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19/08/2013
Beto Almeida: Lula e a mídia popular
Carta Maior - 18 de Agosto de 2013 - 7h40
O chamado de Lula para construirmos nossa própria mídia implica reconhecer o papel decisivo, e ativo, que ele mesmo pode ter na montagem desse novo jornalismo cidadão. Assim como Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e Cristina Kirchner tiveram.
Por Beto Almeida*
Assisti pela Telesur, em transmissão ao vivo, à íntegra do excelente discurso de Lula na reunião Foro de São Paulo, realizada no final de julho, na querida Sampa, que volta a ser dirigida pelo PT e aliados. Tentei ver pela TV Brasil, mas ela não transmitiu. Foi importante , como tem sido, a presença protagonista da Telesur nesta reunião do Foro de São Paulo, também pelo fato de que ali se rendeu homenagem e reconhecimento ao legado de Hugo Chávez.
Chávez, o comunicador
Um dos importantes legados de Chávez, excelente comunicador, foi exatamente o de ter construído não apenas a Telesur – para a integração informativo-cultural dos povos do sul – mas também por ter realizado importantíssimas medidas para construção de uma mídia pública e popular na Venezuela, como a Radio Del Sur, a Vive TV, a Agencia Bolivariana de Notícias, os jornais Correo Del Orinoco (que já teve como redator, no século XIX, o brasileiro Abreu e Lima, militar revolucionário pernambucano que lutou ao lado de Bolívar) e Ciudad Caracas, de distribuição. Além disso, Chávez montou programas de fomento e expansão qualificada da mídia comunitária, TV e Rádio, que hoje recebem apoio do sistema financeiro público para a compra de equipamentos, para cursos de formação, para a formação de recursos humanos.
Como Chávez, Lula também é craque em comunicação. Sua inteligência e intuição políticas revelam-se claras pelo modo direto, dialético e persuasivo de comunicar e argumentar. Evidentemente, nem sempre a agenda da democratização da mídia caminha no ritmo esperado ou desejado, sobretudo quando os governos progressistas de Lula e Dilma foram e são, em boa medida, reféns do Congresso, sobretudo para esta pauta da comunicação.
Chávez, merecidamente homenageado nesta edição do Foro de SP, fez alianças transitórias com alguns setores da política venezuelana, mas foi construindo uma maioria parlamentar que lhe possibilitou também medidas mais audaciosas em muitos campos da política, em particular na mídia. Aqui no Brasil esta agenda está tão travada que até mesmo o Ministro das Comunicações se sente no direito de usar as Páginas Amarelas da Veja para insultar a militância petista afirmando, com um raciocínio intelectualmente falso e rude, que regulamentação da comunicação é censura. Censura é como a comunicação funciona hoje, com poucas vozes falando, concentradamente, com a sustentação financeira do próprio governo.
O que é notícia, afinal?
Pena que a TV Brasil, sintonizada num misterioso critério jornalístico, optou por não dar ampla divulgação a esta edição do Foro de SP, que reuniu os partidos da esquerda latino-americana que estão transformando profundamente as estruturas de vários países da região. Será que isto, por si só, não é retumbante notícia? Bolívia, Venezuela e Equador, cujos partidos dirigentes estavam ali representados, não possuem mais analfabetismo! Isto não é notícia? Aproximadamente 3,5 milhões de cidadãos latino-americanos foram salvos da cegueira pela Operação Milagro, por meio de cirurgias gratuitas promovidas por médicos cubanos e venezuelanos. Os partidos que organizaram esta Operação Milagro estavam bem ali, em Sampa… Isto não é notícia? A julgar pelo fato de nem mesmo o importante discurso de Lula foi difundido pela TV Brasil, mas apenas pela Telesur, que transmitiu ao vivo vários momentos do Foro de SP, parece que não era notícia relevante.
Lula abordou vários temas importantes, centrando-se na integração, lembrando que ali estavam os partidos que estão promovendo a integração regional. Citou, por exemplo, a participação brasileira na construção do Complexo Portuário de Mariel, em Cuba, que será o maior porto do Caribe, promovendo um salto na economia cubana e servindo a todos os países da região, alterando, sobremaneira, o comércio internacional para a região, haja vista que o Porto de Havana, atualmente, encontra-se esgotado, superado pelo porte dos novos navios. Tudo isto transmitido, ao vivo, por Telesur,que leva à prática o que Lula dizia no próprio discurso ao elogiar Hugo Chávez. Telesur estava ali realizando, concretamente, a integração informativo-cultural.
Mas, onde estava a TV Brasil? Onde anda a TV Brasil Internacional? Tomei ciência de um comentário de Lula registrando que, em suas viagens por inúmeros os países da América Latina, por onde anda, ele constata que lá está a Telesur. Aqui no Brasil, apenas três resistentes e teimosas TVs Comunitárias retransmitem o sinal da Telesur, a TV Cidade Livre de Brasília, a TV Comunitária do Rio de Janeiro e a TV Floripa, da capital catarinense. Durante o governo de Roberto Requião, a TV Paraná Edcucativa também firmou convênio de cooperação com a Telesur, realizando a nobre tarefa da integração informativo-cultural, tal como inscrito na Constituição Brasileira de 1988.
A Telesur, inaugurada em 24 de julho de 2005, acaba de completar 8 anos de existência. Inicialmente, a então Radiobrás criou um Canal Integración. Sonhamos com uma parceria, com uma cooperação. Esperava-se que convergisse para a aplicação, no plano comunicativo, dos dispositivos constitucionais e, também, da política externa brasileira que vem avançando na linha da integração latino-americana. No campo da comunicação, não é verdade.
Sonegação informativa
Os legados de Chávez, em várias áreas, impulsionando, militantemente, enquanto pode, o Banco do Sul, a Petro Sul, a Petro Caribe, a ALBA, o Banco Alba a Unasul, a Celac e a própria Telesur, fazem parte do elenco de conquistas e obras que Lula reconheceu em Chávez. Lula, por sua vez, também vem impulsionando várias iniciativas integracionistas, entre elas muitas junto com Chávez , mas também a UNILA (Universidade da Integração Latino-americana) e a UNILAB – Universidade da Integração Luso-Africana-Brasileira. O Laboratório de Bio Manguinhos realiza há anos uma importantíssima parceria com o Laboratório Finley, de Cuba, para a produção de milhões de doses de vacinas contra a malária para distribuição na África, a preços 90 por cento inferiores aos preços do mercado internacional. Essa é uma notícia retumbante mente desconhecida aqui no País, mas Telesur a divulgou. O Brasil também tem colaborado com Cuba em matéria de saúde no Haiti. Tudo isto prova que há muita coisa caminhando em matéria de integração. Mas, também prova que não há explicação razoável para que os dois governos, Lula e Dilma, não tenham avançado na integração informativo-cultural, com parcerias amplas com a Telesur. Aliás, há um convênio firmado entre TV Brasil e Telesur, mas não é colocado em prática. Recentemente, criou-se uma união das agências publicas de notícias da América Latina, o que deve ser saldado. Torna ainda mais incompreensível que estas parcerias não cheguem à Telesur, que está totalmente aberta à cooperação.
Construir nossa própria mídia
Mas, a intenção original deste artigo, refere-se à proposição que Lula fez neste discurso transmitido pela Telesur, para que as forças populares tenham a sua própria mídia. “Paremos de reclamar, usemos os instrumentos que existem, a internet e as redes sociais” foi, em resumo o chamado de Lula. Ele também externou sua preferência pelo campo digital, em relação ao impresso.
Ocorre que, enquanto a agenda da regulamentação da comunicação estiver travada no Governo e o no Congresso- hostilizada , injustificadamente, até por ministros petistas – as iniciativas que as forças progressistas podem adotar, hoje, para construir uma mídia popular, sem necessidade de mudar a Constituição, estão no campo impresso, combinadamente com o campo digital. Não há contradição, nem se excluem a comunicação impressa e a digital. Elas se complementam. Quando nasceu o rádio, disseram que o jornal ia acabar. Quando nasceu a televisão, também disseram que o rádio e o jornal iriam se acabar. Como vemos hoje, eles se complementam cada vez mais. E em seu mais recente congresso mundial, a Federação dos Editores de Jornais, os magnatas da mídia, informou que o número de exemplares de jornal impresso tem se elevado. Sobretudo, com o advento dos jornais de distribuição gratuita, uma modalidade que vemos, de forma expandida, também aqui no Brasil também.
Oportunidade histórica
Se não tomarmos, as forças populares, os intelectuais, jornalistas, pensadores, lutadores, uma medida para a organização de uma iniciativa de mídia impressa e digital, para fazer jornalismo transformador, como hoje ocorre na Argentina, Bolívia, Equador, Venezuela, Uruguai e Nicarágua, estaremos perdendo uma grande oportunidade histórica. Primeiro porque, aqui no Brasil há 50 por cento de capacidade ociosa da indústria gráfica e o país registra uma das taxas de leitura de jornal mais baixas da América Latina, perdendo para a Bolívia. Além disso, o jornalismo empresarial, convencional, vinculado ao capital, está em fase decadente, com jornais fechando ou perdendo a tiragem e a credibilidade, simultaneamente. É um momento excepcional para um jornal popular “pegar na veia do povo”!!
Vice-versa, a inexistência de qualquer veículo em papel impresso e de ampla circulação que faça o contraponto das políticas conservadoras que tentam a todo custo reduzir a pó (pelo menos midiaticamente) as conquistas dos governos progressistas dos últimos dez anos e difundir falsa propaganda de “crise”, “caos” e “estagnação” claramente orientada à renovação conservadora do poder político, conduz um enorme público potencial a ficar refém da manipulação de redes sociais orientadas e projetos de engenharia social que tendem a negar ou invisibilizar as inquestionáveis conquistas sociais. Se se fala em pluralismo informativo, deve-se garantir a “par conditio”, condições iguais no embate informativo, hoje totalmente assimétrico em favor da mídia privada e muitas vezes, golpista.
Em todos esses países hermanos citados acima, o jornalismo de missão pública, refletindo o pensamento das forças progressistas que apoiam os respectivos processos de transformações em cada um destes países, é impresso e digital. Não é um contra o outro. São os dois juntos. Assim como não podemos nos dar ao luxo de deixar os magnatas da mídia acabarem com a Voz do Brasil, a experiência com a tecnologia oriental mas sistematizada pelo alemão Guttemberg, a imprensa, ainda é praticamente inacessível à grande massa do nosso povo. Mas, aqui estamos falando, sobretudo, de jornalismo, que é diferente de bloguismo. Sendo salutar, o bloguismo não substitui a necessidade de fazer jornalismo transformador, de missão pública.
Jornalismo e Bloguismo
Um exemplo do jornalismo que faz toda a diferença é o vigoroso trabalho de pesquisa e reportagem que a equipe de jornalistas dirigida por Raimundo Pereira fez para demonstrar que são carentes de provas as acusações lançadas pelo STF, para condenar dirigentes do PT por suposto desvio de dinheiro público, do Visanet, que é um fundo privado. Esta montagem só pode ser revelada, com exaustivo trabalho de jornalistas tarimbados, experientes, com pesquisa sistemática, revelando até que uma auditoria interna no Banco do Brasil não apontou irregularidade. O que, por outro lado, escancara o inusitado comportamento de uma instituição como o BB, que optou por não se defender das infundadas acusações que recebeu da mídia e em declarações de autoridades do judiciário. Imaginemos, então, se tivéssemos uma equipe de centenas de jornalistas, espalhados por todo o território nacional, funcionando como uma orquestra, afinada, no compasso, com uma linha editorial democraticamente elaborada e destinada a revelar o novo que já está surgindo no Brasil vai pouco a pouco vencendo situações extremas de miséria e pobreza, quanto não poderíamos fazer! Seria um novo marco no jornalismo brasileiro, uma nova ideologia da notícia, sem dúvida! Imaginem um esforço concentrado de reportagem para revelar os indecentes privilégios dos ricos no Brasil, dos rentistas que vivem a sabotar as políticas públicas, como as cotas e o Bolsa Família, mas não pagam IPVA dos seus iates! Relevar didaticamente a vinculação política do discurso do suposto descontrole da inflação e da pressão pela alta dos juros, com o interesse de sabotar as políticas econômicas que visam fortalecer os investimentos na expansão produtiva. Como seria didático e politicamente educativo. Mas, hoje, pelas opções da Secom, estamos tomando uma surra por dia nesta batalha midiática tão decisiva politicamente.
A derrota informativa
Neste exato momento, existem 814 hospitais sendo construído sou reformados em todo o Brasil, e esta informação não circula, e não se dialoga com os manifestantes que reivindicam “saúde padrão Fifa”. Para o PT, o governo e as forças progressistas que o sustentam, terem como dialogar com essa juventude rebelada é preciso ter instrumentos de grande alcance, com um pensamento que se elabore no dia a dia. É preciso uma linha editorial que dialogue com o governo, apoiando-o e também criticando, dialeticamente, para que se supere, se corrija e avance quando tem falta de força e coragem. Isso é jornalismo. Durante o governo Lula, aproximadamente 50 mil dentistas foram contratados para o SUS. Esta informação pouco circulou. Agora, quando o governo Dilma pretende, acertadamente, contratar 15 mil médicos em caráter de urgência, até do exterior, para não deixar rolar o “crime social” de deixar parte da população sem assistência, surge uma turbulenta e falsa discussão levantada pelas representações médicas. Contribui, tremendamente, para esta desinformação generalizada, a ausência de um jornalismo popular, de largo alcance, de milhões de exemplares de jornal, distribuídos gratuitamente ou a preços módicos, como em vários destes países citados acima. E, evidentemente, todas estas informações também estariam no formato on-line do jornal. Estamos perdendo a batalha da comunicação, quando temos tudo para ganhá-la!
É preciso estar atento ao fato de que, segundo pesquisas, 80 por cento do conteúdo compartilhado entre os integrantes das redes sociais durante as manifestações de junho, referiam-se a conteúdos produzidos pela grande mídia tão criticada pelos blogueiros e em algumas manifestações. Com um jornal popular, com informações elaboradas provando a possibilidade histórica de um jornalismo como missão pública, teríamos a condição de mostrar a relevância e a urgência de certos programas sociais, como o Mais Médicos, bem como de explicar , didaticamente, o papel desempenhado pelos laboratórios farmacêuticos e pelas transnacionais de equipamentos hospitalares na influência que exercem sobre a categoria médica e sobre um determinada modalidade de medicina.
Rádio Comunitária para o Timor Leste
Ou seja, atendendo o próprio chamado de Lula, façamos a nossa mídia, paremos de reclamar. No dia 11 de julho de 2009, encontrei-me com Lula no Timor Leste. Eu fui portador da entrega de uma rádio comunitária para a universidade timorense, doada pelo Comitê Brasiliense de Solidariedade ao Timor Leste. Por uma destas coincidências da vida, a doação foi feita ao presidente do Timor Leste, Xanana Gusmão, na frente de Lula, em solenidade a ele dedicada. A rádio está instalada em Dili, funcionada normalmente, divulga música brasileira, o idioma português e também promove radio-jornalismo. Se nos chegasse o apoio da Agência Brasileira de Cooperação, teríamos continuado aquela cooperação enviando para lá jornalistas para formar radio-jornalistas e também professores de português. Foi lá em Dili, naquele calor oceânico, que Lula, certamente sensibilizado pelo gesto da doação da rádio, me chamou em particular e disse “Nosso governo tem uma dívida com o movimento das rádios comunitárias e queremos saldar esta dívida. Me procure quando voltar ao Brasil”.
Na semana passada, quatro anos depois, o governo editou uma portaria que permite, finalmente, o acesso das rádios comunitárias à publicidade institucional, sob o egocêntrico protesto dos magnatas da Abert que querem todo o bolo publicitário para as grandes rádios. A Portaria é uma boa medida. Mesmo que tenha demorado. Falta, apenas, incluir as TVs Comunitárias, excluídas pela Lei 12.485, das TVs Pagas, do acesso à publicidade institucional. Como é possível que um estado legalize a atividade das TVs comunitárias, mas, ao mesmo tempo, veda seu acesso à publicidade institucional? Estamos com uma ADIN no STF, simplesmente pedindo isonomia. O governo, que criou uma Secretaria de Economia Solidária, ainda não se deu conta de que a comunicação comunitária é uma expressão de economia solidária. Quanto as TVs e rádios comunitárias poderiam fazer para divulgar, dialogar, informar, fazer cultura, fazer o processo de fruição cultural, cumprir com funções de utilidade pública, se tivessem um mínimo de estrutura, equipamentos e recursos humanos mais bem formados, se não dependessem tanto do voluntariado, do sacrifício de uns poucos? Quanto seria possível cumprir a Constituição em matéria comunicativa, realizando a regionalização, a diversificação e praticando a pluralidade informativa? Isto, sim, está ao alcance do governo.
Cooperativa do Jornal Popular
Um conjunto de forças populares que conseguiu eleger, por três vezes o presidente da república, uma das metas mais difíceis de alcançar na sociedade republicana, também terá condições de realizar a tarefa de construir um jornal popular. Que seja na forma de uma grande cooperativa nacional, reunindo pelo menos 1 mil jornalistas, intelectuais, artistas, pensadores e lutadores sociais. Com projeto claro e viável- já tivemos outros na história do jornalismo brasileiro e internacional – teremos força e autoridade para apresentar projetos junto ao BNDES, banco público que já se mostrou aberto ao apoio creditício a outras grandes empresas de mídia. Essa cooperativa, além de produzir jornal impresso e, obviamente, on-line, deve ter também a função de criar uma outra escola de jornalismo, um jornalismo não refém da cartilha de mercado, mas um jornalismo com capacidade de ler, interpretar e dialogar com uma sociedade e um povo em transformação.
Hoje, constata-se uma contradição de efeitos negativos, ainda não plenamente dimensionados: os milhões de brasileiros que ingressaram no mercado de trabalho formal, no mercado de consumo, no mundo do estudo, dos serviços públicos, elevam-se em aspirações e exigências, mas , ante a ausência de um canal de diálogo cidadão, libertador, emancipador, culturalmente questionador e elevado, permanecem prisioneiros de um diálogo com o padrão de rebaixamento cultural-estético das Xuxas e Faustões da vida. Esse é o nosso desafio: dialogar com estes milhões, no dia a dia, não apenas em momentos eleitorais. Quantos fundos de pensões, que aplicam seus recursos diversificadamente, não poderiam também participar da construção desta empreitada cooperativa, juntamente com entidades dos trabalhadores.
Desafio
Certamente, o chamado de Lula para construirmos nossa própria mídia implica reconhecer o papel decisivo, e ativo, que ele mesmo pode ter na montagem desse novo jornalismo cidadão. Assim como Chávez (criou a Telesur e vários jornais populares), Evo Morales (criou o jornal Cambio e uma rede de rádios indígenas e campesinas), Rafael Correa (criou a TV pública, o jornal público, e a nova lei democrática de mídia) e Cristina Kirchner ( criou a nova lei de mídia, apoiou a criação da Rádio das Madres Plaza de Mayo, recuperou a TV Nacional criada por Perón, criou a TV digital pública e gratuita com canais como a Telesur, canais infantil, desportivos, educativos, além de jornais populares), Lula , que criou a TV Brasil, a TVT e reabilitou a Telebrás (hoje paralisada pelo Minicom), seria nosso presidente de honra também nesta Cooperativa do Jornalismo Popular. Uma conferência, um encontro nacional, deveriam ser convocados para discutir o formato, os estatutos, as filiações, a sustentação financeira, etc. Curioso que jamais um congresso nacional de jornalistas se dispôs a discutir uma proposta desta magnitude, não?
O papel de Lula é central, assim como foi importante o papel de Vargas na criação da Rádio Nacional, da Rádio Mauá (emissora pública educativa com programação destinada aos trabalhadores, com redatores como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meirelles, Nestor de Hollanda), na criação do Instituto Nacional do Cinema Educativo (com os geniais Roquete Pinto e Humberto Mauro), e, finalmente, o jornal Última Hora, diário popular e nacionalista, que marcou uma época de ouro no jornalismo brasileiro, agora, temos , creio, o direito de sonhar que Lula nos convoca e nós também o convocamos a liderar mais esta iniciativa de mídia popular para… continuar mudando o Brasil.
Se foi possível às forças de esquerda eleger três vezes seguidas presidente da república, como não será possível organizar nossa própria mídia, um jornalismo popular, impresso e digital? Mas, enquanto isso, permanece sem explicações e justificativas, a falta de uma parceria efetiva brasileira com a Telesur, fazendo com que a política de integração latino-americana seja também praticada no campo da integração informativo-cultural.
Beto Almeira. Jornalista, membro da Junta Diretiva da Telesur.
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