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28/09/2014
Gilson Caroni Filho: Veja produziu um tiro de espoleta
Do Viomundo - publicado em 27 de setembro de 2014 às 18:29
Jovens, chegou a hora!
por Gilson Caroni Filho, via e-mail
Não costumo
comentar pesquisas, mas a de ontem, do Datafolha, me obriga a abrir uma
exceção. Dilma cresceu nas pesquisas com intenções de voto que migraram
de Marina para ela. Os analistas da grande imprensa rapidamente
arrumaram uma explicação: “a candidata da Rede perdeu votos nos extratos
mais pobres”. É o desejo se confundindo com a análise. É a tentativa de
ocultar o mais significativo: parcela da juventude que estava com
Marina da Silva entendeu que ela nada mais é que “a velha direita”
disfarçada de “nova política”. Mas vocês, jovens que são, sabem o que é
velho, mesmo que o disfarce tenha maquiagem da grande mídia.
Tentaram
instrumentalizá-los nas suas legítimas manifestações de junho do ano
passado. Mas ali, com o apoio inestimável da Mídia Ninja, vocês
começaram a entender que queriam transformá-los em massa de manobra para
interesses reacionários. Pregavam ódio à política.
No primeiro momento,
vocês até que se confundiram ao gritar “não à política”. Mas com o
tempo, afirmaram, mais uma vez, que só se aprende na ação, se deram
conta de que a alternativa que lhes propunham era dizer sim a uma
imprensa, que abandonou o jornalismo, para virar panfleto partidário do
PSDB.
A opção que
lhes ofereciam era deixar tudo com o mercado e ficarem brincando com
celulares, aplicativos e joguinhos. E foi aí, mostrando que não se
deixariam infantilizar, que se deu o que chamarei de “a grande recusa”:
vocês estão começando a vida, mas não são mais crianças. São jovens
cidadãos que não estão acorrentados ao cabresto dos fetiches. Conheceram
as ruas e entenderam que é nela que se faz a grande política.
Confesso que na
minha juventude era muito mais fácil optar por um caminho. As coisas
eram claras ou escuras, pois vivíamos sob uma ditadura brutal. Para
vocês, foi mais difícil: vivemos uma crise de representação e todos se
dizem democratas, velhos corruptos falam de uma indignação que não
sentem e escravocratas resolveram posar de vestais da República.
Mostrando
discernimento, aprenderam a ler a grande imprensa e passaram a
ignorá-la. A edição da revista “Veja” desta semana é um exemplo.
Prometeu um “tiro de prata” e produziu uma matéria patética, um tiro de
espoleta que evidencia a tarefa dos estudantes jornalismo: recriar a
imprensa, pois a que aí está jogou sua credibilidade no ralo.
Por fim, e isso foi maravilhoso,
compreenderam que nada é mais novo e revolucionário do que dar
continuidade a três governos que reduziram substancialmente as
desigualdades com políticas de inclusão. Nada é mais importante do que
continuar tirando milhões de pessoas da miséria, dando-lhes condições de
frequentar uma escola e, posteriormente, ingressar em uma faculdade.
Vocês, mais do que eu, sabem como é rica a convivência, em ambiente
acadêmico, de pessoas de classe média alta com jovens oriundos de
comunidades carentes. Como o a gente aprende com isso, como vencemos
preconceitos. E é isso que faremos juntos: continuaremos vencendo
preconceitos e construindo um mundo novo.
Em vários
artigos os concitei à reflexão. Hoje é diferente. Venho aqui para
externar meu orgulho pelos jovens que não se renderam ao discurso do
ressentimento, do ódio de classe reproduzido pela mídia, por algumas
escolas, igrejas e alguns professores portadores de discursos
pseudomodernos.
Meu orgulho é como pai, avô e professor. Seguiremos unidos até a vitória. Um grande abraço.
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