Marcelo Neri, presidente do Ipea, não poderia ter sido mais honesto - e
corajoso - ao identificar com clareza o perfil das manifestações de
junho. E as reações à fala dele, de que a periferia não está presente no
piquenique cívico montado nas ruas, revelam muito do grau de
manipulação envolvido com o tema.
Claro, não há porque negar à
classe média o direito de pedir por um Brasil melhor e demonstrar sua
insatisfação "com tudo isso que está aí". É como uma miss clamando pela
paz mundial: todo mundo sabe que é um nado de superfície, mas não há
razão para recriminar a intenção da moça.
Mas o fato que
"tudo isso que está aí" interessa a muita, muita gente mesmo. Antes de
"tudo isso que está aí", os governos governavam para uma minoria
exigente e centralizadora, herdeira direta dos maus modos da
Casa-Grande. Na última década, as políticas de distribuição de renda
calcadas em programas de assistência social modificaram a configuração
da sociedade brasileira e conferiram ao País uma nova divisão interna, e
não apenas baseada na cultura do consumo - embora isso tenha sido
também muito importante.
Não se deve ignorar a força desse
movimento que tomou as ruas, mas não deixa de ser óbvio que essas
passeatas de reivindicações difusas dizem respeito quase que
exclusivamente aos anseios e frustações da classe média, sobretudo essa
mais triste e conservadora que sofre da doença infantil do antipetismo.
Basta dar uma olhada no Facebook do perfil de muitos dos manifestantes que gritam na tag #ogiganteacordou.
Quase sempre uma multidão de bem nascidos em plena euforia de
adolescência cívica, sequiosa de participar das manifestações para
dizer, lá na frente que, sim, eu fui, tenho até a camiseta.
O
apoio tardio da velha mídia e a adesão histérica de seus colunistas de
plantão nos dá essa dimensão exata. Não tem nada a ver com inflação (6%
ao ano, oh!) nem muito menos corrupção, que é uma falsa bandeira montada
no mastro do moralismo de ocasião. No caso, foi hasteada para ser
cavalo-de-guerra nas eleições de 2014, contra o PT, naturalmente,
apontado pelo subcolunismo nacional como inventor da corrupção pátria.
Só para lembrar: um levantamento feito, no ano passado, pelo Movimento
de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE) revelou o Ranking da Corrupção
no Brasil e o partido que ficou em primeiro lugar foi o DEM. Em seguida
vieram o PMDB (segundo lugar) e PSDB (terceiro lugar). O PT ocupa a nona
posição.
A questão que está intrínseca na declaração de
Marcelo Neri é a de que essa maioria silenciosa assim continuará, pela
simples razão de que, apesar de maioria, viver na invisibilidade
midiática desde sempre. Além disso, ela sabe que quando se manifesta as
balas que lhe são dirigidas pela PM não são de borracha, mas de chumbo
grosso.
Essa questão de visibilidade, na verdade, um
privilégio de classe, dá às manifestações o poder de agendamento, o que
de fato ocorreu no governo do PT e no Congresso Nacional, onde
autoridades e políticos apavorados correram para reformar a República
antes de perderem as cabeças. Porque os políticos vivem, em sua maioria,
dos votos dos pobres, mas têm medo mesmo é da classe média e dos ricos.
E dos oligopólios de mídia, aos quais se submetem de forma tão
rastejante como apartidária.
No rastro desse desespero,
transformaram a corrupção em crime hediondo, quando o fundamental -
botar a mão nos corruptores - nunca aconteceu no Brasil. Basta lembrar
que o banqueiro Daniel Dantas, condenado a 10 anos de prisão por
subornar um delegado federal, simplesmente conseguiu anular a operação
Satiagraha no Superior Tribunal de Justiça. (os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)
Dantas está
livre, certamente apoiando as manifestações, como também Luciano Huck,
Regina Duarte, Angélica e, agora, a blogueira cubana Yoani Sánchez, musa
da extrema-direita latino-americana e especialista do Instituto
Millenium, a maior confraria de coxinhas do País.
Neri está
correto. Não há negros nas ruas, assim como não os há (e nunca haverá,
com ingressos tão caros) nos estádios milionários sobre o qual paira
todo tipo de suspeita de superfaturamento e desvios de conduta e verba.
Mas que andam lotados de gente branca e feliz, as mesmas que,
paradoxalmente, encheram as ruas para, vejam vocês, para reclamar de
"tudo isso que está aí".
Cearense, engenheiro agrônomo, servidor público federal aposentado,casado, quatro filhos e onze netos. Um brasileiro comum, profundamente indignado com a manipulação vergonhosa e canalha feita pela mídia golpista e pela direita brasileira, representantes que são de uma elite egoísta, escravista, entreguista, preconceituosa e perversa.
Um brasileiro que sonha um Brasil para todos e não apenas para alguns, como tem sido desde o seu descobrimento até os nossos dias.
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O QUE É PIG ?
"Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PIG, Partido da Imprensa Golpista." (Paulo Henrique Amorim.) Dentre os componentes do PIG, os principais e mais perigosos veículos de comunicação são: a Rede Globo, O Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo e a revista Veja.
O PIG - um instrumento de dominação usado pela plutocracia - atua visando formar uma legião de milhões de alienados políticos manipuláveis, conforme os seus interesses.
Estes parvos políticos - na maioria das vezes, pobres de direta - são denominados na blogosfera progressista como 'midiotas'.
O estudo Os Donos da Mídia, do Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom), mostra que de 1990 a 2002 o número de grupos que controlam a mídia no Brasil reduziu-se de nove para seis.A eles estão ligados 668 veículos em todo o país: 309 canais de televisão, 308 canais de rádio e 50 jornais diários. http://www.cartacapital.com.br/sociedade/em-encontro-da-une-profissionais-defendem-democratizacao-da-midia/
MENSALÕES
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OS "MENSALÕES" NÃO JULGADOS
PGR e o STF – terão que se debruçar sobre outros casos e julgá-los de acordo com os mesmos critérios, para comprovar isonomia e para explicitar para os operadores de direito que a jurisprudência, de fato, mudou e não é seletiva.
É bonito ouvir um Ministro do STF afirmar que a condenação do “mensalão” (do PT) mostra que não apenas pés-de-chinelo que são condenados. Mas e os demais?
Alguns desses episódios:
1 - O mensalão tucano, de Minas Gerais, berço da tecnologia apropriada, mais tarde, pelo PT.
2 - A compra de votos para a reeleição de FHC. Na época houve pagamento através da aprovação, pelo Executivo, de emendas parlamentares em favor dos governadores, para que acertassem as contas com seus parlamentares.
3 - Troca de favores entre beneficiários da privatização e membros do governo diretamente envolvidos com elas. O caso mais explícito é o do ex-Ministro do Planejamento José Serra com o banqueiro Daniel Dantas. Dantas foi beneficiado por Ricardo Sérgio – notoriamente ligado a Serra.
4 - O próprio episódio Satiagraha, que Dantas conseguiu trancar no STJ (Superior Tribunal de Justiça), por meio de sentenças que conflitam com a nova compreensão do STF sobre matéria penal.
5 - O envolvimento do Opportunity com o esquema de financiamento do “mensalão”. Ao desmembrar do processo principal e remetê-lo para a primeira instância, a PGR praticamente livrou o banqueiro das mesmas penas aplicadas aos demais réus.
6 - Os dados levantados pela CPI do Banestado, de autorização indevida para bancos da fronteira operarem com contas de não-residentes. Os levantamento atingem muitos políticos proeminentes.
........................................................... Luis Nassif
Tem muita razão: é preciso condenar os corruptos, inclusive, esse Dantas aí.
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