Boa parte do Rio de Janeiro, e do Brasil, ainda está em estado de choque com o quebra-quebra no Leblon. Desta vez a PM praticamente não reagiu. Quase não usou bombas. Não usou balas de borracha. Aparentemente, o governo do Estado apostou numa virada da opinião pública. Devem ter pensado algo assim: “Vamos deixar eles fazerem o que bem entenderem, para a população ver quem são”.
O jornal O Globo, mesmo tendo um edifício apedrejado no bairro, até que tentou, no dia seguinte, salvaguardar o prestígio dos manifestantes. A matéria fala em “clima de paz”.
Clima de paz? Como assim, se nenhum jornalista da Globo pode se aproximar sem o risco de ser linchado? A verdade é que os manifestantes são tão “pacíficos”, tão pacíficos, que todo mundo tem medo deles.
À mídia interessa produzir instabilidade, para vender mais jornais e desgastar a classe política. Fragilizados, os parlamentares não terão condições políticas de peitarem a mídia. Ninguém dá um pio, nem que seja para levantar um debate, sobre os meios de comunicação.
Entretanto, os manifestantes também são contra a Globo. Há uma animosidade muito forte nas ruas contra a grande mídia. Estabeleceu-se, portanto, uma relação esquizofrênica. Os jovens fazem passeatas nas ruas contra a mídia, e a mídia faz comerciais na TV (como fez a Folha) usando os manifestantes como garotos-propaganda. Um prédio da Globo no Leblon é depredado por manifestantes, e o jornal fala em “clima de paz”…
Tudo tem um limite. Os saques e depredações vistos na quarta-feira revelam que as manifestações contra o governador Sérgio Cabral atravessaram o Rubicão. Ou seja, deixaram de ser protestos legítimos, inclusive pelo impeachment, do governador, para ingressarem no terreno pantanoso do golpismo. E o pior, com possível apoio de milicianos e traficantes, prejudicados pelo desempenho, elogiado no mundo inteiro, do secretário de Segurança, José Beltrame.
O que está em jogo agora são os limites de um protesto. A classe política, acuada pelas “ruas”, de um lado, e pela mídia, de outro, não sabe fazer outra coisa que não falar em voz de falsete, enquanto, astutamente, conforme alertou o professor Wanderley Guilherme, tenta aprovar reformas que só interessam ao conservadorismo. Reforma agrária? Democratização da mídia?
Nada disso. Os parlamentares, com ajuda da esquerda, vão acabar é aprovando o voto distrital, o que constituirá uma facada no coração do voto sindical, ou seja, um golpe aplicado diretamente no núcleo eleitoral dos partidos de esquerda. Sem mídia, a campanha pelo financiamento público exclusivo não dará resultados, e sobrarão apenas os candidatos financiados por bancos e empreiteiras, além daqueles que são sócios ou ligados a canais de televisão em seus estados.
O governador Sérgio Cabral tem sido, até aqui, a principal vítima dos protestos de rua. No Brasil inteiro, estes arrefeceram ou passaram a focar em alvos mais específicos: como pedágios em Vitória (ES) e Rede Globo e suas afiliadas em outros estados. Aqui eles continuam no pé do governador. Entretanto, uma eventual infiltração de criminosos entre os “mascarados”, além do oportunismo dos adversários políticos de Cabral, que estariam incitando seus militantes, podem transformar o governador em vítima, proporcionando-lhe uma tábua de salvação.
É bom lembrar que um processo de impeachment é sempre traumático. É a última solução, e mesmo assim, não é uma panaceia, porque muitas vezes o substituto do governador é alguém igual ou pior. O ideal numa democracia, a solução mais inteligente, sempre, é vencer nas urnas.
Reproduzo abaixo uma nota publicada agora há pouco no Brasil 247, que traz informações sobre a questão partidária que eu mencionei no post.
“O CENTRO DA NOSSA LUTA É DERRUBAR O CABRAL”
No Brasil 247.
Manifestantes que ocupam as ruas do Rio há mais de um mês prometem aumentar a pressão sobre o governador do Rio de Janeiro na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com gritos de “Fora Cabral”. Aliados, prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), no entanto, tem sido poupado. Ele reduziu os preços das tarifas de ônibus e posicionou-se a favor de manifestações políticas
19 DE JULHO DE 2013 ÀS 07:18
247 – O manifestantes que ocupam as ruas do Rio de Janeiro há um mês dizem que não iram sossegar até que conseguir tirar o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), do poder.
“O centro da nossa luta no Rio hoje é derrubar o Cabral que representa esse projeto político voltado para os empresários, para a corrupção”, disse ao Valor o estudante da Universidade Federal Fluminense (UFF), Paulo Henrique Lima. Morador de São Gonçalo, uma das regiões mais carentes do Rio, e militante do PSOL, ele participa desde o ano passado das reuniões do Fórum de Lutas contra o Aumento da Passagem, principal espaço de debate dos participantes dos atos no Rio. “Ele [Cabral] se coloca de forma autoritária”, criticou.
O movimento promete intensificar a pressão sobre o peemedebista durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) na semana que vem, com gritos de “Fora Cabral”.
A fotógrafa e câmera de cinema, jovem Aloyana Lemos, moradora de Laranjeiras, zona sul do Rio, também apoia os gritos de “Fora Cabral” nas manifestações, e acredita que os atos vão se fortalecer na próxima semana, durante a Jornada. “Acho que o pessoal está revoltado e só tem a crescer pra gente lutar contra o vandalismo do governo”, disse.
Na Câmara, os deputados estaduais Marcelo Freixo (PSOL), Paulo Ramos (PDT); e Luiz Paulo (PSDB), opositores de Cabral, tentam recolher assinaturas para protolocar o pedido de impeachment na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O foco dos protestos em cima de Cabral tem poupado seu aliado e prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) – que reduziu o preços das tarifas de ônibus e posicionou-se a favor de manifestações políticas.
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