sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Contraponto 12.030 - "Dirceu em Guantánamo"

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23/08/2013

Dirceu em Guantánamo

 

Do Conversa Afiada - Publicado em 22/08/2013


Os privilégios da Big House estão intocados 



Vamos supor que o viajante no mesmo voo para Brasília tenha razão.

E que a Globo Overseas conseguiu: o Supremo dedicará ao Dirceu o mesmo tratamento que a Justiça americana – que os colonistas (*) pátrios têm na conta de exemplar – dispensa aos prisioneiros em Guantánamo.

(Clique aqui para ler “Era uma vez a dupla jurisdição”; “O Supremo já teve coragem”; e “Janio critica Barroso – ué, ele não é Juiz ?”)

Sim, a Globo Overseas concorda com os americanos: Dirceu também é uma ameaça às instituições.

Instituições sagradas como a Receita Federal, por exemplo.

Um inimigo do regime – do regime escravocrata e suas sequelas.

Dirceu é o Oppenheimer da bomba que fez desmoronar a Big House: que abriga, o PRP, a UDN e, provisoriamente, o PSDB paulista.

Dirceu não passa de um afegão com pós-graduação em Cuba.

Vamos supor que o amigo viajante tenha razão.

E que os embargos infringentes sequer sejam aceitos, diante de irremovível opinião do Ministro decano Celso de Mello.

Segundo o Ataulfo Merval de Paiva (**), os dois conversaram longamente – viva o Brasil ! -, nesta quarta-feira, logo após a sessão do Tribunal.

É exatamente isso o que o amigo navegante acaba de ler.

O Ministro decano do Supremo conversou ao telefone com o mais radical dos colonistas do PiG (***), autor de um livro – um fracasso de vendas – sobre suas reflexões a respeito dos embargos infringentes.

E não pediu que a conversa fosse em off.

Assim, à luz o sol.

O Ministro Celso de Mello, neste mesmo julgamento, já defendeu os embargos infringentes – clique aqui para ver “por que serão aceitos”.

Mas, no inacreditável telefonema a um jornalista (sic) de solar parcialidade, o Ministro admite que, agora, precisa “refletir”.

Ou seja, o Supremo brasileiro não dará a Dirceu mais do que se estivesse em Guantánamo.

O amigo viajante não tem esperanças.

Dirceu ficará em Guantánamo.

O que, segundo o viajante, para Dirceu, no fundo, no fundo, vai fazer pouca diferença: Dirceu é um político profissional, tem lado e História: quando sair de Guantánamo continuará o mesmo.

E combaterá os que o condenaram – como combaterá os escravistas da Big House.

É o que faz desde 1968.

Mas, o viajante se pergunta, aí, sim, desconsolado: e você, e o outro e o cidadão, o Zé Mané do botequim ?

Que segurança jurídica terá, com os critérios para condenar o Dirceu: “o domínio do fato”, a morte do Martinez, o dinheiro que não é publico da Visanet, a verdade é uma quimera, as provas são tênues …

Diz o viajante: não terá segurança nenhuma.

O ansioso blogueiro pensa com seus botões e os do Mino Carta.

Não, se o cidadão morar na Big House, defender a escravidão (com sofismas, claro); os cartéis; a Privataria; a Lei “Leona Helmsley” -  quem paga imposto é pobre; apoiar o monopólio da comunicação com o argumento do “o conteúdo é sagrado” – esse cidadão não tem nada a temer.

A Lei o protegerá, como sempre.

A Lei que condenou o Dirceu só foi Lei porque era para condenar o Dirceu.

Não se aplica ao Cerra, ao Aécio Land-Rover nem ao Fernando Henrique “eu tenho um probleminha que é aquela fazendola em Minas”.

E muito menos ao Ricardo Sergio de Oliveira “se isso der m…”.

Para esses, o Código Penal está imaculado.

Resistiu ao estupro que ora se presencia, ao vivo.

A dupla jurisdição prevalecerá.

E o BV da Globo Overseas é intocável.

Como a compra da reeleição do FHC.


Paulo Henrique Amorim


(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.


(**) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse . Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.


(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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