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17/08/2013
Mensalão e trensalão
Sem uma mudança institucional, não haverá cadeia suficiente para políticos no Brasil

No mesmo dia em que ele fez esse discurso, líderes de vários partidos da base aliada chegaram a um acordo em torno de uma proposta de reforma política que aborda, inclusive, temas espinhosos, como o financiamento público de campanha. O julgamento da Ação Penal 470 será um marco, lembrou Barroso, se dele surgir um novo desenho institucional para o País. Afinal, são instituições sólidas que determinam o comportamento dos homens.
Para as forças políticas que hoje não são o alvo principal da espada penal, pode até parecer conveniente politizar a discussão da corrupção e, dela, tentar tirar algum benefício eleitoral. Mas eis que surgem novos escândalos, que põem abaixo o cinismo e a hipocrisia. O escândalo que hoje rivaliza com o “mensalão”, o chamado “trensalão” tucano, tem todos os elementos de um esquema de corrupção subordinado a um projeto de poder. Propinas eram arrecadadas junto a grandes fornecedores do setor público e destinadas a cobrir gastos de campanha – incluindo a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998. Ou seja: projetos de poder, pagos com dinheiro público. O Brasil tem hoje uma oportunidade única de reformar o seu sistema político.
E será uma pena se, mais uma vez, optar pelo caminho da hipocrisia, até que os falsos moralistas de hoje sejam desmoralizados amanhã.
Leonardo Attuch. Jornalista, idealizador do 247 e autor dos livros "Saddam, o amigo do Brasil", "Quebra de contrato", "A CPI que abalou o Brasil" e "Eike: o homem que vendia terrenos na lua"
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