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07/03/2015
Randolfe Rodrigues: Impeachment de Dilma, a essa altura, é inaceitável; Brasil precisa de reforma política sem Renan e Cunha
Viomundo - publicado em 07 de março de 2015 às 11:57
Assim não dá, assim não pode
Por Luiz Carlos Azenha
Ainda que as contas da campanha de Dilma Rousseff em 2010 sejam investigadas, no inquérito envolvendo o ex-ministro Antonio Palocci, que atuou como tesoureiro, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) acredita que falar em impeachment da presidenta, neste momento, é inaceitável.
“O sistema político brasileiro é que tem de passar por reforma. O argumento do impeachment [de Dilma], a essa altura, é inaceitável. Na investigação o presidente nacional do PSDB [Aécio Neves] também foi citado. Tem um senador do PSDB [Antonio Anastasia] citado, da mesma forma. Tem os presidentes das duas Casas. Impeachment em que direção? Para deixar o governo na mão do PMDB a essa altura?”, perguntou Randolfe neste sábado durante entrevista ao Viomundo.
Segundo ele, o que precisa mudar é o sistema de financiamento de campanha, “que favorece e incentiva” a corrupção, que “é corrupto na natureza e essência”.
O Supremo Tribunal Federal, por 6 votos a 1, baniu o financiamento privado de campanhas eleitorais, mas o ministro Gilmar Mendes pediu vistas do processo e está sentado sobre ele há 306 dias.
Seria uma manobra para ganhar tempo e permitir a aprovação da PEC 352, antes da decisão definitiva do STF.
Em andamento no Congresso, a PEC 352, ou emenda Vaccarezza, permitiria às empresas continuarem financiando campanhas.
O ex-deputado petista Cândido Vaccarezza está na lista dos que serão investigados por suposto envolvimento no escândalo da Petrobras.
Randolfe acredita que qualquer reforma política feita sob Renan Calheiros e Eduardo Cunha, presidentes do Congresso e da Câmara — ambos sob investigação — ficará comprometida.
Para Randolfe, um exemplo da atuação “casuística” do presidente da Câmara se viu recentemente, na aprovação da medida que dificulta a criação e restringe a fusão de partidos.
Logo depois de assumir, Eduardo Cunha uniu-se a partidos de oposição para aprovar o projeto, que passou na Câmara e em seguida no Senado.
O objetivo teria sido evitar a criação, pelo ministro Gilberto Kassab, do Partido Liberal, para o qual migrariam parlamentares do PSD e de outras siglas.
O novo partido poderia oferecer ao Planalto uma alternativa ao PMDB.
Para Randolfe Rodrigues, Eduardo Cunha “não tem mais condição moral de estar à frente [da Câmara]“.
O presidente da Câmara, diga-se, é ferrenho opositor do financiamento público de campanhas.
O senador do PSOL considera “absurdo, inadequado e descabido” o fato de o PMDB ter entrado com representações contra seus colegas de partido Ivan Valente (PSOL-SP) e Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) no Conselho de Ética da Câmara.
No início da semana, ambos protestaram contra a decisão do presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB) de indicar quatro sub-relatores sem consultar os demais integrantes da comissão.
Motta é aliado de Eduardo Cunha. O presidente da Câmara estaria manobrando a CPI para extrair concessões e/ou acuar o governo Dilma. Ele já opinou que acredita que Valente e Edmilson quebraram o decoro parlamentar ao bater boca com Motta.
O PSOL pediu o afastamento da CPI de deputados que receberam financiamento de empresas citadas na Operação Lava Jato. As empreiteiras investigadas doaram R$ 50 milhões a 243 integrantes do Congresso na mais recente campanha eleitoral (41% do Congresso).
Da CPI da Petrobras, receberam doações Otávio Leite (PSDB-RJ), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Paulo Pereira da Silva (SD-SP), Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Julio Delgado (PSB-MG) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Além disso, dois deputados da comissão serão investigados pelo STF por suposto envolvimento no escândalo da Petrobras: Lázaro Botelho (PP-TO) e Sandes Júnior (PP-GO).
Para Randolfe Rodrigues, “é um inversão completa de valores” levar deputados do PSOL ao Conselho de Ética, quando isso deveria ser feito “com os citados na Lava Jato”.
O senador do PSOL defende que os parlamentares não citados na lista do procurador-geral Rodrigo Janot se unam para retomar o controle do Congresso.
“O sistema político brasileiro não pode tratar isso como se nada estivesse acontecendo”, afirmou. “Acho que imediatamente [Renan Calheiros e Eduardo Cunha] deveriam se afastar de suas funções. Não é possível que o terceiro na linha de sucessão esteja sendo investigado e ao mesmo tempo dirija a Câmara dos Deputados”, concluiu.
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Clique abaixo para ouvir a íntegra da entrevista:
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