Por Fernando Brito
Em seu perfil no Facebook, Lula declarou que “ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da sociedade civil porque a democracia não é um pacto de silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em busca de novas conquistas”.
Por meio da Secom, Dilma mandou dizer que “As manifestações pacíficas são legítimas e próprias da democracia. É próprio dos jovens se manifestarem”.
Hoje, apesar de ainda não terem terminado as manifestações, deu para perceber que o movimento se separou em uma grande maioria que, sem o assédio da polícia, salvo algumas exceções, manifestou pacificamente seu pensamento e alguns pequenos grupos que buscaram situações de confronto, no Rio e em Porto Alegre e São Paulo, agindo no final das manifestações.
E o que fazer diante disso?
Simples: perceber que, embora se possa ficar dizendo que os manifestantes são de classe média, há uma importante fatia da população que se sente insatisfeita com a qualidade dos serviços públicos – e não apenas com os ônibus – e, sobretudo, está carente de referências, lideranças, de representantes.
O próprio Lula dá o caminho da lucidez: “não existe problema que não tenha solução. A única certeza é que o movimento social e as reivindicações não são coisa de polícia, mas sim de mesa de negociação”.
Foi a falta desta compreensão que permitiu que a repressão insana levasse a situação a esse ponto. E é a falta de um diálogo organizado é que permite aos grupos de provocadores passarem como o mesmo que os manifestantes, o que não são.
Para recuperar o tempo perdido, porém, não é possível que tudo fique entregue aos governos e às prefeituras.
Nem o Brasil, nem estas manifestações são ilhas isoladas. Tudo está ligado e isso é um fenômeno de âmbito nacional.
Sem desrespeitar suas autonomias, o Governo Federal deve assumir essa coordenação, estimular o diálogo, desestimular a ideia de que as coisas podem ser resolvidas pela repressão.
A repressão, como se viu, só piora.
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