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09/03/2015
Primeira avaliação da lista de Janot
Dilma ganhou, Eduardo Cunha tomou um golpe na testa mas investigação sobre Palocci pode ser tentativa para Lava Jato chegar a Lula
Paulo Moreira Leite - 8 de março de 2015
Quarenta
e oito horas depois da divulgação da Lista de Janot, ainda é cedo para
um balanço definitivo sobre seu impacto político.
O fato é que Dilma deixou de ser alvo para qualquer investigação, o que irá esvaziar o movimento golpista escondido por trás da palavra “impeachment.” A presença majoritária de políticos do Partido Popular nas revelações da delação premiada modifica a discussão sobre a Lava Jato. Trata-se, mais do que nunca, de uma denúncia contra aliados do governo, que deram continuidade ao esquema criado por José Janene em torno de Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff, rearticulado depois da morte do deputado-tesoureiro. A participação de petistas no esquema, se for demonstrada, envolve personagens secundários.
A principal novidade, porém, envolve Eduardo Cunha. O novo presidente da Câmara, adversário agressivo do Planalto, tomou um golpe da testa. Não há motivo para condenações apressadas. Mas a denuncia trazida pelo PGR irá exigir explicações detalhadas e complexas, como se pode compreender pela leitura do Globo de hoje, que descreve Eduardo Cunha envolvido numa clássica operação de criar dificuldades para receber facilidades, inclusive com ajuda de parlamentares próximos.
Ocupado em atacar o governo de qualquer maneira, inclusive quebrando rituais na definição de subrelatorias na CPI da Petrobrás, numa truculência acima de qualquer padrão de convivência democrática entre maioria e minoria, Cunha muda de posição no jogo. A partir de agora terá,prioritariamente, de cuidar da própria sobrevivência política.
Nem tudo está resolvido, porém. Ao aceitar uma acusação contra Antonio Palocci — desmentida pela testemunha mais importante –, Rodrigo Janot abriu uma porta que pode permitir a Sérgio Moro chegar a Lula. Sem direito a foro privilegiado, Palocci pode ser investigado em primeira instancia, em Curitiba. A pergunta é saber se terá seus direitos de defesa respeitados ou se será submetido ao regime de prisão preventiva e delação premiada, numa repetição do escandaloso exercício para arrancar confissões e acusações de qualquer maneira. Também é de se perguntar qual postura o ministro Teori Zavaski, que assume o caso definitivamente, terá diante disso.
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