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03/09/2014
Jovens, vocês querem mesmo Marina?
por Gilson Caroni Filho, especial para o Viomundo
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A simples leitura do programa de governo de
Marina da Silva que, como todos sabem, foi escolhida pela “providência
divina” e os acontecimentos recentes envolvendo as alterações no seu
programa partidário permitem levar ao eleitorado jovem pontos
fundamentais que revelam a natureza extremamente conservadora. Comecemos
pelas questões macroeconômicas:
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1) Marina pretende dar autonomia ao Banco
Central, o BC. O que significa isso? Entregar o banco ao mercado
financeiro. Não por acaso conta com o apoio de banqueiros em sua
campanha.
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2) No documento, consta que políticas fiscais
e monetárias serão instrumentos de controle de inflação de curto prazo.
Como podemos ler este ponto? Arrocho salarial e aumento nas taxas de
desemprego.
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3) O programa ainda menciona a diminuição de
normas para o setor produtivo. Os mais açodados podem pensar em menos
carga tributária e burocracia para as empresas. Não, trata-se de reduzir
encargos trabalhistas com a supressão de direitos que facilitem as
demissões.
Há muito que a burguesia patrimonialista pede o fim da multa rescisória de 40% a ser paga a todo trabalhador demitido sem justa causa. O capital agradece.
Há muito que a burguesia patrimonialista pede o fim da multa rescisória de 40% a ser paga a todo trabalhador demitido sem justa causa. O capital agradece.
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4) Redução das prioridades de investimento da Petrobrás no pré-sal. O que significa? Abrir mão de uma decisão estratégica de obter investimentos para aplicar na Saúde e na Educação.
Isso, meus amigos mais jovens, é música para hospitais privados, planos de saúde e conglomerados estrangeiros que atuam na educação. O que o grupo Galileo fez com a Gama Filho e Univercidade , aqui no Rio, é fichinha perto do que está por vir. Era com uma coisa desse tipo que vocês sonhavam quando foram às ruas em junho do ano passado?
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4) Redução das prioridades de investimento da Petrobrás no pré-sal. O que significa? Abrir mão de uma decisão estratégica de obter investimentos para aplicar na Saúde e na Educação.
Isso, meus amigos mais jovens, é música para hospitais privados, planos de saúde e conglomerados estrangeiros que atuam na educação. O que o grupo Galileo fez com a Gama Filho e Univercidade , aqui no Rio, é fichinha perto do que está por vir. Era com uma coisa desse tipo que vocês sonhavam quando foram às ruas em junho do ano passado?
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5) Em vez do fortalecimento do Mercosul, o
programa da candidata, que ” quer fazer a nova política,” prega o
fortalecimento das relações bilaterais com os Estados Unidos e União
Europeia.Vamos retroceder vinte anos e assistir a um aumento da
desnacionalização da economia latino-americana. É isso que vocês querem?
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6) Meus caros amigos, não sei se foi a
providência divina quem derrubou o avião em que viajava Eduardo Campos.
Mas o que a vice dele, uma candidata que está à direita de Aécio Neves,
lhes oferece é o pão que o diabo amassou. Gosto da vida, gosto da
juventude, mas, agora, cabe a vocês escolher o que desejam enfiar goela
adentro. Não há mais ninguém inocente.
No campo dos costumes, cabem outras indagações. O Partido Socialista Brasileiro, que sempre teve uma agenda progressista, foi criado em 1947..
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Ao ceder a
pressões para lançar a candidatura de Marina da Silva, acabou. No lugar
dele, surgiu um PSB capturado pelo “Rede” da candidata do Criador.
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Pois bem,
bastaram quatro tuitadas do Pastor Malafaia para o partido retirar de
seu programa de governo o casamento civil igualitário. Se em
quatro mensagens por twitter houve um retrocesso desse porte, imaginem
em quatro anos de um eventual governo do consórcio Itaú-Assembléia de
Deus.
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Descriminalização do aborto? Esqueçam. Descriminalização dos
usuários de drogas? Nem pensar. No mínimo, procedimentos manicomiais
para os dependentes. Pensem nos direitos conquistados pelas mulheres nos
últimos anos sendo submetidos ao crivo de dogmas medievais.
Nos homossexuais como anomalias apenas “toleradas”, jamais como sujeitos de direitos.
Nos homossexuais como anomalias apenas “toleradas”, jamais como sujeitos de direitos.
Sim, pois vislumbramos uma religião se transformando em política de Estado.
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É isso que
vocês querem para o país? É isso que vocês querem para suas vidas e a
dos filhos que vierem a ter? Em caso afirmativo, chamem Torquemada e me
avisem: não quero ver ninguém ardendo em fogueiras. Tudo é força, mas só
Malafaia é poder. Não acredito que vocês desejem isso.
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Melhor, não quero acreditar.
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Melhor, não quero acreditar.
Gilson
Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso
(Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do
Brasil.
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