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25/09/2014
Discurso de Dilma na ONU revolta direita brasileira
Brasil 247 - 25 de Setembro de 2014 às 06:39
O discurso da presidente Dilma Rousseff na
abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas conteve verdades óbvias,
mas inconvenientes; diante dos líderes mundiais, ela teve a coragem de
dizer que mais violência, como os bombardeios aos países onde se
escondem militantes do Estado Islâmico, irá gerar mais violência; "O uso
da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso
está claro na persistência da Questão Palestina, no
massacre sistemático do povo sírio, na trágica desestruturação nacional
do Iraque", disse ela; no entanto, para a mídia brasileira, com destaque
para o Globo, Dilma foi quase confundida com uma militante jihadista
disposta a decapitar cabeças; segundo Merval Pereira, discurso de Dilma
produziu nele o sentimento de "vergonha alheia"; o que dizer então do
Globo?
247 - Há tempos um
discurso presidencial não irritava tanto a direita brasileira, como
aconteceu nesta quarta-feira. Em Nova York, ao abrir a Assembleia-Geral
das Nações Unidas, a presidente Dilma Rousseff teve coragem para
enfrentar um tema sensível, no momento em que países do Ocidente, tendo
os Estados Unidos à frente, lideram uma nova ação militar contra países
como Síria e Iraque, onde se escondem militantes do Estado Islâmico. De
acordo com a presidente Dilma, uma nova onda de violência, que não
enfrente a raiz dos problemas, irá apenas gerar uma escalada ainda maior
de violência.
Eis o que disse a presidente Dilma sobre a questão:
Não temos sido capazes de resolver velhos contenciosos nem de impedir novas ameaças. O
uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos
conflitos. Isso está claro na persistência da Questão Palestina; no
massacre sistemático do povo sírio; na trágica desestruturação nacional
do Iraque; na grave insegurança na Líbia; nos conflitos no Sahel e nos
embates na Ucrânia. A cada intervenção militar não caminhamos para a Paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos. Verifica-se
uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas
humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de
barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos,
morais e civilizatórios. O Conselho
de Segurança tem encontrado dificuldade em promover a solução pacífica
desses conflitos. Para vencer esses impasses será necessária
uma verdadeira reforma do Conselho de Segurança, processo que se arrasta
há muito tempo. (...) Um Conselho mais representativo e mais legítimo poderá ser também mais eficaz. Gostaria
de reiterar que não podemos permanecer indiferentes à crise
israelo-palestina, sobretudo depois dos dramáticos acontecimentos na
Faixa de Gaza. Condenamos o uso desproporcional da força, vitimando
fortemente a população civil, especialmente mulheres e crianças. Esse
conflito deve ser solucionado e não precariamente administrado, como
vem sendo. Negociações efetivas entre as partes têm de conduzir à
solução de dois Estados – Palestina e Israel – vivendo lado a lado e em
segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas.
Dilma disse o óbvio. A escalada da violência irá produzir, apenas, mais violência.
No entanto, para a imprensa brasileira, com destaque para o jornal O Globo, a presidente Dilma foi tratada quase como uma militante jihadista do Estado Islâmico, pronta para decapitar cabeças.
Na capa, duas chamadas para seus "autoelogios", como se o discurso fosse uma peça de campanha política, e para o fato de ela não se opor "à atuação contra o Estado Islâmico". A imagem principal, de um Barack Obama focado, também já denota o alinhamento ideológico da família Marinho.
Internamente, o editorial "Palanque em Nova York" acusou a presidente de usar o "vestido vermelho PT" na ONU e de se colocar ao lado de "sectários muçulmanos, que adotam costumes medievais". Na coluna "Uso indevido", Merval Pereira disse ter sentido "vergonha alheia" pelo discurso de Dilma.
Por fim, houve espaço para um artigo do embaixador Luiz Felipe Lampreia, que foi embaixador no governo FHC, afirmando que, com discursos como o de ontem, o Brasil fica cada vez mais distante de tornar-se membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O fato é que, no entanto, enquanto esteve alinhado aos Estados Unidos, o Brasil jamais teve suas pretensões diplomáticas levadas a sério.
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Diante do senário internacional a ONU é mais um organismo desacreditado cuja utilidade é apenas para legitimar as barbáries americanas contra outros povos.
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