sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Contraponto 241 - Eleições na Bolívia em dezembro

11/09/2009

Sete candidatos enfrentarão Evo Morales na Bolívia


Carta maior

Os bolivianos irão às urnas no dia 6 de dezembro para escolher o presidente da República. Evo Morales, favorito para obter a reeleição, repete a chapa com o vice Alvaro Garcia Linera. Além do atual presidente, outros sete candidatos estão na disputa. As duas principais frentes opositoras são encabeçadas pelo empresário do cimento, Samuel Doria Medina, e pelo ex-prefeito de Cochabamba, Manfred Reyes Villa. Pesquisa Gallup dá 58% das intenções de voto para Evo Morales.

Pablo Stefanoni

Com a inscrição dos candidatos, a Bolívia entrou oficialmente em campanha para as eleições presidenciais de 6 de dezembro. Além de Evo Morales – que repete a chapa com o atual vice Álvaro Garcia Linera – disputarão a presidência outros sete candidatos. As pesquisas que antecipam a reeleição de Evo Morales fizeram que vários candidatos opositores desistissem da disputa nos últimos dias. Entre eles, o ex-vice-presidente aymara, Victor Hugo Cárdenas e o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, debilitado ao extremo pelas deserções em seu partido: na conferência de imprensa em que deveria apresentar seu vice, Quiroga decidiu atirar a toalha.

Essas desistências abriram caminho para duas frentes opositoras: o conglomerado de centro liderado pelo empresário do cimento Samuel Doria Medina e a aliança direitista encabeçada pelo ex-prefeito de Cochabamba, Manfred Reyes Villa – que teve o mandato revogado no referendo do ano passado – e seguida por Leopoldo Fernández, ex-prefeito de Pando, que está preso há um ano pelo massacre de camponeses em 2008.

Com o campo como baluarte imbatível, o governo de Evo Morales aponta sua artilharia agora para reconquistar a classe média urbana. Um dos movimentos nesta direção foi o lançamento da candidatura da jornalista e ex-defensora pública, Ana Maria Romero de Campero, ao Senado, por La Paz. “Ajude-me a ser uma ponte com as classes médias e inclusive com a oposição”, pediu Evo. Em Tarija, o governo escolheu a professora aposentada Rina Aguirre; em Beni, o ex-chefe do Exército e ex-cônsul no Chile, general Freddy Berzatti.

A campanha eleitoral calou fundo na sociedade. Os governistas se entusiasmam com a possibilidade de impor uma derrota histórica à direita, conseguindo maioria em ambas as câmaras da nova Assembléia Plurinacional (hoje a oposição domina o Senado). E os opositores tratam de tentar reverter a sensação de derrota antecipada e unificar o máximo possível o voto “anti-Evo”. Alguns poucos, mais otimistas, sonham com um segundo turno, que ocorrerá se o primeiro lugar não obtiver 50% dos votos, ou ao menos 40% com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado. A Gallup realizou uma pesquisa, incluindo a área rural, que deu a Evo Morales uma intenção de voto que chega a 58%. E só por esse clima – em um país onde as pessoas adoram votar – se explica a massiva afluência para a inscrição no novo sistema de votação, uma reivindicação da oposição que desconfia do padrão atual.

Tradução: Katarina Peixoto
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