir à transferência de votos; d) os criminosos vão desistir de transformar a eleição em uma violenta fraude.
No fundo, parte dos que defendem acatar a decisão do TSE agem como aquele lutador que, exausto, imagina que se parar de resistir, vai parar de apanhar.
A verdade é outra: adaptar-se não vai interromper a violência do lado de lá.
Se não reagirmos com indignação e força contra cada violência, a violência prosseguirá e será ainda maior. O que, ao final, converteria nossa participação nas eleições em trágica adaptação à fraude.
A violência e o golpe só podem ser detidos por quem estiver disposto a reagir, lutar e derrotar o inimigo: cordeiros não conseguem apagar incêndio.
Por tudo isso, segue certo e atual dizer: Lula livre, Lula candidato, Lula presidente.
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